Quanto tempo?

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Alexia levanta esperançosa, depois de tantas descobertas. Ela realmente precisava ver quem ama. O sentimento de acreditar que Benício não desistiu dela fez com que seu coração saltasse de alegria e emoção. Seus olhos, apesar de cansados, se iluminaram e um sorriso se formou em seus lábios.

— Meu Deus, ele está aqui?— ela sussurra. — Manda ele entrar, por favor, e pode ir para casa.

Lia concorda com a cabeça, sem entender como depois de tudo que seu ex fez, Alexia consegue ficar feliz em recebe-lo.

— Tudo bem, senhora. Boa noite.— Ela encara os olhos de Alexia e suspira pesadamente.— Se cuida, Alexia, não deixe ser enganada novamente.

Alexia estranha tal conselho, mas está tão feliz que mal dá atenção ao que Lia disse.

— Boa noite, Lia! Bom descanso.

Lia sai desanimada. Ao chegar na recepção, ela encara o homem encostado na parede mexendo no celular.

— A senhora Alexia está te esperando.

— Obrigado!

Os passos pesados do lado de fora estavam cada vez mais fortes. Alexia passa a mão no cabelo para arrumar alguns fios teimosos, ajeita sua roupa. Quando a maçaneta gira, seus olhos se iluminam e seu sorriso se alarga. Sua vontade era de sair correndo e recebê-lo com um abraço. Mas, assim que a porta é aberta, seu sorriso se desmancha e a doçura em seus olhos se transforma em raiva.

— Querida, quanto tempo?

— O que quer aqui?— Ela pergunta fechando as mãos em punho.

— Nossa, que recepção. Ouvi dizer que a senhora arrogante havia mudado, até pensei que fosse verdade, mas vejo que continua a mesma coração de gelo. Enfim, fiquei sabendo que estava me procurando. Vim ver o que quer.— Lucas diz com um sorriso convencido no rosto.

Alexia encara os olhos do homem à sua frente. Ela procurou Lucas porque Louis queria conhecer o pai. Mas assim que descobriu as atrocidades que ele fez e disse sobre ele após o seu sumiço, Alexia sentiu repulsa e desistiu.

Para ela, seu filho é uma criança meiga e inocente, ele não merecia ser apresentado a alguém como Lucas.

— Havia até me esquecido desse ocorrido. Bem, se veio só por isso, pode ir embora. Não é nada de importante.

— Como não? Para você me procurar depois de anos dada como morta, alguma coisa você quer. Não vai me dizer que sentiu minha falta? Se foi por isso, posso matar ela agora.

— Lucas, estou pedindo com educação, por favor, se retire do meu escritório.

— Vamos brincar um pouquinho, fiquei sabendo que está sozinha.

Alexia olha para ele enojada. Ela se levanta e aperta o botão que dá na portaria.

— Senhor Jaime, boa noite. Tem como mandar dois seguranças no meu escritório? Tem um rato que preciso que coloquem para fora.

Ela desliga e volta a se sentar juntando as mãos uma na outra, encarando ele com indiferença. Não demora muito os seguranças entram, mas com um olhar de Alexia, eles param na porta e ficam aguardando seu comando.

— Qual é? Você está achando que está lidando com algum palhaço? Diz logo o que quer!

— Não sou eu que está dizendo, mas já que insinuou, concordo, você é um completo palhaço. Porém sua presença não me causa nenhuma vontade de rir, me causa náusea. Agora tenha um pouco de dignidade se é que você tem e saia da minha empresa.

— Você se acha não é mesmo?— Lucas provoca. Alexia, cansada e irritada, acena para os seguranças que se aproximam.— Tá, tá, pode parar, eu vou embora, mas antes quero saber. O que aconteceu com meu filho? Ele ou ela onde está?

Lucas pergunta se aproximando da mesa de Alexia e encarando seus olhos fixamente.

— Meu filho, você quer dizer. Já que gritou para os quatro ventos que eu te traí e o bebê não era seu.

— Eu não disse isso...— Lucas desvia o olhar fingindo estar ofendido. — Foi Scarlet que começou, eu só me silenciei.

— Corta o drama! Eu havia te procurado por causa do meu filho, ele queria conhecer o pai. Porém, sabendo o lixo de ser humano que é, prefiro que não se aproxime. Você um dia me disse que não se importava com ele! Peço que continue com esse pensamento, pois ele precisa crescer com um homem que seja capaz de tudo por ele. Você é só um doador de DNA, o máximo que pode oferecer ao meu filho é fazer ele passar vergonha.

Lucas fica visivelmente ofendido com tais palavras, somente ela consegue dizer o que pensa dele sem medo algum. Lucas não tem a menor intenção de se aproximar de Louis única coisa que ele quer é se beneficiar de alguma forma.

— Posso me afastar dele se me der uma quantia significativa em troca disso. Se eu gostar de quantos zeros você me ofertará, prometo que nunca mais saberá notícias minhas. O que me diz? Aceita me dar uma miséria em troca de paz?— Alexia fica em silêncio observando a cara de pau de Lucas, mas no fundo ela sabia que o fim da conversa séria sobre dinheiro. — Por favor, Alexia, para você são apenas números, eu estou sendo jurado de morte por uma dívida que fiz, olha o meu estado, não tenho nem para onde ir, estou dormindo dentro do meu carro.

— Acho que isso não é problema meu.— Ela sorri, gostando do seu desespero. — Olha, confesso que se dessem um fim em você ficaria muito feliz. Porém não conseguiria viver tranquila sabendo que um dia meu filho descubra o nível decadente que seu pai se tornou, digo, sempre foi.

Alexia levanta da cadeira e pega um cheque, anotando alguns números e pegando mais algumas notas de dentro do cofre.

— Espero que seja suficiente para que eu nunca mais ouça seu nome.

— Sim, sim, é o suficiente. — Lucas diz animadamente. Ele estica as mãos rapidamente para pegar, mas ela segura firme para não soltar.

— Se você tentar se aproximar da minha empresa, da minha casa, do meu filho e da minha família, eu te coloco na cadeia. Você sabe que provas tenho que pode prejudicar você e toda sua família, só não fiz nada ainda pois sei que sua vida já é um castigo.

— Eu não vou. Eu juro. Obrigado, Alexia. — Lucas pega o cheque e o dinheiro um tanto desesperado. Antes de sair, Alexia encosta na mesa e cruza os braços.

— E Lucas, vê se toma um banho. Você está fedendo.

Lembranças Perdidas Where stories live. Discover now