Capítulo XII

11.5K 1K 299
                                    

Srta. Jones! - Abro os olhos em um salto, enquanto meu coração ganha velocidade. - Se vai continuar dormindo em minha aula, é melhor que faça isso em sua casa.

Somente depois de alguns segundo encarando a carranca do Sr. George, eu entendo o que aconteceu:

─ Me desculpe. Sua aula prende completamente minha atenção.

Olho em volta, percebo que alguns alunos seguram o riso, outros parecem um pouco surpresos e alguns ainda esperam por mais. Bom, se ninguém aqui tem "coragem" de dizer o quanto esse cara dá a aula mais chata do mundo, sempre tem uma primeira vez...

─ Ótimo. Vamos ver se consigo prendê-la na detenção. - Responde, e parece muito satisfeito com isso, me devolvendo um sorriso arrogante, por detrás de seu longo bigode branco.

É minha primeira semana e já consigo ser detenta...

Tenho certeza de que fechei os olhos por míseros cinco segundos, mas meu cansaço me traiu. Eu passei a noite em branco. Toda vez que fechava os olhos minha imaginação levava a melhor. Os sonhos pareciam muito reais, e durante um tempo, me preocupei se realmente não eram. Então eu tentei me ocupar com qualquer coisa que pudesse me deixar acordada, pelo menos até que eu estivesse com cabeça um pouco menos paranoica.

Eu reorganizei a bagunça do esconderijo e recoloquei tudo de volta dentro da caixa. Terminei de arrumar com meu quarto, permanentemente. Tentei por as folhas do diário na ordem certa e depois escondê-lo em um local realmente seguro. Mas, não acho que precise mais me preocupar com isso. O que quer que tenha feito aquilo, conseguiu passar a mensagem que queria.

Eu conferi todas as trancas da casa no mínimo três vezes, olhei em cada cômodo e fiquei atenta a cada barulho que escutei. Nada é mais desconcertante do que a sensação de imponência. Não é todo dia que se recebe uma suposta ameaça de morte.

Eu não me lembro de ter feito algum inimigo pelo caminho que fosse realmente capaz de me matar. Não tenho motivos para ser morta. Não fiz nada de errado. Pelo menos é nisso que eu acredito. Mas se a pessoa que entrou em minha casa soube exatamente onde procurar e o que procurar, que garantia eu tenho de que ela não vai voltar?

E, além do mais, o pensamento de que isso está diretamente ligado com as coisas que estou começando a descobrir está praticamente gritando dentro da minha cabeça. Chego a pensar se isso não tem algo haver com o acidente de papai.

Qualquer um ser inteligente chamaria a polícia. Mas eu disse inteligente. Eu não posso envolver ninguém nisso. Principalmente a polícia. Para começar, porque eu ainda não tenho todas as respostas que quero, e eu tenho certeza que nem a polícia será capaz de desvendar o mistério da cela. Segundo, porque eu tenho medo de que se a chamar, o criminoso, se por assim dizer, possa resolver se vingar em cima de outra pessoa. O que nos leva a minha irmã. Isso é arriscá-la demais, e eu não estou em condições disso. E terceiro, algo no fundo da minha mente me diz que eles podem considerar a possibilidade de eu estar inventando tudo isso. Afinal, quem iria acreditar em uma garota que toma medicação de loucos, vê lobos de dois metros, sonha com eles e acredita em lobisomens? Então, eu resolvi apenas esperar. Vou ter de me contentar em ter portas e janelas trancadas e um taco de baseball ao lado da cama...

Mas, de uma coisa eu tenho certeza: a pessoa que me quer morta, não quer que eu descubra alguma coisa. E eu posso até estar ficando louca, mas eu não vou descansar até que eu fique ciente do que é. Foi como uma alavanca para mim. Uma corrida por respostas. E elas estão a quatro quarteirões da escola, na Urban Wolf.

─ Parece que um caminhão passou por cima de você. - Ben sussurra para mim. Nem tinha percebido que ele está ao meu lado - mas com certeza percebi o arrepio que sua proximidade causa.

Entre Lobos & Flores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora