— Conheço cada um deles. Confio neles. Isso me basta — afirmou, categórico, transmitindo uma segurança que até então Liz nunca havia visto.

— Daí quer que eu confie em sua palavra, não é? — deduziu ela.

— Exato — respondeu ele, sucinto.

— Pois bem. Darei o benefício da dúvida — afirmou ela. — É bom você não me desapontar.

Um salto de fé. Precisava dá-lo ao se meter naquela empreitada. E havia nela a coragem para dar quantos saltos fossem precisos só para sentir aquela eletricidade invadindo seu corpo, a adrenalina o percorrendo. Daria seu máximo naquele furto insignificante. Afinal, ele seria um ótimo exercício para sacudir o esqueleto.

 Afinal, ele seria um ótimo exercício para sacudir o esqueleto

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Quando sua vez chegara, a conversa foi outra. Liz explicava passo a passo como quem alfabetizava uma criança de 5 anos. Cláudio balançava a cabeça. Se estava entendendo ou fingindo, ela não sabia dizer. Era difícil, quase impossível em verdade, determiná-lo.

Preferiu assumir que era compreendida e continuou com a palestra educativa na esperança de que alguma coisa entrasse na cabeça dele. Quando terminou a primeira leva de informações, decidiu recapitular para não deixar pontas soltas — as partes mais capciosas de uma trama.

Liz repassava as etapas, ressaltando a importância de se atentar aos detalhes. Cláudio aparentemente viajava no mundo da lua. Nem sei por que ainda me surpreendo.

Enrolou as folhas de papel, deixando-as em formato de cilindro, e acertou a cabeça dele com um golpe preciso.

— Ô, caralho! — Cláudio quase caiu do sofá, num sobressalto.

— Preste atenção! Isso aqui não é um botequim qualquer, eu me desdobrei pra arranjar essas plantas — vociferou ela, de paciência esgotada.

— Sim, senhor... ita — confirmou, ainda impactado pelo súbito despertar para a realidade, e sentou-se de novo.

Liz alisou a planta do edifício onde ficava a joalheria — alvo do furto — e repetiu tudo, tim-tim por tim-tim, olhando-o nos olhos para se certificar de que ele não ficara disperso no meio do raciocínio.

Por sorte — ou espontânea pressão exercida por ela —, ele não tornara a se distrair. Restava, então, os pormenores. Não menos importantes que o panorama do assalto. Aliás, alguns mais importantes do que o furto em si. A questão da segurança era a principal e a mais crucial.

— Você sabe desativar uma câmera, não sabe? — Liz quis certificar-se.

— Tenho cara de amador? — Cláudio arqueou uma sobrancelha e recostou-se no sofá.

— Pior! Tem cara de folgado — retrucou ela. — Mas isso não é nada que eu não consiga resolver em dois pulos. Te mostro quantas vezes for preciso. Até o fim do dia você aprende.

Cláudio franziu os lábios. Pelo visto se ofendera para valer com o convencimento dela.

— Princesa, tiro dinheiro do bolso de desavisado desde criança, fácil, fácil. E nunca fui pego por essas pragas. Cê tá querendo ensinar o padre a rezar missa — falou ele, seguro de si. — Preocupa não, linda. Sei me virar com bem menos do que cê tem — garantiu-lhe.

— Mas não vai precisar economizar desta vez — alertou ela. — Em nada. Todo empenho, todo cuidado, tudo é pouco. Precisa ser perfeito, entende?

— Claro. Senão mancharia o nome da Dama da Noite, correto? Não é essa a sua preocupação? — Desvendou o ponto-chave de tanta insistência. — Desencana, tá? Não vou foder com teu baba.

É pra eu confiar em você?

Liz sabia que era. Ambos tinham consciência de que precisariam confiar cegamente um no outro para seus planos se concretizarem. Isso, no entanto, era mais fácil de dizer do que fazer. Ainda assim, tentavam pôr em prática.

Logo partiram para outra revisão. Revisitariam a papelada à exaustão, se isso se fizesse necessário. E se fez, em vista da falta de familiaridade com a obra do outro.

Três horas depois, quando ambos careciam de um descanso para não sobrecarregarem a mente e pifarem antes da noite cair, partiram para as considerações finais. Cláudio apontou um círculo vermelho no mapa para tirar uma dúvida.

— Nos encontramos aqui? — perguntou ele.

— Se você não levar bala e cair na casa dos outros de novo, sim — confirmou ela, amigável como de costume.

— Então pode me esperar lá. — Estendeu a mão, esperando pelo cumprimento que até o momento Liz não havia se dignado a dar.

— Cinco minutos. Essa é a tolerância. Nem um minuto a mais. — Ela segurou a mão dele e apertou-a, para surpresa de Cláudio.— Palavra de honra.

Enfim a volta dos que não foram ~risos~Espero que não tenham desistido de mim ou achado que abandonei a história por conta da demora ('▽'ʃ♡ƪ)

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Enfim a volta dos que não foram ~risos~
Espero que não tenham desistido de mim ou achado que abandonei a história por conta da demora ('▽'ʃ♡ƪ)

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Crime (im)perfeitoWhere stories live. Discover now