Capítulo 11 - Zachary

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Eu me senti um tolo ao não ter um nome para informar à atendente do hotel. Ela só não me olhou como se eu fosse um louco ou tarado porque eu estava muito bem vestido. Tinha colocado um terno azul-marinho, um dos únicos realmente caros que possuía, já que não era fã de tamanha formalidade e estava apresentável para participar de uma reunião para a qual não fora convidado.

Sinto muito – lamentou-se e pude ver que realmente sentia. Mulher adora romance e, por algum motivo, achou que aquela procura era digna de um homem apaixonado – Só pelas características não consigo dizer realmente de quem se trata.

Tudo bem, eu agradeço sua atenção – fui sincero, pois vi o interesse dela em ajudar e isso não tinha nada ver com um possível flerte.

Olhei no relógio e para que minha segunda viagem não resultasse inútil também, saí de lá o mais rápido possível, indo para o hospital.

Em menos de trinta minutos estava lá, diante da sala do diretor, achando estranho o fato de a secretária não se encontrar. Por duas vezes fui até a porta e toquei na maçaneta, contudo não tive coragem de abri-la. Ao invés disso, cruzei os braços e permaneci em pé, sem conseguir me sentar, sabendo que meu futuro estava sendo discutido ali dentro.

O diretor Eckhart não escondeu a surpresa quando saiu e me viu. É claro que ele desaprovou. O advogado do hospital, Maximilian Stamford, fez um gesto para que eu permanecesse calado, logo entendi o porquê, atrás deles estava outro homem empertigado. Com certeza o advogado da outra parte, a que desejava a minha cabeça em uma bandeja. O diretor despediu-se dele o mais formal possível e Max, como todos o chamavam, levou-o até o elevador, onde ainda trocaram algumas palavras, antes que o elevador chegasse.

Posso saber o que faz aqui, Dr. Chandler? – o diretor perguntou, assim que as portas do elevador se fecharam.

Vim saber da minha situação. Não quis acreditar que discutiriam a minha suspensão sem a minha presença, mas vejo que me enganei – não escondi minha indignação.

Você causou uma grande dor de cabeça ao hospital, logo não acho que a sua presença ajudaria aqui – afirmou de modo duro – Pode ser um ótimo médico, mas não lida bem com as palavras.

Sou um profissional, nunca cometi um erro sequer. Minhas palavras não demonstram quem eu sou – protestei.

Podem não demonstrar, mas causam um estrago e tanto.

Cavalheiros! – Max nos interrompeu – Eu sei que têm muito a discutir, mas não é o momento – olhou no relógio – Stevie – dirigiu-se para o diretor – Faltam cinco minutos para que o filme comece.

Filme? Do que diabos ele estava falando? Não entendi, mas não ia deixar que a droga de filme fizesse com que eu deixasse de falar tudo o que tinha para dizer. Não tinha estudado tanto para uma mulher qualquer estragar tudo.

Um filme é mais importante do que a minha carreira? – perguntei insolente e o diretor dispensou-me apenas um olhar e saiu andando na frente. Comecei a segui-lo. Max alcançou-me e apanhou em meu braço, para que eu desacelerasse e pudesse falar comigo.

Será que pode ter calma? – pediu-me, assim que me desvencilhei – Se pretende mesmo voltar ao trabalho, sugiro que não o chateie mais – aconselhou-me e eu não entendi – O filme é mais importante do que pode supor. Foi dirigido pela sobrinha dele.

Lindo – zombei – Nepotismo agora no hospital, porque não me lembro de coisa parecida antes. Devo aceitar porque a sobrinha querida dele vai apresentar um filminho.

ELA (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora