Azul

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"Corre e vai dizer pro meu benzinho/ Um dizer assim: o amor é azulzinho"

Pitel acordou mais cedo que de costume com seu telefone chamando, e pela primeira vez viu Fernanda em um sono profundo na cama do hotel. "Como é gostosa essa mulher. Nossa senhora..." pensou antes de ver a ligação. Era sua mãe, que estava super curiosa sobre a noite anterior e a estreia da filha única no palco. Pitel contou todos os detalhes da peça e como sentia que tinha superado suas expectativas e medo. Ao terminar a ligação teve vontade de chorar, sentia muita saudade de sua família e do nordeste. As lágrimas lhe caiam dos olhos enquanto fazia um leve carinho nos cabelos da mulher amada ao seu lado.

- Bom dia - Fernanda falou com um sorriso ainda abrindo os olhos - Que milagre é esse você... - interrompeu de repente - Tá tudo bem Pitel? - Perguntou assustada ao ver Pitel chorando, algo que não era muito comum.

- Bom dia meu amor, está sim. É só saudade de casa mesmo.

Fernanda queria fazer algo por ela, mas estava acima da sua capacidade, sabia que a morena devia estar realmente morrendo de saudade de todos. Puxou Pitel para próxima de si enquanto a consolava.

- Nanda, vamos pra Maceió comigo?

As aulas de Pitel iam ter um breve recesso depois da apresentação, e em poucos dias Fernanda também teria, pois seus ensaios iam ter uma segunda etapa. Eles iam descansar e depois seriam ensaios gerais com todo o elenco, até a estreia. Além do que, metade de junho os meninos entrariam de férias. Logo não seria tão complicado assim.

- Vamos meu amor! Vou olhar as passagens.

- Não, pode deixar que eu olho tudo. - Pitel tinha parado de chorar, mas a voz ainda era triste. Beijou a mulher como que agradecendo pelo apoio e companheirismo.

Pitel organizou tudo, os voos de ida e volta, ligou para o pai falando o dia da viagem. Uma alegria começou a tomar conta dela, e durante os momentos em família compartilhava experiências da sua cidade e fala de lugares que queria levar todos. Laura ficava maravilhada, sonhava e acordava falando de Maceió, Marcelo estava feliz que ia viajar de avião e correspondia a todas interações que Pitel fazia com ele.

Quando chegou no dia da viagem, Fernanda ligou para Gabriel pedindo que o irmão passasse em sua casa esporadicamente para ver como as coisas estavam. Seu pai levou todos para o aeroporto. Eram só felicidade. Ao chegar na cidade Pitel fez uma ligação e após desligar encaminhou todos para um lugar específico, como se soubesse para onde ia. Fernanda a acompanhou. Chegando no estacionamento, um homem de terno muito formal a esperava na porta do carro.

- Bem vinda Srta. Giovanna! - Pitel dispensou as formalidades e abraçou o motorista.

- Olá Augusto! Que saudade! Essa é Fernanda e esses são seus filhos, Laura e Marcelo - Augusto cumprimentou ainda com formalidade e foi correspondido pelos demais. Fernanda achou tudo muito estranho e sentou no banco de trás com as crianças.

A medida que foram andando pela cidade o carro entrou em um condomínio fechado com o nome de Laguna Heliport, Fernanda observava tudo atenta e calada. O carro passava por ruas de casas de alto luxo, quando de repente estacionou. Estavam à porta de uma mansão. O queixo de Fernanda caiu "Ela mora nessa casa?" ela pensava quando viu uma mulher muito parecida com Pitel, porém mais velha na porta da casa. Pitel saiu correndo do carro em direção aos braços da mãe, chorou compulsivamente de saudade.

- Cadê painho?

- Está lá dentro te esperando - O coração da menina estava acelerado, quando olhou para trás viu uma Fernanda sorrindo um pouco tímida.

- Está é Fernanda mãe, é na casa dela que eu moro! 

As mulheres se cumprimentaram com educação e a mãe de Pitel ficou entretida com ela enquanto Pitel buscava pelo pai. Logo os dois desceram e todos começaram a conversar. Ao subir para guardar as coisas, colocaram os meninos no quarto de hospedes e Fernanda foi com ela para o seu quarto, ao fechar a porta Fernanda falou:

- Que loucura é essa Pitel? Como você nunca me falou sobre isso antes?

- Isso não é sobre mim Nanda, é sobre eles. Sobre mim o que você precisa saber é apenas o que eu sou, o que gosto e que vamos construir juntas.

- Como não é sobre você garota, olha pra tudo isso! - Fernanda falava com um misto de empolgação e surpresa.

- Venha, deixa eu te mostrar minhas coisas! - Pitel desconversou puxando a carioca pelo braço e mostrando coisas do seu quarto como se fossem duas adolescentes.

A viagem transcorria muito bem. A família de Pitel estava encantada com Fernanda, que fazia questão em ser o mais agradável possível. As crianças alternavam entre banhos de piscina e de mar, na praia particular da Lagoa do Mundaú. Fizeram passeios de barco, visitaram Pajuçara, Ponta Verde, praia do Gunga e diversos passeios culinários. Fernanda estava encantada com a cidade e a recepção.

- Como você conseguiu deixar tudo isso aqui?

- Meu sonho de ser atriz é muito grande, mas hoje chego a pensar que fui pro Rio só pra te conhecer! - Fernanda se sentiu tomada por um carinho muito forte por aquela mulher que lhe fazia tão bem.

A sintonia entre as duas era tão real que todo mundo que era próximo a elas enxergavam nelas um encaixe perfeito. O pai de Pitel chegou a elogiar a carioca para filha, dizendo que enfim ela tinha conhecido um amor de verdade, Pitel ouviu as palavras do pai com muito apreço, pois admirava muito aquele homem. Sua mãe identificou de cara com a história de Fernanda e a criação dos filhos e proibiu a filha de retornar para a cidade sem estar acompanhada deles. Fernanda com um sorriso largo agradeceu o convite e retribuiu os chamando para sua cidade.

Quando chegaram no aeroporto Pitel sentia-se recarregada e em paz, pois havia conseguido o que queria: ver os pais e a confirmação de que não estava errada, Fernanda era a mulher da sua vida. Mesmo que seus pais não aprovassem, Pitel não voltaria atrás pois amava aquela carioca perdidamente, mas com certeza com a aprovação deles era muito melhor.

O avião decolava em três horas chegariam no Rio de Janeiro.

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