Capítulo 2

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MEL TORRES

TERÇA FEIRA- SEIS DIAS, ANTES DA MINHA MORTE

Atravesso a porta de casa em completo silencio, torcendo para que meu pai já tenha cansado de me esperar, e tenha ido dormir. Ao atravessar a porta da sala me deparo com o cômodo em completo escuridão. Um alívio percorre meu corpo. Sigo direito para a escada que dá ao andar de cima, onde se localiza meu quarto. Ao pisar do primeiro degrau, escuto uma tosse, que faz com que meu coração gele no mesmo instante. Viro meu corpo lentamente e me deparo com uma figura. Está sentado no sofá, fumando um charuto. Como pude não ter percebido a presença dele ali antes?

---- mel, sabe que horas são? ---- a voz dele me dá arrepios. A cidade inteira beija os pês do meu pai. É cansativo escuta a quão maravilhoso e gentil ele é. Há se soubessem o mostro que vive nessa pele de cordeiro

---- sinto muito senhor ---- lembro uma vez quando me esqueci e o chamei de pai, a marca em meu rosto duro por dias. Senhor, é assim que ele gosta de ser chamado. E é assim que eu e a minha mãe nos dirigimos a ele.

---- soube que recebeu o resultado da prova. Me entregue ---- ele se levanto do sofá e vem em minha direção. Meu pai é um homem grande e forte. Sempre cuido muito de sua aparência. Apesar de estar com os seus 40 anos, eu não daria mais de 32 para ele.

---- eu acho que perdi no caminho ----- mentira a folha está dentro da minha bolsa, mas nem a pau posso mostrar aquela prova. Vejo em seu rosto que não está tento um bom dia. Isso só serviria para descontar sua fúria em mim.

Ele avança na minha direção e me segura com força pelo braço ---- vou ter que arrancar a força? ----- em sua outra ainda se encontra o charuto. ele se afastar ao percebe que fiquei abalada, e recoloca o charuto na boca novamente ---- só me entrega logo essa porra

Às vezes é difícil conseguir me controlar, sendo que só a presença dele já me faz sentir vontade de vomitar. Meu pai é um homem agressivo. Mas ele só é agressivo comigo e com a minha mãe.

Vejo que não tenho escolha, então tiro a bolsa das minhas costas e tiro com cuidado a folha que dobrei e guardei entre meu caderno de matemática e geometria. Com o coração quase saindo pela garganta lhe entrego a folha, já esperando o que virar em seguida

----- Um 86, porra? Você está brincando com a minha cara. Eu pago a melhor escola, para você vim com essa porcaria de nota ---- o rosto dele está ardendo de raiva, preciso recua um passo, já que ele está gritando na minha cara, e o seu hálito, indica que ando bebendo novamente

---- eu não sei o que aconteceu, eu me esforcei. Eu sinto muito, me desculpa ---- tento controla o choro que luta para sai. Se tem algo que o deixa o mais irritado é o choro. No meu aniversário de 8 anos, ganhei uma bicicleta de um amigo do papai. Lembro do quanto fiquei animada. No outro dia, sai no jardim para aprender a andar. Depois de muitas tentativas, conseguir da algumas pedaladas. Mas acabei me desequilibrando já que a bicicleta era muito grande para a minha idade. O resultado foi um corte profundo no joelho. Lembro de ver a minha mãe correndo na minha direção. Tentando me acalma, mas eu berrava por conta da dor. Meu pai veio logo em seguida com um cinto. Ele me golpeou várias vezes. Fiquei sem entender o motivo, foi a primeira vez que o vi descontrolado. "APENAS OS FRACOS CHORAM, E VOCE NÃO É FRACA" ele gritava feito louco. No outro dia com 7 pontos no joelho, vi meu pai colocando fogo na minha bicicleta, pela janela do meu quarto.

---- o que eu tinha cabeça, quando deixei sua mãe continua com a gravidez. Eu disse a ela que era melhor abortar. Que eu não queria uma filha. Agora olha a decepção que eu tenho que lidar... some da minha frente, antes que eu faça uma loucura.

Louco Por Você +18 Where stories live. Discover now