Capítulo 4

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Quando Christopher observa a loja por cima do meu ombro, aproveito a oportunidade para dar uma boa olhada nele. Não consigo encontrar um único defeito no corpo desse homem, e sou mulher o bastante para admitir que estou completamente obcecada por seus antebraços. São grossos, fortes, cada músculo bem definido. Quero vê-lo puxar uma rede enorme no deque de seu barco. Nossa, que maravilhoso filme pornô de pescador ele faria!

Ucker: O que você está pensando? – ele pergunta e eu pisco na sua cara.

Dul: Tentando decidir se quero comprar um par de botas que vi no caminho pra cá. – Uma mentira, mas ele acredita. É óbvio que Christopher está confortável com meu papel de garota consumista e cabeça-de-vento, e definitivamente ele não precisa saber que acabei de recrutá-lo para o papel de Pescador Salgado nº1 na pequena produção caseira Mastro Levantado, Deque Molhado.

Ucker: Se está na dúvida, compre – ele responde seco. – Não é o que eu deveria dizer?

Dul: Não acho que você precisa opinar sobre as botas.

Ucker: Ainda bem – ele murmura e se dirije até o outro lado da loja ao ver Ansel e Mia chegarem. Um abandono tão sem cerimônia. Estou até aliviada por ter sido assim fácil. Viu? Sem necessidade de tropeçar e cair naquele papo tenso de eu-estava-bêbada-demais do dia seguinte. Christopher e eu já tínhamos passado por isso em uma escala muito maior, com o casamento e a consumação sexual. Para não falar dos constrangimentos do dia seguinte. Mia passa por ele, dando uma piscadinha de reconhecimento antes de me entregar um copo de plástico com o logotipo da Whole Foods e uma mistura de suco verde.

Mia: Ouvi dizer que desintoxica o corpo do efeito de decisões duvidosas.

Dul: Na verdade, a noite de ontem foi uma decisão divertida. Céus, não consigo parar de apreciar aquele F físico – admito. Olho por instinto na direção de onde Christopher está com Oliver e Ansel, e ele me encara exatamente ao mesmo tempo. Ele desvia o olhar assim que nossos olhos se encontram, e os outros rapazes se inclinam para ouvir o que ele está dizendo. Parece que ele está "sexplicando".

Mia: Aquele ali chegou a falar ontem à noite? Sei como te aborrece quando ele tenta conversar.

Dul: Aquele ali até falou um pouco... não muito. Foi até razoável. Mas não transamos.

Mia: É, eu percebi. No carro, o Christopher meio que gaguejou qualquer coisa bêbada sobre estar com o saco explodindo. Cadê a Lola? - Perscruto o lado da loja onde a vi pela última vez, levantando o queixo enquanto os olhos da Mia acompanham os meus. Lola está tão absorta lendo um livro que nem parece perceber que uma festa de verdade está acontecendo, com pessoas conversando, fotos sendo tiradas, Não-Joe mostrando a loja aos clientes e todos parabenizando o Oliver pelo que fez com o lugar. Presumo que o Christopher está garantindo aos outros rapazes que não estamos nos aproximando das fronteiras da Dinâmica de Grupo Embaraçosa quando o Ansel vem se juntar a Mia, passando um braço comprido em torno dos ombros dela. Ele a espreme ao seu lado antes de se curvar para um beijo. Ela é tão pequena e ele é tão alto que o efeito é bem cômico. Enquanto isso acontece, Mia praticamente some da minha vista.

Dul: Vocês precisam de um pouco de privacidade? – Ansel fala dentro da boca dela:

Ansel: Seria maravilhoso, obrigado. Mande todos saírem. - Rindo, dou um safanão no ombro dele, e ele endireita Mia, colocando-a de novo em pé. Ela pressiona dois dedos contra os lábios enquanto levanta os olhos para ele, corada e um pouco sem fôlego, e por um momento, só por um piscar de olhos, desejo isso que eles têm com tanta vontade que sinto meu peito apertar. Mas logo passa.

Ucker: Estamos pensando em arranjar algo pra almoçar – ele comenta, atrás de mim, e... merda! Aquele minúsculo ponto de calor volta a queimar no meu peito. Mia lança-me um olhar atravessado para avaliar minha reação. Ele está bem atrás de mim e eu escancaro os olhos para dizer a ela tudo bem, tudo maravilhosamente bem.

No sé si es AmorWhere stories live. Discover now