26

326 46 3
                                    




-- Você vivia aqui por perto? -- Fernanda perguntou assim que Alane chegou no trailer científico com mais uma amostra de seus espermatozóides.

-- Sim. -- Alane respondeu entregando a amostra para Fernanda.

-- Obrigada. -- Fernanda replicou.

-- Isso é bem constrangedor. Sabe disso, não sabe? -- Alane perguntou e Fernanda riu, assentindo. -- Tipo, eu gozo em um pote e depois você coloca ali no microscópio e fica analisando ele. Ele fica bem perto da sua boca. Bizarro!

-- Bem, tudo pelo bem da ciência. -- Fernanda disse e Alane assentiu.

-- Acha que a mini hulk me mataria se me visse aqui? -- Alane perguntou, se lamentando em seu interior por ter sentido vontade de beijar Fernanda.

Agora que Fernanda sabia que ela era intersexual não iria querer nada com ela, pensava.

-- No mínimo apanharíamos nós duas. -- Fernanda disse rindo, mas logo suspirou. -- Ela é uma boa pessoa, só está zangada por ter perdido tudo.

-- Eu consigo imaginar como ela se sente. -- Alane disse em um sorriso fraco. -- Sua família está, hm, viva?

-- Minha mãe e avó sim. -- Fernanda respondeu e Alane assentiu. -- E a sua?

-- Sou só eu agora. -- Os olhos castanhos se ergueram do que Fernanda analisava e a fitaram.

-- Sinto muito. -- Fernanda disse, vendo Alane assentir. -- É tão difícil fazer tudo sozinha por aqui... -- Fernanda disse. -- O pior é que, quando estou tendo algum avanço, uma delas chega e tenho que esconder tudo.

-- Acha que, bem, que alguma delas esconderia o segredo? -- Alane perguntou e Fernanda assentiu.

-- Giovanna. -- Fernanda disse e Alane quase revirou os olhos, mas deveria se comportar. -- Pitel sempre fala pelos cotovelos, acabaria contando sempre que vai à cidade. Isabelle não consegue esconder nada de Pitel. Bia é leal à ciência, sentiria a necessidade de te levar para os grandes laboratórios da grande cidade.

-- Que bom que foi justo você que me encontrou então. -- Alane disse e Fernanda parou o que fazia.

-- Você viveu todos esses anos por aí sem jamais ser pega. -- Fernanda disse a fitando minuciosamente. -- Por que se arriscou em começar a roubar nossa comida a essa altura do campeonato? E não diga que foi por fome, porque sei que esse não é toda a verdade.

Alane suspirou e sorriu-lhe fraco.

-- Um dos corpos que vocês queimaram... -- Alane disse limpando a garganta. -- Era do meu pai. -- Fernanda abriu a boca sem reação alguma.


-- E veio atrás de vingança? -- Fernanda perguntou e Alane negou.


-- Vim agradecer. -- Alane disse em um suspiro. -- Todos os dias ver vermes comendo o corpo do seu pai não é algo confortável.

Fernanda ainda a fitava paralisada, sem saber como se expressar.

-- Eu só perdi a coragem e comecei a roubar a comida para ver se iam embora. -- Alane disse. -- Eu me sentia uma covarde, foragida, incapaz de agradecer e vocês estando aqui me fazia lembrar disso.

-- Jamais volte a pensar coisas ruins de você, entendeu? -- Fernanda disse com veemência e Alane assentiu.

-- Entendi. Vou ficar no trailer e te deixar trabalhar. Com licença. -- Disse e saiu, fazendo Fernanda suspirar apenada. Ela sabia que Alane havia ficado triste.

O último pênis ( Fernanda e Alane )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora