Capítulo 18

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Tanea: Querida – ela diz, colocando uma mão quente na minha bochecha –, seu coração sempre está no lugar certo. Mas uma parceria sempre começa pelo começo. Quando eu fiz aquele comercial ridículo de xampu quase dez anos atrás para ajudar o papai a comprar a primeira câmera com a qual rodou seu primeiro curta metragem, decidimos que iríamos fazer aquilo juntos.

Dul: Entendo que o Christopher tenha ficado chateado por eu não tê-lo avisado, mas não entendo por que ele não mudou de ideia e percebeu que era um bom negócio ou, pelo menos, por que não discutiu isso comigo. Não é como se eu tivesse feito um contrato com o Sal, ele só estava interessado. Ele perdeu a cabeça.

Tanea: O que você acha que papai faria se eu tivesse voltado da filmagem do comercial e dado a ele um cheque, dizendo "Vá comprar sua câmera, docinho"? - Rolo com a cara no travesseiro e gemo.

Dul: Puta merda.

Erick: Quem estamos xingando? – papai pergunta do batente da porta, levando a caneca de café até a boca.

Tanea: Sua filha está aprendendo regras de relacionamento.

Erick: Finalmente.

Dul: Vocês vão me dar esporro? – pergunto, saindo da cama em um acesso de raiva simulada. - Estou muito ocupada e tenho coisas importantes a fazer.

Erick: Você trabalha hoje? – papai grita enquanto desço as escadas. Posso perceber em seu tom de voz que ele está convencido que não. Paro no terceiro degrau, virando um olhar feio que ele não pode ver.

Dul: Não! – grito de volta.

Erick: Ligue pro Christopher! – papai grita na minha direção. – Gosto dele!

O problema é: não quero ligar para o Christopher. Quero dirigir até o Canadá, dar um chute no saco dele e depois dirigir de volta para casa. Ele está agindo como um bebê, e ir embora do jeito que foi só prova como é um cuzão. Estou tentada a mandar para ele, pelo correio, uma cesta de presentes com um linguado de plástico, uma cópia em DVD do último filme do Salvatore e um pacote de absorventes. Estou deixando oficialmente meu emprego na NBC e juro que ninguém vai notar que saí. Se notarem, o roteiro do filme será Garota de Hollywood não aguenta servir cafezinho.

Salvatore arrumou um escritório para mim em seu edifício, e quando afirmo que sou a melhor garota do café que ele já teve, ele ri e me diz que isso é ótimo, mas eu provavelmente terei que acompanhá-lo nos escritórios de Los Angeles durante três dias por semana, pelo menos, então outra pessoa terá que dar conta de servir o café. Essa notícia caiu como uma bomba cheia de glitter e bichinhos de pelúcia no meu colo: ele não apenas me deu um emprego, mas fez de mim sua primeira assistente. Deixei um cargo de servidora de cafezinho na NBC para ser o braço direito de um dos maiores produtores de Hollywood. Meu pai nem pisca enquanto conto a ele as novidades:

Erick: Sabia que era questão de tempo – ele diz e me dá aquele sorriso que me faz sentir a estrela mais linda e brilhante em todo o céu. No entanto, mesmo com essa enorme mudança no horizonte e uma semana cheia de telefonemas e contratos e mudanças de móveis de escritório... é esquisito uma semana inteira sem o Christopher por perto. Quase ligo para ele uma centena de vezes, apenas para dizer o que fiz durante o dia ou para compartilhar meu entusiasmo pelo trabalho com o Sal. Mas tão logo tiro o celular da bolsa e noto a completa ausência de mensagens, chamadas ou e-mails dele, consigo lutar contra o impulso de trazê-lo de volta à minha vida. Salvatore o menciona durante o almoço, apenas uma semana depois que Christopher deixou a cidade:

Sal: Seu namorado tem certeza... - Aponto meu garfo para ele.

Dul: Ele não é meu namorado.

Sal: Certo, certo, o seu amigo, Christopher, assim está melhor? Ele é um cavalheiro. Estava preocupado que os reparos do barco poderiam custar mais do que o valor usado para o set, e disse que não poderia trabalhar conosco nesse período, mas sugeriu ótimas opções naquela área e concordou em ser nosso principal consultor para o Horizonte livre.

No sé si es AmorWhere stories live. Discover now