Capítulo 4 - Faith

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Eu deveria esganar vocês dois – comentei, fingindo estar nervosa, assim que abri a porta e me depararei com Max e Seth. Havia levantado a pouco da cama e, se não soubesse que eram os dois, teria hesitado em abrir a porta como estava, pois a minha aparência não recordava o glamour de duas noites passadas – Além de me abandonarem, só aparecem aqui hoje! E se eu não tivesse chegado bem em casa? E se eu tivesse sido vítima de algum louco? Que amigos são vocês, afinal?

Deveria falar bom dia primeiro, Faith, afinal está uma bela segunda-feira – Seth sugeriu, com um sorriso encantador, enquanto Max beijava o meu rosto, pegando levemente em minha cintura, antes de entrar – E sobre sua alegação, é claro que nos arrependemos de tê-la deixado, mas eu liguei no hotel para saber se tinha retornado, só não quis lhe incomodar.

E quanto à boate, tentamos avisar – Max completou, assim que eu fechei a porta – Só que eu não lhe encontrei no bar e nem em parte alguma. Logo, imaginei que estivesse fazendo coisa melhor.

Eu sorri sem graça ao me recordar do quão melhor era o que estava fazendo e percebi o olhar dos dois homens no meu rosto, senti minha face queimando diante da observação.

Estou detectando algo bem sujo aqui – Seth sorriu, provocando-me e, abrindo alguns botões do paletó para sentar-se no sofá – Concorda comigo, Max?

Pelo jeito como ela está corada, tenho que concordar – Seth concluiu, fazendo o mesmo gesto e alojando-se ao lado do parceiro.

Deixem de bobagem – protestei, virando-me apressadamente para apanhar algo para matar minha sede e os dois seguiram-me com os olhos – Deveriam estar me dando explicações e pedindo desculpas, não levantando suspeitas a meu respeito! Querem algo para beber? – perguntei, abrindo o frigobar e apanhando uma garrafa de água.

Não – Seth respondeu pelos dois, enquanto eu apanhava um copo e despejava parte do líquido nele – Uma briga rápida, foi o que nos fez sair de modo intempestivo, desculpe-nos.

Rápida? Duvido. Quem teve uma crise de ciúme dessa vez? – olhei para eles, sorrindo vitoriosa ao saber que havia acertado e comecei a caminhar de volta para a sala. De repente, não sei exatamente como, o copo escorregou da minha mão e se espatifou no chão. Como estava descalça, por pouco não cortei o pé. Imediatamente, Seth e Max estavam ao meu lado, questionando-me se estava tudo bem – Só foi um copo, calma – esforcei-me para acalmá-los e os dois me olharam desconfiados, antes de acreditarem.

Por pouco não se corta – Seth me repreendeu como se eu fosse criança – Será que não podia colocar um sapato de vez em quando?

Vocês sabem que gosto de ficar descalça dentro de casa – dei de ombros, aquela não era a minha casa, mas eles me entenderam.

Sim, esses seus lances esotéricos de sentir a energia dos lugares – Max zombou, abaixando-se para apanhar os cacos. Era estranho ver um homem tão bem trajado, num gesto daqueles.

Não precisa fazer isso, Max – tentei impedi-lo, mas ele não me escutou e, para completar, Seth, como se eu não pesasse nada, e sem que eu pudesse reagir, apanhou-me no colo e levou-me para o outro lado, para se assegurar que eu não me cortasse e nem atrapalhasse Max.

Vocês são superprotetores – indignei-me – E totalmente autoritários.

Natural, você está sob a nossa tutela – Max me lembrou, caminhando pelo apartamento, à procura de um lugar para se livrar dos cacos de vidro.

ELA (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora