Bem Que Se Quis

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"Bem que se quis depois de tudo ainda ser feliz/ Mas já não há caminhos pra voltar/ E o que que a vida fez da nossa vida"

A rotina para Pitel estava extremamente pesada, se não fosse Gabriel, ela nem sabe o que seria dela. Admirou Fernanda ainda mais "Como aquela mulher consegue fazer tudo aquilo?". Pitel acordava cedo, levava as crianças à escola, ia para lapa, ia pra fonoaudióloga duas vezes por semana, chegava em casa preparava comida, ajudava os dois com os deveres de casa, brincava com eles, colocava pra dormir e apagava em sua cama, esse era o resumo do seu dia. Alguns dias quando a saudade batia mais forte chamava os dois para dormir com ela, e em uma frequência bem mais alta dormia com Laura, que era grudada nela.

Nos seus ensaios estava se aproximando bastante de Raquelle e ficava o máximo de tempo possível ao lado de Giovanna. Às vezes sentia os olhares de Buda a seguindo pelos ambientes e ficava extremamente desconfortável, achava que a qualquer momento ele poderia abordá-la e ela não estava acostumada com posturas mais diretas.

Em um dia que conseguiu liberar mais cedo, resolveu buscar os meninos na escola, era a primeira vez, normalmente Gabriel ou os pais de Fernanda que os buscavam. Chegando lá tinha uma infinidade de pais se identificando na porta, alguns simplesmente pegavam as crianças e iam. Quando ela chegou na porta Marcelo mostrou para Laura que saiu correndo em sua direção, ela estava cumprimentando os dois quando foi abordada por uma mulher.

- Olá, quem é você? - Pitel se sentiu intimidada.

- Sou a mãe. - A mulher olhou desconfiada, mas não retrucou.

- Eu preciso ver se você está nos nomes com permissão para buscá-los. - "Fudeu" Pitel pensou, "Fernanda não tinha colocado ela lá, era certeza." - Qual o seu nome?

- Giovanna Marinho, Giovanna Leticia Marinho. 

- Um minuto.

Pitel não conseguia concentrar em Laura e se preparava para ligar pra alguém e dizer que deu errado sua tentativa de buscar os meninos aquele dia.

- Tudo bem, pode levá-los. Seu nome está cadastrado como mãe deles. Peço desculpas, mas é que nunca tinha te visto por aqui e prezamos pela segurança dos alunos. - Pitel respirava aliviada, Fernanda era incrível ela tinha cadastrado Pitel como segunda mãe dos filhos, isso deu nela uma enorme sensação de segurança.

- Eu imagino, é importante essa confirmação mesmo! Obrigada! Boa tarde!

Depois de fazer todas as tarefas diárias ao tomar seu banho Pitel resolveu mandar uma foto mais íntima para sua mulher. Era uma foto mais conceitual, não tinha nada exposto, aparecia apenas metade da parte de cima do seu tronco e um pouco do queixo, uma mão tampava o único seio que aparecia, que ao ser manipulado por ela parecia aumentar o volume, escolheu mandar a foto em preto e branco e escreveu "Queria você aqui". 

Fernanda acabava de chegar no hotel morta, quando pegou o celular e viu uma mensagem de Pitel. Ao ver a foto sentiu um arrepio por todo o corpo, estava com saudade dela. Resolveu ligar, mesmo sendo tarde. A saudade era muita, dessa vez era uma saudade misturada com tesão. A vontade em estar juntas novamente era forte e havia muitas promessas do que iriam fazer quando encontrassem. Então ao longo da conversa, com os corpos mais relaxados cada uma em sua cama, elas permitiram se tocar. À medida que iam tocando uma parte do corpo iam narrando como aquela parte estava, isso aumentava ainda mais o desejo delas em sentir o mesmo que a outra estava sentindo. Elas não estavam juntas de corpo presente, mas as respirações abafadas e as mudanças no timbre das vozes causavam um impacto direto no corpo de cada uma. Ao final da ligação, Fernanda lamentou a correria dos ensaios e ela não poder contar com o abraço e a conchinha da mulher em sua cama depois desses dias longos e cansativos.

Tudo Sobre VocêWhere stories live. Discover now