21.

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A ida à praia foi bem melhor do que Valerie estava a pensar, sentia realmente saudades de ir à praia, não é que fosse muito lá, mas sempre que ia era tão bom e tão divertido. Além disso ela adorava o cheiro do mar, aquele cheiro que se impregnava no ar e nos fazia ter a sensação que tínhamos o verão mesmo no nosso nariz.

A praia estava quase vazia às horas que eles foram e isso foi ainda melhor, pois sentiam-se mais seguros e com menos receio de serem apanhados. Ashton tentou convencer Valerie a deixá-lo fumar e depois de muito protestar ela lá acabou por ceder. Fazendo-o prometer que apenas fumaria um cigarro. Ultimamente ambos prometiam muitas coisas um ao outro, como se isso os protegesse de todas as coisas más que eles faziam a si próprios. Como se as promessas evitassem que Valerie se tentasse matar e como se as promessas evitassem que Ashton estragasse toda a sua vida, que neste momento já não era nada demais.

Os dias iam passando, primeiro um, depois outro, e ainda mais outro. Ashton e Valerie já tinham até perdido a conta ao número de dias que tinham passado desde que tinham fugido do hospital psiquiátrico. E quanto mais o tempo passava mais receio eles tinham de ser apanhados, porque achavam que estavam a ter mais sorte do que era suposto. Para além de tudo isso Valerie sentia-se cada vez mais próxima de Ashton e ela já não sabia se isso era algo bom ou mau. Ela sabia que não era suposto acontecer mas por vezes apegamo-nos de tal maneira às pessoas que quando as queremos afastar já é tarde demais. Harry, o seu ex-namorado, vinha-lhe por vezes à cabeça devido ao facto de ela se ter conseguido afastar dele apesar de ter custado bastante e dava por si a perguntar-se o porquê de com Ashton ser diferente.

Eles passavam muito tempo juntos, aliás, eles passavam todo o tempo juntos, não só quando estavam no hospital, visto que ela só conhecia aquele rapaz no meio de toda a gente que lá estava, como agora que estavam livres. Eram a companhia um do outro e tinham de se manter sempre unidos para dessa forma serem mais fortes. Era como se se protegessem um ao outro, mesmo que por vezes isso fosse complicado. Eram estas coisas que os faziam ficar cada vez mais próximos um do outro. Valerie tinha continuado a fingir que não se lembrava de nada da noite em que tinham estado a beber, porém Ashton fez questão de a recordar do sucedido quando no dia seguinte a beijou de novo, com a desculpa de que apenas o estava a fazer para tentar recordá-la da noite anterior, quando ela procurou saber do porquê daquele beijo.


A noite tinha chegado e como ambos estavam cansados de passar as noites fechados no interior daquela casa, tinham decidido ir até um bar ou algo do género. Sentiam alguma necessidade de se divertirem e tentarem esquecer por umas horas todas as coisas más que teimavam sempre em preencher as suas mentes.

O barulho da música era tudo o que conseguiam ouvir no interior daquele estabelecimento repleto de pessoas a movimentarem-se de um lado para o outro. Quando queriam falar um com o outro, tinha de ser praticamente aos gritos, pois só assim conseguiam ouvir o que o outro dizia.

- Já tinha saudades destas coisas. – Valerie disse com um meio sorriso a atravessar os seus lábios e o aceno de cabeça de Ashton fê-la perceber que não era a única.

- É melhor não bebermos muito. – ele disse quando viu o copo de Valerie já quase vazio.

- Não bebemos muito ainda. – Valerie encolheu os ombros e por uns segundos fitou o copo que tinha nas mãos. Ainda estava apenas na segunda bebida e nem sequer era uma bebida muito forte, por isso ela aguentava-a bastante bem.

- Eu sei, mas lembraste do que aconteceu da última vez que bebemos demais? – o rapaz perguntou, com uma pontada de provocação presente no seu tom de voz.

Aquilo fez com que o rosto de Valerie se elevasse e ela focasse o seu olhar no do rapaz. Engoliu em seco quando sentiu as suas bochechas ficarem mais quentes do que o normal, mas tentou mentalizar-se que era apenas devido a todo o calor que estava ali dentro.

