Artigo 157

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Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

(Código Penal Brasileiro)

Cometemos o erro de relaxar por tudo ter vindo fácil, pensava Cláudio

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Cometemos o erro de relaxar por tudo ter vindo fácil, pensava Cláudio. Mas o que vem fácil vai fácil, lembrou-se com pesar. Os homens, desconhecendo a presença dos ladrões, caíram como um pato em sua armadilha. Os visitantes, que chegaram de supetão justamente na hora da ação, não o fizeram.

Os quatro recém-chegados sacaram suas armas no instante em que perceberam que algo de errado não estava certo. Sem afobação nem movimentos bruscos para denunciar sua presença, experientes e profissionais, os homens, que haviam saído de um carro de luxo preto — típico de figuras importantes —, caminharam na direção dos guardas. Estes estavam parados demais para seu gosto, tendo em vista o serviço prestado por eles.

Assim seguiram, cautelosos, contando com não serem detectados. Falhando nesse propósito.

Enquanto tranquilizava um dos seguranças com uma moderada asfixia, Cláudio entreviu-os. E não somente os flagrou. Também encontrou uma figura conhecida em meio aos homens que, àquela altura, já cercavam o veículo blindado. Deu de cara com seu bicho papão, alguém a quem devia alguns milhares com juros e fora responsável pela cicatriz em sua barriga.

Gilberto Bragança chegara na hora errada. Isso era um fato. Fosse por uma espécie de vistoria ou apenas por ter esquecido seus óculos no banco, a chegada do magnata interferiu em seus planos.

Cláudio, possesso, naquele curto espaço de tempo da aproximação daquele homem, questionou-se incontáveis vezes sobre a natureza daquela visita ao banco àquela hora. Coisa certa não é, concluiu ele. Se havia alguém que não se metia em coisa certa, esse alguém era o sr. Bragança.

Além de dono do AgioBank, um nome adequado para o banco de fachada de um agiota, Bragança era um empresário multifacetado, indo de bicheiro a empreendedor no ramo dos prazeres noturnos. Em suma, dominava a cidade. Acima de tudo, era macaco velho. Para ele, não se ensinava truques. Era ele quem dava aula na escola do crime.

Salvaguardando-se, ao chegar numa distância segura, atirou primeiro para perguntar depois. Cláudio e Liz, no fundo do carro, naquela câmara metálica, ao lado de outros dois companheiros, em meio ao dinheiro embalado e armas retiradas dos homens desacordados, tiveram de pensar rápido. Ambos chegaram à mesma conclusão: utilizá-los como escudos humanos.

O zunir das balas, tão perto de seus corpos, foram a sacudida necessária para fazê-los acordar para a vida e perceber o quão encrencados estavam. Tinham acabado de comprar briga com um peixe grande. Não sairiam dali sem uma bela briga. Nem sem enfrentar o risco de quebrar a linha que segurava o anzol e os mantinha com o dinheiro em mãos.

A violência foi a solução.

Cláudio, Liz e sua trupe puseram as armas para trabalhar e abriram fogo. Havia superioridade numérica, por sorte, mas desvantagem no quesito habilidade. Apenas Cláudio, cujo preparo com seu velho revólver atuaram em seu favor, mostrara ter uma pontaria precisa e altamente seleta.

Enquanto os demais membros da equipe se ocuparam dos seguranças particulares que os acossavam, Cláudio mirou alto. Mirou na cabeça do sr. Bragança e apertou o gatilho sem pensar duas vezes.

O homem caiu duro no exato segundo em que a bala atravessou seu crânio. Receoso, mas determinado a confirmar aquela execução, Cláudio desceu do fundo do veículo e chegou perto corpo caído com cuidado, ainda de arma em punho, e checou o pulso do potencial falecido. Nada.

Tendo constatado a morte dele, Cláudio suspirou, aliviado. Um problema a menos, pensava ele. Agora precisaria pagar dívidas a senhor ninguém.

Acabara de assassinar o maioral de São Salvador: Gilberto Bragança. E tinha noção de que sua vida não seria somente arco-íris e perdão de dívidas. Matá-lo não sairia barato, bem sabia. No momento, entretanto, fugir era o essencial. Deixaria para se preocupar com os desfechos daquela morte depois de a correria passar. De preferência contando as cédulas de R$100 ao lado da gostosa que descolara a muito custo.

Às pressas, com um desleixo que certamente deixou Liz à beira de um colapso, livraram-se dos seguranças da transportadora de valores e se evadiram do local no carro blindado. Descumpriram todas as regras. Avacalharam todo o plano em nome de uma fuga desesperada, impensada e inconsequente. Puseram tudo a perder em nome da ruína.

Depois dessa fuga, tudo desandou. A polícia, alertada pela troca de tiros que captou a atenção dos moradores da redondeza, tratou de seguir o blindado.

Essa perseguição terminou num beco sem saída. Ou melhor, numa via ampla, que seguia adiante e permitiria uma fuga de sucesso caso não houvesse sido interditada por uma barricada de viaturas e policiais armados.

— Atenção! — disse o policial ao megafone. — Vocês estão cercados. Desçam do veículo imediatamente, entreguem as armas e mantenham as mãos para cima. — Os associados de Cláudio e Liz desceram do carro aos poucos, obedecendo às ordens e deixando-os para trás. — Todos — acrescentou o policial ao perceber que restavam integrantes do bando —, repito, todos devem abandonar o veículo e se entregar.

Com as chances de escapar reduzidas a zero, viram-se diante de opções limitadas, algumas muito desagradáveis. Poderiam se render, enfrentar acusações de roubo e homicídio doloso, sujeitos a penas de até 40 anos, e passar sua juventude inteira encarcerados, longe um do outro. Poderiam tentar uma fuga digna de filmes de ação, na qual escapariam ilesos das viaturas em movimento. Poderiam...

Liz e Cláudio, retirando as máscaras pretas, entreolharam-se. Conversaram sem dizer palavra. Renderam-se a um beijo passional — algo que não poderiam fazer por muito tempo dali em diante. E, de mãos dadas, saíram do fundo do veículo com uma resolução em mente.

Dispararam na direção dos policiais como se não houvesse amanhã.

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