12 - Bunduda, Touro e Mamãe

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MYOUI MINA, 21 DE MAIO DE 2023, COREIA DO SUL

Recordo-me de forma clara o fato de que nunca, em hipótese alguma, fui uma criança barulhenta. Desde sempre antissocial e bastante tímida, preferia ler ou estudar ao invés de correr pela casa gigantesca de Im Nayeon e Myoui Seokmin. Quiçá por vergonha ou medo do mais velho. Apesar de parecer monótono ou sem graça, até mesmo aparentar que não aproveitei minha infância, arrisco dizer que não me arrependo.

Não quando retorno todos os domingos para essa mansão, desde minha mudança de país. Além disso, com diversos fatores que estão em prol de deixar meu humor extremamente equilibrado: o cheiro de café se espalhando pelo ambiente e adentrando minhas vias respiratórias; a sensação de nostalgia por ter passado toda a minha infância naquela residência e ela permanecer exatamente igual; o clima agradável entre aqueles presentes na mesa de jantar onde o café da manhã era posto por Edileuza; e, acima de tudo, a ausência de Seokmin.

Sem homens, sem situações estressantes. Apenas eu, Momo e Nayeon.

- E a margarida, onde que tá? - Momo questionou, me tirando de meus devaneios.

Hirai fazia uso de um biquíni preto que dava ênfase demais ao seu busto. Desviei o olhar, sentia como se fosse um desrespeito. Eu sei que sou depravada e muitas vezes não tenho escrúpulos quando o assunto é secar alguém, mas, Momo é como uma irmã pra mim. Além de que ela é comprometida. Mesmo que eu odeie essas demonstrações toscas de afeto ou seja lá o que for isso, devo admitir que só Momo conseguiu me aguentar por todos esses anos. Aceito que tenho uma personalidade complicada.

- O Seokmin? - Nayeon perguntou, de forma praticamente retórica. Deu de ombros. Não se importava com o paradeiro dele, de fato. - Deve tá comendo puta por aí, não me importo.

- Coitada, aceitou o chifre. - Murmurei, zombeteira.

- Tão nova... - Momo continuou e Nayeon riu alto.

Não porque achou engraçado e sim porque, pelo tom da risada, ela claramente iria jogar a faca que segurava no nosso olho.

- Vocês não testem a minha paciência, suas pestes! - Ela começou a resmungar. - Olha, eu sei que eu não tô nova, mas juro que quando eu estiver amassando bosta de tão coroca, jogo a merda na cara de vocês!

Eu ri. Nayeon e suas piadas sobre a velhice. Beberiquei meu café quente, suspirando satisfeita. Café é tão gostoso.

- Tá um sol do caralho! - Momo exclamou. Não soube diferenciar se seu tom beirava a animação ou reclamação.

- Menina, olha a boca, porra! - Disse Im, totalmente contraditória. - Só sabe falar palavrão nesse caralho! Rebanho de merda que sai dessa boca de buceta quadrada, quando tua mãe te pegar...

- Que mãe? - Eu e Momo gargalhamos. Essa piada sempre foi muito boa.

A mãe de Momo faleceu no parto, então a Hirai conviveu com o pai a vida inteira. Momo sempre gostou de fazer piadas desse tipo, nunca a machucou. Ela sempre disse que não tem como você sentir falta de algo que você nunca teve. E eu concordava imensamente.

- Inferno! Vocês são muito problemáticas. - Nayeon soltou um riso soprado. - Fala alguma coisa, Mimi! Tá com essa boca de bueiro fechada porque, caralho?!

- Minha vida continua a mesma coisa, não mudou nada. - Conclui, certa de que o assunto se encerraria por ali.

E era um fato. Não tinha nada de diferente acontecendo, certo?

- Pois eu sei de uma coisa! - Momo falou com seu tom provocador.

- Pois conte, bicha! - Nayeon respondeu no mesmo tom.

Pieces Of Love Where stories live. Discover now