- A não ser que queiras que se repita. – ele acrescentou quando percebeu que Valerie não ia dizer mais nada. Esboçou um pequeno sorriso e levou aos lábios o seu copo ainda meio cheio, ao mesmo tempo que recordações dos beijos que tinham dado se apoderavam da sua mente. E nem era preciso eles beberem demais para isso acontecer, na verdade.

- Queres ir dançar? – Valerie perguntou de seguida, numa tentativa de fazer com que Ashton parasse de dizer as coisas que estava a dizer e também por não saber o que lhe responder.

Ele assentiu com a cabeça e depois de pousarem os copos sobre o balcão os dois caminharam para a pista de dança, furando por entre as pessoas que se iam metendo no seu caminho.


Já era praticamente de madrugada quando eles saíram daquele bar e começaram a caminhar pelas ruas agora completamente desertas e bastante silenciosas. Apenas tinham os candeeiros de rua a iluminar os locais por onde eles passavam e isso era o suficiente. Tinham acabado por não beber mais e passaram o resto do tempo a dançar ou então sentados nuns confortáveis sofás que existiam naquele bar. Sentiam-se bastante animados pela noite que tinham tido e o facto de esta estar bastante agradável só fazia com que tivessem vontade de ir a pé para casa. E não era nada impossível, visto que aquele bar nem sequer ficava muito longe.

- Preciso de fazer uma chamada. – lembrou-se Ashton de repente, quando se recordou de algo que um dos amigos lhe tinha dito há uns dias atrás quando tinham falado um com o outro. Para além disso ele apenas podia fazer chamadas através dos telefones públicos que existiam nas ruas e por isso mesmo tinha de aproveitar os momentos em que saiam daquela casa para fazer isso mesmo.

- Está bem. – Valerie encolheu os ombros e assim que encontraram um telefone ela deixou-se ficar do outro lado da rua, enquanto via Ashton dirigir-se para o aparelho para dessa forma efetuar a chamada.

O rapaz retirou algum dinheiro do bolso e depois colocou o mesmo na ranhura destinada ao mesmo. Marcou o número que já sabia de cor e esperou depois que a chamada fosse atendida. Aquelas horas não eram adequadas para estar a fazer chamadas, porém ele sabia que o mais certo era o amigo estar acordado, tal como ele ainda estava. Foram precisos uns três ou quatro toques até ele ouvir uma voz do outro lado da linha.


Valerie andava impaciente de um lado para o outro e estava já aborrecida do facto de aquela conversa de Ashton já estar a durar mais tempo do que era suposto. Sendo assim, ela decidiu aproximar-me do local onde ele se encontrava agarrado àquele telefone. Parou quando ficou mesmo atrás dele e esticou o braço, com o intuito de lhe tocar e chamar a sua atenção. No entanto, as palavras que escutou de seguida, fizeram o seu braço ficar suspenso no ar.

- Eu não lhe vou dizer que a culpa de a irmã dela estar morta é minha. – Ashton cerrou o seu maxilar, e com mais força do que era necessária colocou o telefone no seu devido lugar. Rodou o seu corpo e os seus olhos arregalaram-se quando se deparou com Valerie junto a si.


N/A: Eu estava ansiosa de publicar este capítulo por causa da parte final. Esta parte final foi das primeiras coisas que eu escrevi na história, estava ainda nos primeiros capítulos quando escrevi isto (isto e o início do capítulo seguinte), e foi sempre o meu plano desde o início fazer isto! Muitas pessoas desconfiavam que o Ashton tinha algo a ver (e eu ficava sempre triste quando alguém falava disso, porque queria que ninguém desconfiasse ahah). Pronto, o que acharam? O que acham que vai acontecer no próximo capítulo? O que é que a Valerie irá fazer? E o Ashton? Digam-me aquilo que acham!

Este capítulo veio mais cedo do que era suposto, mas no final da próxima semana eu vou de férias e portanto estou a tentar organizar-me para durante as férias não publicar muito, porque vai ser uma confusão, então até lá publico mais e depois vou vendo.

Fiz uma capa nova para a história, eu vi esta imagem e pensei logo na história, e pronto, não resisti em mudar de capa. Espero que esta seja definitiva. Gostam dela?

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