O Que Se Quer

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"A sina é sonhar/ Eu pago pra ver/ Qual meu lugar/ Que a vida é um dia, um dia sem culpa, um dia que passa/ Aonde a gente está/ Mas se eu tenho tanto a perder, eu perco é o medo do que a sorte lê"

As cortinas se abriram, o silêncio era ensurdecedor, de um ambiente totalmente escuro, de repente surgiu um ponto de luz no palco era Cláudia Raia. Cláudia entrou no palco cantando baixo e a medida que o tom de sua voz foi aumentando entrou ela: Fernanda Bande. Fernanda não era totalmente iluminada, mas sua silhueta era bem marcada o que enfatizava seus movimentos de dança. O seu papel não existia no roteiro original, mas quando Miguel a viu no ensaio ficou fascinado e quis colocar Fernanda em todas as cenas. Ela dançava nas cenas de  Cláudia, com o elenco em danças coletivas e representava as trocas de cena e passagem do tempo. Toda a peça foi embalada no movimento do seu corpo.

Na plateia estava Pitel, vidrada na mulher que dançava no palco. Ela acompanhava cada passo, cada movimento e por vezes chegou a duvidar que a mulher em questão, era a mesma mulher com quem ela estava escrevendo a história da sua vida. Sentiu orgulho de si mesma.

Fernanda dançava com tanta propriedade que chegava a despertar as mais diferentes sensações na plateia, que já a olhava com interesse em saber quem era aquela anônima, que em tão pouco tempo ocupou todo o palco, fazendo dele sua casa.

- Ela está ma-ra-vi-lho-sa! - Giovanna falou com Pitel, mas Pitel não tinha ouvidos, aliás todos os seus sentidos estavam desligados, ela tinha visão. Seus olhos acompanhavam Fernanda como se aquele corpo transmitisse tudo que realmente importava naquela peça.

Estavam todos os convidados de Fernanda na mesma fila, em uma posição mediana da plateia, foram: Pitel, Gabriel, seu pai, Giovanna, Yasmin, Leidy, Raquelle e Michel. Sua mãe havia ficado em Niterói com seus filhos. Quando a peça terminou todos aplaudiram de pé! O coração de Fernanda saltava para fora do peito, olhou toda a plateia rapidamente e encontrou Pitel "Como ela está maravilhosa".

Ao chegar no camarim tinha flores para todo lado, ao pegar o cartão viu que era da nordestina.

- Olha como ela está maravilhosa!!- Pitel entrou sorrindo e a abraçando.

- Você que é linda meu amor! Olha as coisas que você faz! - Fernanda disse mostrando as flores emocionada.

- Você merece! - Pitel voltou a abraça-la quando pessoal chegou.

Aos poucos o pessoal do elenco começou a se parabenizar, Miguel falou diretamente com Fernanda e os  seus convidados também entraram no camarim. Ela estava radiante. Após trocar de roupa foram todos a uma pizzaria em Niterói onde iam encontrar a mãe e os filhos.

Já no dia seguinte Fernanda acordou com um café na cama. Pitel queria mimá-la de todas as maneiras, primeiro porque queria fazer ela se sentir especial, segundo porque a partir de agora Fernanda ficaria só mais duas semanas em casa. Sua peça ia fazer uma turnê passando por São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e Salvador, sendo então a princípio pelo menos 1 mês e meio fora de casa, com a resposta do público iriam avaliar novas cidades.

- Pitel como vai ser quando eu for? Eu estou tão preocupada... - disse enquanto comia.

- Pois não fique, vai dar tudo certo por aqui.

- Vou sentir tanto sua falta...

- E eu então...

As duas se beijaram como se fosse uma de despedida até ouvir Laura cantando em seu quarto, indicando que o dia tinha começado.

As semanas passaram apressadas, Pitel foi em todas as apresentações da mulher no Rio, em todas ela levava flores e em todas ela olhava Fernanda no palco sempre vidrada no corpo e movimento da carioca.
Quando chegou o último dia de Fernanda no Rio elas organizaram de tomar um vinho em casa mesmo, com a casa só pra elas.

A música tocava dando uma sensação de som ambiente, elas dançavam lentamente enquanto sentiam a música e faziam declarações de amor, quando Fernanda começou a chorar.

- Não sei se vou conseguir Pitel, ficar longe dos meus filhos um mês, isso nunca aconteceu. - Chorava no ombro da cacheada enquanto dançavam - Ficar longe de você, esse seu cheiro, esse seu jeito de falar e fazer as coisas que sempre me fazem tão bem. - Pitel assustou ao ouvir a voz chorosa da mulher e sentou com ela no sofá.

- Oh minha gostosa não fique assim - Por dentro Pitel não era ninguém- Você não precisa ficar longe, dia de semana você pode visitar a gente... - foi interrompida.

- É caro Pitel, não dá ficar pegando avião toda hora assim.

- Olha, eu compro as passagens pra gente, a gente procura datas especiais pra você não cansar - Fernanda chorava ainda mais, pois não queria depender de Pitel - A gente tá junto nessa, você lembra? - Pitel secava as lágrimas dela.

Já com o rosto seco Fernanda abriu os olhos e viu sua mulher a encarando. Pitel não ficou assim por muito tempo, quando viu que Fernanda abriu os olhos deu um beijo calmo e fundo em seus lábios e logo a deitou no sofá. Fernanda se entregava a ela não com tesão igual das outras vezes, mas com uma vontade de transformar os dois corpo em um só. Daquela vez o sexo era diferente, era calado, priorizava sorrisos e olhares, cada toque era sentido de forma intensa. Fernanda às vezes levantava a cabeça na tentativa de filmar e gravar na memória tudo que sua mulher fazia. No momento máximo do prazer, Fernanda olhou para Pitel, que mantinha o olhar próximo ao dela fazendo unir as respirações abafadas por gemidos, colocou a mão em seu pescoço e deixou o seu tombar para trás. Pitel aproveitou do pescoço daquela mulher que era tão sua.

- Eu te amo Nanda - Falou enquanto beijava a região, Fernanda sentiu seu prazer ainda mais intenso.

Foram para o quarto onde continuaram a se amar. No dia seguinte todos foram ao aeroporto. Uma Fernanda muito chorosa despediu dos filhos, queria beijar Pitel, mas se controlou em abraçá-la. A mais nova sempre, mesmo que triste por dentro, a encorajava e falava que tudo ia dar certo. Ao chegar em casa o ambiente era um imenso vazio, Pitel olhava o sofá que se amaram na noite anterior, tomou um banho demorado, chorou enquanto a água caia sobre seu corpo e se deparou com uma cama, não tão grande assim, mas imensa para ela sozinha, decidiu então chamar os meninos e com os dois na cama com ela, se permitiu dormir.

Tudo Sobre VocêWhere stories live. Discover now