A Dama da Noite

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Cláudio completava o 15º dia de hospedagem na segunda casa de Liz

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Cláudio completava o 15º dia de hospedagem na segunda casa de Liz. O dobro da duração de sua estadia que esperara.

Os pontos estavam no devido lugar, a ferida secara e já começava a cicatrizar. Não havia uma razão para prendê-lo ali, entretanto, ela não o expulsara até o momento. Descumprira o prometido.

Pra quem não me queria nem por uma noite, aguentou com tranquilidade. O pensamento o entreve durante sua jornada de mexer a colher na panela e, em intervalos cada vez menores, levá-la à boca para provar o caldo. Não descansaria enquanto não estivesse idêntico ao de dona Conceição, sua querida mãe — que àquela altura, sem notícias do filho, provavelmente assumira o pior e o procurava em obituários ou necrotérios.

Curiosamente, a preocupação com a mãe não o incomodava tanto quanto pressentira a princípio. Talvez tivesse algo a ver com o fato de ser cuidado pela enfermeira mais gostosa do Brasil e, de quebra, poder ser expectador da rotina dela.

Apesar de ela passar a maior parte do dia fora de casa, fazendo sabe-se lá o quê, Cláudio ainda conseguia capturar as cenas do cotidiano de Liz com seus olhos atentos. Nunca se decepcionava. Nem diante das caretas, mau humor e constante descontentamento parava de pensar nela como sua bela salvadora.

Naquele dia, terminava de preparar o jantar quando ela chegou e atirou a bolsa no sofá com força. Olhou por cima do ombro, após se surpreender com o estrondo do pobre estofado, que sofreu com o golpe.

Ela vinha em sua direção, estressada como sempre. Sua boca principiava uma reclamação, mas Cláudio a repeliu ao anunciar:

— Carne de panela, pra alegrar seu dia — revelou o prato principal.

— Impossível — decretou — Nem suas comidas de vó conseguirão melhorar meu dia — assegurou-o, categórica e rabugenta. Ainda assim, aproximava-se do fogão, contradizia suas palavras.

— O que eu já te falei sobre esse negócio de "nunca", princesa? Confia. — Abriu um sorriso deslavado. — Tá uma delícia. Prova aqui. — Ele enfiou a colher de pau na panela e lhe deu para experimentar. Uma prévia da refeição da noite mudaria a opinião dela, tinha certeza disso.

— Hum... — Liz saboreou a colherada, cerrando os olhos involuntariamente. — Você facilitaria a minha vida se não cozinhasse tão bem.

Pronto, lá vem! Tava demorando. Vai inventar desculpinha pra fingir que ainda tô aqui só pela comida caseira.

— Você é quem tem de facilitar pro meu lado e assumir que gosta da minha companhia e não quer se despedir de mim — retorquiu ele.

— Ah, me poupe, viu! Vou cuidar que eu ganho mais. — Devolveu a colher para ele com um movimento brusco e foi embora pisando firme. 

 

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Crime (im)perfeitoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن