Costumes

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"De repente ser livre até me assusta/ Me aceitar sem você certas vezes me custa/ Como posso esquecer dos costumes, se nem mesmo me esqueci de você"

A casa de Fernanda era um enorme vazio, ninguém ocupava o espaço que Pitel ocupava mesmo não morando lá. As perguntas de Laura eram frequentes, Fernanda sempre desconversava e falava que a mulher estava muito ocupada aqueles dias. Marcelo chegou um dia a lembrar de Pitel no café da manhã, Fernanda sentiu o coração apertado, mentir para Marcelo era sempre muito complicado. Mas de tudo, o pior era chegar no quarto e ver as roupas e alguns objetos da mulher que ainda permaneciam com ela. Aquilo a matava por dentro. Hoje ao sair para o seu ensaio resolveu pegar uma mala e passar na casa de Pitel antes de ir para Botafogo.

A campainha do casarão na Lapa tocou. Pitel que estava terminando o café foi até a porta abrir.

- Fernanda? - Perguntou assustada. Ela estava na sua frente, linda como sempre! Um semblante mais sério, triste, mas maravilhosa. Cabelos soltos, viseira, uma roupa de ginástica mais à vontade, carregando uma mala de mão. - Entre.

- Oi Pitel. - Fernanda respondeu seca, queria passar indiferença, mas sentia que seria impossível, então exagerou na frieza. Qualquer um perceberia que Pitel estava sem brilho, não era a mesma de antes. Fernanda, porém, embalada pela saudade e admiração da mulher a achou ainda mais bonita. "Cara ela é muito linda" seu pensamento borbulhava contra sua vontade. - Não obrigada! Não vou entrar, estou com pressa. Vim te entregar algumas coisas suas que ainda estavam lá em casa.

Foi um tiro no coração de Pitel, o término era real. Ela nem sentia as pernas, queria fechar a porta na cara da mulher à sua frente e correr para o quarto. Mas respirou fundo e respondeu:

- Obrigada Fernanda - disse pegando a mala da mão da mulher - Espera um minuto, vou tirar as coisas e te devolvo a mala agora.

- Pitel, não precisa, estou realmente com pressa. Um dia que eu for no galpão te aviso antes e você leva. Bom vou indo então! Até a próxima - Fernanda disse direcionando para rua.

"Até a próxima? Ousada ela?" Pitel não queria mais ver Fernanda, nunca mais. Estava péssima, não ia conseguir lidar com mais fortes emoções assim.

Fernanda chegou no seu destino, tentou se concentrar mais, de forma que conseguiu ter um dia bem mais produtivo. Alane que estava muito próxima da mulher nos últimos dias sugeriu:

- Fernanda o que você acha da gente sentar em um bar? Vai ser bom pra gente distrair um pouco.

- Poxa, não dá Alane, tenho os meninos lá em casa, é todo um trampo.

- Relaxa um pouco mulher, você vive em função dessa sua rotina louca. Se liberte! Vamos só um pouco.

Apesar de relutante Fernanda foi em um bar em Botafogo mesmo, as duas pediram um drink. Fernanda escolheu um drink com Gin. A conversa estava ótima. Fernanda estava gostando tanto da Alane que chegou a arrepender de não ter se permitido a socializar mais com a antiga turma assim como tinha feito Pitel, pensou que poderia ter perdido a oportunidade de conhecer grandes pessoas lá.

Na Lapa, a aula de canto já havia terminado quando Giovanna disse para Pitel:

- Pitel eu preciso sentar num bar hoje, vamos comigo? Só eu e você?

- Eu também preciso amiga, hoje o dia foi tenso. Onde vamos, no de sempre?

- Não, vamos variar. Vamos em um perto da minha casa. - Giovanna disse levando Pitel para um bar também em Botafogo.

Quando as amigas chegaram no bar, Alane que estava de frente pra elas, falou:

- Nanda, Pitel está aqui também. - Fernanda sentiu que não tinha mais uma gota de sangue no corpo. Olhou para trás nada discreta e viu Pitel com Giovanna. As meninas não viram ela, que rapidamente voltou sua visão para Alane. - Você quer ir embora? Por mim tudo bem! Ou para outro lugar, talvez?

Tudo Sobre VocêWhere stories live. Discover now