Capítulo XXIV

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O que?! Como assim?! - Eu bebo um gole do chá, já frio, tentando fazer com que o caroço enorme que se formou em minha garganta desapareça. - Tem de haver algo errado! Vocês disseram que ele queria me matar!

─ E vai. - Kane garante, mas logo acrescenta quando Benjamin o olha com reprovação. - Bom, pelo menos em tese.

Eu volto meu caminhar frenético de um lado para o outro na cozinha, massageando minhas têmporas.

─ Porque eu? - Indago.

─ É a pergunta que está em moda. - Kane continua. - Nós não sabíamos que ele estava recrutando você, até ele te morder.

─ Achávamos que fosse Mia. - Benjamin completa. - Afinal ela estava sendo o brinquedinho dele na festa... Então pensamos que ele fosse recrutá-la. Mas depois pensamos melhor; era só uma maneira de chegar até você. Russel sabia que se intervisse de forma direta, nós iríamos interferir. Então ele encontrou outra forma de agir no escuro.

Eu estava certa. Mia me levou até a festa e me atraiu até Russel. Ela sabia o tempo todo que ele estava atrás de mim. Eu achei que pudesse confiar nela. Que ela fosse minha amiga. Mas tudo só se torna mais claro quando me lembro de que ela e Brooke deixaram a festa antes de os lobisomens atacarem. Mas deixaram Dominic lá. Isso significa que ele não está envolvido, ou pelo menos eu quero acreditar que não. Mas Brooke... As duas são tão amigas que eu não hesitaria em apostar todas as cartas de que elas estão agindo juntas.

Mia também foi quem me ofereceu a tal poção... Estava tudo tão na cara que não sei como não pude perceber antes. Todos os marcadores sinalizavam para ela.

─ Foi um golpe baixo... - Eu murmuro para mim mesma, depois me viro de volta para eles: - E o que Mia ganha fazendo isso para Russel?

─ Nós não sabemos. - Benjamin continua. - Íamos interrogá-la, ou tentar tirar algo dela, mas ela não tem ido à escola e sua casa está vazia. Nem os pais dela estão mais lá. Russel deve a estar mantendo com ele, se é que já não a descartou.

─ E isso ainda não explica o fato dele ter me recrutado. - Soo amarga.

─ Olha, o fato é que ele precisa de algo que você tem, antes de matá-la. - Ben fala. - Algo que vai trazer vantagens a ele. Só depois ele vai matá-la. Tem alguma ideia do que seja?

Balanço a cabeça em negação. Eu não faço a menor ideia.

─ E agora? - Quero saber. - O que fazemos?

─ Esperamos e tentamos não morrer. - Kane diz, meio azedo.

─ Temos tentado manter afastado Russel e sua alcateia. - Benjamin prossegue. - O problema é que sabemos que ele está por perto, mas ele nunca ataca. Ele sempre tem chances, mas nunca o faz. Ele vai querer ter você de volta, eu tenho certeza.

─ Então ele está me procurando? - Concluo e Benjamin assente. Depois me lembro do telefonema que Jesse disse que faria quando nos encontramos. Eu conto a eles: - Hoje de manhã Jesse disse que Russel ficaria contente quando me visse. Que o "acordo" - Faço as aspas no ar. - que eles fizeram inclui me levar até ele viva.

─ Você o encontrou? - Benjamin pergunta, e há uma expressão surpresa em seu rosto. Eu assinto.

─ Quando estava procurando por Scarlett, eu topei com ele na rua. - Esclareço.

─ E como conseguiu se livrar dele? - Kane parece muito interessado, e quase cético. Suas sobrancelhas estão levantadas quase até a linha da cabelo.

─ É uma história para outra hora. - Eu dou de ombros, mas deixo um esboço de um sorriso se espalhar pelos meus lábios quando me lembro de sua expressão furiosa. - Foi muito fácil.

Entre Lobos & Flores - Livro 1Where stories live. Discover now