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               Eu degustava do pão com tanta vontade que acreditava até mesmo que meus donos conseguiam ouvir meus pensamentos. Estava uma delícia. Por ter cuidado do seu machucado, ganhei 2 pães enormes e estava muito feliz que nem ao menos evitei o sorriso e depois de algum tempo o som do "Muito obrigada" saiu da minha boca.

Me mandaram sair da casa mais cedo e eu obedeci, embrulhei meu segundo pão em um pano que me foi dado e guardei no celeiro. E voltei a caminhar pelo lugar enquanto ainda comia do outro pão.
Curiosa, lembro do Senhor construindo algo e resolvo ir ver o que podia ser.

Aproximo-me do galpão, trêmula com medo de ser descoberta. Um suspiro sai da minha boca assim que vejo o que é: era uma casa pequena, ao que parecia ele já havia terminado de construir a mesma, havia um cadeado e uma corrente na porta. Era tão pequena que ele conseguia com certeza pega-lá nos braços.

Um arrepio passa pelo meu corpo e começo a ter um péssimo pressentimento sobre isso. Espero que não seja para mim e eu esteja apenas com medo e pensando bobagens.

Algumas semanas depois.

Espreguiço-me na cama e levanto-me vendo que o sol já brilhava, meu Deus! Estou atrasada!

Corro até a casa e procuro a Senhora Darcy, logo suponho que ela está pegando lenha e corro até lá.

A mulher conforme ia passando os meses, mais teimosa ficava. Ela já estava perto de parir, mas não queria ficar de repouso.
Assim que chego perto vejo ela cortar um pedaço enorme de lenha em seguida se abaixar para pegar vários.
- Onde está o senhor? - Pergunto chegando perto, esperava que ela não fosse inventar de levar essas lenhas.
- Foi na vila fazer algumas trocas! Saia daqui! - Ela grita pegando a lenha.

Corro até ela e tento pegar a lenha da mesma.

- Senhora Darcy, isso é muito pesado para a senhora, não pode. - Sussurro trêmula quando ela me empurra, me levanto e volto a tentar impedir que ela pegue os pedaços. Sem esperar ela pega um pedaço com uma mão e eu levo um segundo para sentir o mesmo bater com força na minha cabeça, meu corpo bate no chão e eu me sinto zonza pela batida, levo minha mão ao local em seguida para a minha visão turva, eu estava sangrando. Tento me levantar mas Caio novamente. Olho em direção a porta vendo a mulher se abaixar novamente e pegar vários nos braços.

- Não... - Sussuro, em seguida vejo ela tropeçar nos próprios pés ao mesmo tempo que as lenhas caem do seu braço, fazendo assim que ela caia com a barriga para baixo, em cima das lenhas. Em seguida seu grito estridente é ouvido por todo o lado. Usando a força que me resta eu levanto e corro até ela.

- Meu Deus... - É o que sai da minha boca quando vejo a quantidade absurda de sangue.

- O que porra você fez com a minha esposa?! - Escuto a voz do senhor e viro-me assustada. Ele corre até nos e baixa-se pegando ela nos braços.
Levando ela para o carpete da sala e ela estava desacordada. Tento acorda-la assim que vejo água saindo junto com o sangue, era o bebê!

- Acorde - Dou leve tapinhas no seu rosto.

A mulher estava queimando em febre e falando palavras sem sentido, já fazia algumas horas desde o acontecido e ela acabara de acordar. A verifiquei mais uma vez e a acordei avisando que estava na hora.
Baixei-me entre suas pernas e pedi que fizesse força, eu estava trêmula e nervosa, mas faria o que fosse possível para salvá-la mesmo estando perdida.

...

Eu não sabia como havia feito, mas eu fiz.

O lugar estava em um completo e pesado silêncio depois que o choro da bebê não foi ouvido e nem da respiração da mulher, ela havia perdido muito, mas muito sangue. Fungo o nariz, ainda chorosa.

Este homem acaba de perde a esposa e a filha. Eu sentia um aperto no peito como se de alguma forma a perda fosse minha. Procuro o homem com o olhar e o vejo com a testa franzida e os braços cruzados.

Nenhuma expressão além da raiva.

Ele me olha e caminha em passos pesados até mim, conforme meu coração errava as batidas.

Meu dono me arrasta até o celeiro e me joga no feno antes de virar as costas e fechar a porta, a trancando. Não tenho qualquer reação a não ser me encolher e chorar, principalmente por ainda estar suja com o sangue da mulher.

...

Desta vez eu não sou acordada com a luz do sol, mas sim um chute violento na barriga, não tenho nem ao menos tempo de processar o que acaba de acontecer, ele me surpreende com mais chutes.

- Meretriz inútil! Te comprei apenas para matar minha família?! - Ele grita e meus cabelos são puxados com força. Engulo em seco e não sei o que falar.
- N-Não senhor, eu tentei ajudá-la! - Ele me dá um tapa.
- Cale a boca! - Fala, suas mãos se enrolam no meu cabelo e sou puxada para fora do celeiro rumo ao galpão. Tento me soltar do seu aperto mas só faz ele apertar ainda mais violento. Ele se aproxima da casinha que eu só então me toco, aquilo era para mim.

Ele me larga no chão e pega a casinha, arrastando para fora do galpão até em frente a casa. Em seguida ele volta até mim. Volto para a realidade e tento correr dele, mas minhas pernas são curtas, tinha um total de zero vantagens.

Ele me agarra pela cintura e eu me esperneio no seu ombro.
- Por favor! Não! - Eu suplico. Mas nada adiantou.

Meu corpo é jogado dentro da casa e em seguida ele me tranca como se fosse um animal. Tento balançar a casa para ver se movia, mas nada acontecia.

Nada era ouvido além do meu choro desesperado.


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Chave pix para quem quiser ajudar e dar um apoio e incentivo para a autora que está com celular horrível para escrever. Qualquer valor ajuda.

Chave: autora.1whatsername@gmail.com.

A L D R I KWhere stories live. Discover now