Liz, por mais incrível que parecesse, confiava plenamente em outra pessoa. Nas horas de desespero, como a que se encontrava, sempre recorria a este alguém.
A pessoa em questão era ninguém menos que Ana Lúcia Pimentel de Castillo, sua melhor amiga e uma incrível cirurgiã. No automático, discou o número dela — que não salvara no celular por questões de segurança — e torceu para ser acudida.
— Alô? — disse Liz assim que o bipe de discagem cessou.
— Não, não e não. — Sua amiga atendeu o telefone já em completa negação.
— Nalu, deixa disso. Me ouve primeiro — pediu ela.
— Miga, é quase meia-noite. Você não me ligou pra botar o papo em dia. E eu vou pegar um plantão de 24h amanhã cedinho, preciso descansar. Seja qual for o pepino da vez, tô sem condições de resolver — decretou Ana Lúcia, a Nalu.
— Por favor. Pelos velhos tempos. — Liz recorreu ao sentimentalismo.
— Velhos tempos da semana passada em que você brotou no meu apartamento com uma mala de dinheiro? Esses velhos tempos? — Nalu questionou. — Miga, eu já sou sua cúmplice involuntária quase todo dia, me dá um desconto!
— É caso de vida ou morte — argumentou ela.
— Sempre é — resmungou Nalu.
— Não tô exagerando, Nalu. É caso de morte. Se quiser mais razões, eu posso apelar pro Código Penal. Nós duas sabemos que omissão de socorro não cai bem pra uma médica.
— Desde quando você liga pro Código Penal? — Nalu bufou. — Que seja! O que é tão urgente assim? Não me diga que você se machucou fazendo seu parkour noturno...
— Nalu, é grave. Só... traga o kit e venha depressa. O resto eu explico quando você chegar. — Liz desligou.
Quando Nalu enfim chegou, Liz puxou-a pelo braço e a levou para dentro do quarto, ainda sem dar maiores explicações. Ao ver o homem ensanguentado no chão, Nalu suplicou, em um tom contido:
YOU ARE READING
Crime (im)perfeito
General Fiction+16 | Completo | Liz, vulgo Dama da Noite, tornou-se uma espécie de subcelebridade ao deixar a cidade de São Salvador em polvorosa com seus furtos noturnos. Diante de seus crimes perfeitos, os agentes da lei ficaram de mãos atadas e pediram ajuda ao...