Capítulo 19

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Dando de ombros, ele murmura:

Ucker: Suponho que sim. Todos os outros estavam muito a favor. Foi o que mais fez sentido. – Ele olha para o barco e depois para mim. – Um pessoal da imprensa apareceu aqui hoje cedo.

Dul: Deve ter sido uma loucura. - Ele deixa um sorriso se insinuar nos lábios.

Ucker: É. - Gaivotas grasnam ao longe e o momento me parece tão estranhamente familiar, mesmo sabendo que nunca acontecera. Apenas me sinto calma aqui com ele. Gosto de vê-lo assim: perto do barco, imundo, provavelmente faminto. É insuportável esse sentimento de querer tanto cuidar dele.

Dul: Christopher? – começo e ele levanta os olhos de onde estava esfregando uma mancha no dorso da mão para encontrar o meu olhar.

Ucker: Hum?

Dul: Vim aqui porque a forma como você foi embora foi muito difícil pra mim. Acho que precisava te contar isso. – Engolindo, digo: – Mas a coisa mais importante que eu queria dizer é que me sinto horrível pelo que fiz. - Suas sobrancelhas sobem, mas ele não diz nada. – Eu nunca deveria ter ido até o Sal sem falar com você primeiro. Nunca deveria ter oferecido o seu barco a ninguém. Foi errado. Desculpe. - Assentindo devagar, ele diz:

Ucker: Tudo bem. - Fecho os olhos, estremecendo com a dor aguda no meu peito. Ele está tão fechado, tão certo de ter terminado comigo.

Dul: Só quero que saiba que eu não fiz aquilo por achar que você precisava da minha ajuda. Fiz porque é o que fazemos na minha família quando amamos alguém. Não estava tentando salvar você, estava tentando achar um jeito de salvar a gente. - Ele engole pesado, seus olhos fixos nos meus lábios por um momento.

Ucker: É? - Confirmo com a cabeça.

Dul: É. - Esperava que ele dissesse mais coisas. Esperava que ele me desse mais do que isso, mais do que um punhado de palavras que me deixam sem ter para onde ir. Ele está parado como uma parede de tijolos em uma rua sem saída, sua postura me dizendo que não existe emoção nenhuma ali.

Enquanto estamos parados em silêncio, ele me examina da cabeça aos pés, e sob o seu olhar, me dou conta de como minhas roupas devem estar parecendo para ele. Devo estar parecendo o retrato da americana branquela em Vamos Passar um Dia no Barco. E sei que estou certa quando os lábios dele se curvam em um sorriso afiado e ele diz:

Ucker: Você parece tão inadequada aqui, Traquinas. - O fogo se acende na minha barriga e eu respiro fundo, tão ferida pelo seu tom e sua guinada total e sua habilidade de desligar os sentimentos como um interruptor. Meu problema? Um i maiúsculo de "Implicar comigo". Não sei mais onde ir a partir daqui.

Dul: Eu devo ter pensado o mesmo de você, na minha cidade. Mas eu nunca teria dito. Gostava muito de ver você ali. Gostava do jeito como você sobressaía.

Ucker: Dulce... - Cruzo os braços, virando-me para sair. Mas então paro e volto a olhar para ele.

Dul: Antes que eu me esqueça... Não estou grávida. Obrigada por perguntar.

P.O.V. Ucker

Levi: Ela não parecia exatamente feliz quando foi embora – ele nota, recostando-se na parede da cabine do leme e me estudando enquanto subo as escadas. Solto um grunhido e pulo sobre o corrimão. Parece que meu estômago foi preenchido com ácido de bateria. Que porra acabou de acontecer ali? Eu realmente deixei Dulce ir embora? Realmente esqueci que ela poderia estar grávida? Mesmo naquele momento não pareceu uma possibilidade real, talvez porque o medo foi rapidamente ofuscado por nossas declarações de amor, pela festa e pelas brigas que se seguiram. Sou o maior – o mais egoísta – canalha de todos os tempos. São só as lembranças daquela noite, de tê-la subindo em cima de mim, minhas mãos puxando para o lado a minúscula tira de renda, como foi fácil deslizar para dentro dela, quão rápido nós revelamos que... isso me deixa balançado. Não estávamos apenas transando dentro do carro. Eu já amava tanto essa garota que fiquei descuidado.

No sé si es AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora