05

1.2K 176 23
                                    

O caminho era muito mais longo do que a minha antiga casa até a vila. Estava escuro e eu estava tremendo de medo de acabar pisando em alguma cobra ou qualquer animal que pudesse me machucar.

O cheiro do seu charuto chegava no meu nariz e eu reprima à vontade de tossir. Tento respirar mas o medo do que me espera parecia estar me sufocando.

Quando o homem se aproximou de papai eu soube que seria ele quem me compraria e eu estava grata por ele me querer para servir sua esposa.

- Chegamos! - Sua voz anuncia, passávamos por grandes portões de madeira e de cada lado ao longo do caminho até a enorme casa, haviam lavouras, tudo era perfeitamente cercado.

Entramos em uma espécie de casa ao lado da casa.
- Ficará aqui neste celeiro. - O homem fala, descendo do cavalo. Ele vem até a carroça a minha frente e tira minha mala jogando no feno seco.
- Sim senhor. - Murmuro e arfo de susto quando sinto sua mão forte me dá um tapa violento no rosto.
- Fale apenas quando eu mandar! - Fico em silêncio com a nova ordem. A voz do homem era tão grossa que me fazia ficar completamente arrepiada de medo. Ele se aproxima de mim agora no chão e puxa minha mãos, desamarrando.

- Se tentar fugir, eu te acho até no inferno.

...

Meus olhos abrem-se subitamente e eu levo alguns segundos para assimilar que me foi jogado água no rosto. Olho para a mulher parada a minha frente com um olhar de ódio e um balde nas mãos.

Era minha nova senhora!

Levanto-me às pressas e ela grunhe de ódio.
- Meu marido não a comprou para dormir! - Diz irritada e eu fico calada.
- Não vai se desculpar?! - Grita raivosa.
- Me desculpe senhora. - Peço, ainda com os olhos arregalados.
- Venha!

A sigo até a enorme casa, e assim que passo pela porta, sinto um ar acolhedor, haviam alguns móveis que eu nunca havia visto em toda minha vida e logo me vem a cabeça que está família é rica.

A sigo até o que parece ser um quarto.

- Há um lago aqui perto, lave as roupas lá! - Ela ordena me dando um cesto enorme. Olho ao redor, a cama era enorme e havia um tapete que parecia ser de urso ao chão. Só então olho para as paredes vendo algumas cabeças.

- O que está olhando?! Vá fazer o que mandei!

Saio da casa cambaleando sem saber onde ficava o tal lago ou para que lado. Olho adiante e vejo O senhor logo à frente. Me aproximo tentando segurar o cesto como posso. A mulher era enorme, então segurar isto era algo fácil, mas eu era quase do tamanho do cesto.

- Senhor? - O chamo assim que chego perto o suficiente para ele me escutar, mantenho uma distância segura. Ele me ignora, o que me força a se aproximar.
- Onde fica o lago? - Pergunto, ele permanece em silêncio, fazendo o que está fazendo, limpando a grama seca ao redor das folhas de alface. - Por favor?.

Ele responde com um apontar de dedo para trás da casa.
- Obrigada. - Sussurro e praticamente corro até lá.

Assim que desço até o lago eu me surpreendo, a água era tão azul e cristalina. Não evito sorrir. Era lindo.
Também havia um batente, desta vez, bem maior.
Ponho o cesto a minha frente e pego a barra de sabão, começando a lavar as roupas.

Após enxaguar algumas peças, eu vejo pequenas ondas na água, procuro a causa e logo vejo uma pequena tartaruga flutuar nas águas, sorrio com a nova descoberta, procuro mais animais vendo ao longo alguns patos selvagens.

Pulo de susto quando escuto um estouro em seguida o som dos patos voando.
- Malditos! - A voz grossa do senhor ecoa, vejo de longe ele mergulhar na água e pegar o pato recém morto. Engulo em seco, com as mãos trêmulas eu volto a terminar de lavar as roupas, procurando fingir que o que vi a pouco não me abalou.

Assim que acabo as roupas, volto para a casa e as estendo, em seguida me aproximo a passos trêmulos até dentro da casa, ainda abalada.

- Até que enfim! - A mulher reclama assim que passo pela porta da cozinha. - Venha, trate este pato para mim. - Ela manda. Me aproximo e pego o mesmo, observando que a mulher já havia fervido a agua, jogo a mesma por cima do pato e começo a depena-lo para então tratá-lo.

Após isso, corto os legumes e fecho a panela. A senhora volta a se aproximar de mim.
- Quais legumes você colocou? - Pergunta, engulo em seco.
- Cebola, abóbora e batatas. Senhora. - Respondo e ela me surpreende com um tapa forte.
- E quem lhe deu a ordem?! - Grita e eu balanço a cabeça negativamente. - Era para por apenas batatas!

Ela faz um gesto com a mão me mandando esperar e sai da cozinha. Suspiro aliviada. Mas arregalo os olhos assim que ela volta, ela tem um pequeno chicote em mãos.

- Fiz este especialmente para você! - Ela diz sorrindo. - Mostre ao mãos. - Manda. Obedeço.
Reprimo o grito de dor quando o mesmo corta minhas mãos 5 vezes.

- Isto aqui. - Ela balança o chicote. - Irá lhe ensinar bons modos, mais que seus antigos donos!.

Ao longo do dia eu aprendi novas ordens e novas manias dos meus donos, mas isso me rendeu alguns novos machucados nas mãos, as mesmas estavam inchadas e sangrando.

Sirvo os jantar dos dois e como recompensa ganho um pouco também, depois eles me mandam ir para o celeiro.

Saio da casa e aproveito para ver o que mais tem nesse lugar. O celeiro era enorme e eu ainda não havia bisbilhotado ele todo, havia alguns galpões e logo descobri que depois de todo aquele feno, ali ficavam os cavalos, haviam pelo menos uns 6 cavalos, do outro lado haviam algumas cabras, presumi que haviam ovelhas mas as que tinham ele trocou por mim.

No final havia uma porta e após abri-la eu descobri porque estava fechada, era onde os porcos ficavam, vejo no final do mesmo e era aberto. Acredito que em breve, o meu senhor irá mandar que eu cuide deles.

Antes de me descubram bisbilhotando, trato de voltar para o feno e tentar descansar um pouco.



_______

Chave pix para quem quiser ajudar e dar um apoio e incentivo para a autora: autora.1whatsername@gmail.com.

A L D R I KOnde histórias criam vida. Descubra agora