Esquemas

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Liz e Cláudio sentaram-se à mesa de centro da sala, que agora mais parecia a oficina de trabalho de um arquiteto do tanto de plantas baixas amontoadas sobre sua superfície

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Liz e Cláudio sentaram-se à mesa de centro da sala, que agora mais parecia a oficina de trabalho de um arquiteto do tanto de plantas baixas amontoadas sobre sua superfície. Concentrados como numa reunião acadêmica, discutiam sobre a troca de furtos.

— O assalto seria mais um da série que a gente tava planejando — contou Cláudio, expondo um rascunho à lápis em uma folha de caderno, feito por ele mesmo, às pressas.

— A gente? — Liz arregalou os olhos. — Esse é um trabalho pra quantas pessoas?

— Em teoria, era eu e mais cinco manos. Um levou enquadro, tinha um três-oitão com número raspado, pegou seis anos, o time ficou desfalcado — explicou, expondo-se até demais. — No fim, ficamos em cinco.

Um baleado em confusão de bar. Outro com porte ilegal de arma... Tenho um ótimo nome pra o grupinho dele: "Os Atrapalhadões". Grande trupe de assaltantes. Liz sorriu. Seu olhar voltou ao normal, seus ombros relaxaram.

Algo que cinco bobalhões sem meio neurônio sequer conseguiriam executar, para ela, seria como um passeio de férias — assim pensava. Um retorno suave depois do tempo de inatividade.

— Então você quer que eu faça o trabalho de cinco ladrões de supermercado? Chega a ser cômico — desdenhou ela.

— Roubar supermercado é mais difícil do que você imagina — contrapôs ele.

— Pra quem é incompetente, imagino que sim — retrucou ela.

— Têm câmera pra todo lado. Alguns tem segurança. E você sabe a cor de quem os seguranças sempre seguem independentemente de qualquer coisa — Cláudio expôs.

— Ambos contornáveis — refutou o argumento dele, em tom de menosprezo.

— Pra alguém que contorna até a polícia... — insinuou ele.

— Tá bom. Você tem um ponto. Satisfeito? — interrogou Liz, irônica.

— Quer saber? Tô sim — afirmou, ignorando o sarcasmo dela. — Agora vamos voltar ao que interessa? — indagou ele.

Empolgado, Cláudio lançou mão de outro de seus improvisos. Um esboço da disposição dos elementos básicos do assalto, incluindo a localização do cofre. Não era tão elaborado quanto a papelada de Liz — visto que o fizera em cima da hora, sob o olhar condenatório dela —, mas dava para o gasto — dadas as atuais circunstâncias.

— Ótimo. Dá pra executar tranquilamente — constatou ao analisar suas possíveis rotas de entrada e fuga. De repente, como em um solavanco, lembrou-se de algo que quase deixara passar. — Uma última pergunta: nenhum de seus associados aparecerá de surpresa pra reclamar o prêmio, certo? — levantou o questionamento.

— Aí tá o pulo da gata. Você vai chegar uma semana antes deles — esclareceu, sorridente.

— Como tem certeza de que eles irão seguir seu cronograma? Sabe se eles não vão adiantar a fita?

Crime (im)perfeitoWhere stories live. Discover now