Capítulo 2 - Faith

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Qual a probabilidade de, em meio a uma boate cheia e barulhenta, você encontrar o olhar de apenas um homem e ficar presa a ele? Acredito que não deva ser tão alta assim, mesmo porque não tenho frequentado muitos lugares badalados para ter uma resposta concreta. Não sei exatamente onde estava com a cabeça, pois não esperava viver nada parecido com isso.

Só sei que, enquanto dançava, vi o desejo nos olhos daquele homem e tal olhar teve um efeito tão poderoso sobre mim que, pela primeira vez na minha vida, eu me vi sem ação. Será que parecerei extremamente carente se disser que foi bom sentir alguém me desejar tanto? Se for, talvez estejam certos. Não me importa. Fazia algum tempo que não saía e muito mais tempo que ninguém me olhava daquela forma. Quando o olhei novamente, seu olhar ainda estava lá, esperando pelo meu. Despindo-me, desafiando-me a ignorá-lo.

Quando a música acabou,  só tinha uma certeza: era impossível resistir a ele e o pior (ou melhor?),  não queria resistir.

Vou ao toalete e, depois, tomar alguma coisa. Logo, tenham juízo – o DJ colocou uma música eletrônica e, por isso, tive que me aproximar bastante para fazer com que Set e Max me escutassem. Meus amigos são um casal, mas ninguém dessa terra poderia afirmar isso, simplesmente porque não aparentam. Costumo dizer que são o sonho de consumo feminino: altos, fortes, bonitos e sem o menor indício de que sejam gays. Chamam atenção, principalmente quando estão vestidos como hoje, de maneira mais casual. As mulheres se lançam sobre eles, o que é um pouco constrangedor e um bocado engraçado, quando se considera a cara de incredulidade delas ao descobrirem. Rio, porque já nutri uma paixão platônica por Seth e sei exatamente como se sentem.

Juízo é o meu sobrenome – Seth sorri – Nós vamos dançar mais um pouco – sei que ele está ali atendendo ao meu pedido e, por esse motivo, fico feliz em saber que esteja se divertindo.

Se bem que você está com uma expressão estranha, Faith – Max me diz num tom preocupado – Cuidado! – ele me conhece tão bem que, às vezes, parece ler meus pensamentos. Sorrio e balbucio um "não se preocupe", antes de me afastar.

Caminho sem olhar para trás, sei que ainda sou observada. Não é sempre que me visto para matar, como hoje, e quando o faço, consigo surtir o efeito que espero. Já havia recebido alguns olhares de outros homens, no entanto nenhum com tamanha intensidade, capaz de me despertar tanto interesse.

Não, não foi sua pele morena ou seus olhos levemente puxados que me atraíram, foi algo que não sei explicar. Apenas senti. Aquele homem sentado a poucos passos da pista pareceu-me muito seguro de si, quase arrogante, com o queixo levemente erguido, estudando a pista como se fosse superior. Por mais que odeie essa atitude, fui puxada para ele como um ímã.

Caminhei até o toalete, torcendo para não estar louca, desejando ter sido seguida. Fiquei parada ali até ele aparecer, surgindo pouco depois, caminhando com segurança.

Com a proximidade, foi possível perceber que ele é muito bonito. Descobri que os olhos, que vi de longe, eram verdes escuros e ele os manteve em mim, sem dizer uma palavra sequer. Esboçou um sorriso e o momento foi quebrado por uma garota que saiu do toalete. Por pouco ela não esbarrou em mim, porém, nem isso fez com que nossos olhares se perdessem. Assim que ela sumiu pelo corredor, fiz um sinal com a mão para que ele se aproximasse.

Devo estar enlouquecendo, só pode ser. Quando se aproximou, foi impossível não sentir o cheiro bom de sua pele e, antes que ele tivesse qualquer reação ou dissesse algo e quebrasse o momento, puxei-o para o banheiro. Apesar de ser grande, consegui trancar a porta, quase o abraçando. Eu que tomei a iniciativa, puxando-o para mim, cravando as minhas unhas em suas costas, adorando a sensação de um corpo malhado nelas. Em seguida, beijei-o com toda vontade, como se aquele fosse o último dia da minha vida. É muito bom estar no controle; se soubesse como a sensação é boa, teria ficado no comando mais vezes.

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