09 - Fedorenta, Afeminada e Chou Sana

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MINATOZAKI SANA, 11 DE MAIO DE 2023, COREIA DO SUL

Acabada psicologicamente e pensando seriamente em desistir da vida, eu me deparava procurando minhas chaves dentro da bolsa caríssima que eu faria questão de devolver. Já preparada para mais um esporro de Dahyun, entrei totalmente acanhada em minha própria residência. A pequena cozinha que era acoplada com uma minúscula sala de jantar era ocupada por Kim, que lavava a louça usada anteriormente. Bastou um olhar sério dela para que eu entendesse:

"Tá vendo esse pano de prato? É pra lhe dar uma surra, não é pra passar pra você, não! Passe! Daqui a pouco é uma chinela bem no meio da sua cara pra você aprender a ser gente."

Claramente dizia isso!

- Ela está no quarto? - Perguntei e Dahyun apontou para sala.

- Está assistindo Chaves na sala. Tenha a decência de pedir licença, por obséquio.

Assenti, ficando repentinamente nervosa. Caminhei até a sala, relutante, cogitando em me tornar uma covarde de merda e fugir dos meus próprios erros. Respirei bem fundo, ignorando o medo crescente e me aproximei de Tzuyu, sentando ao seu lado no sofá. Ela estava encolhida no sofá, uma coberta com estamapa de abelhinhas envolta de seu corpo pequeno.

- Tzutzu! - Dahyun apareceu na sala, ganhando a atenção dos olhos grandes da minha filha. - Eu vou comprar detergente lá na vovó Yoo, okay? Volto logo. - Tzuyu assentiu.

Dahyun saiu rapidamente, me deixando a sós com Tzuyu. Engoli em seco. Vamos, Sana, larga de ser covarde!

- Zuzu, hum, eu posso... - Ela me encarou, um biquinho nos lábios. - Eu posso conversar com você?

Ao contrário do que pensei, Tzuyu apenas assentiu, desligando a televisão momentaneamente. Suspirei aliviada ao constatar que ela não estava mais com raiva, apenas triste. Sim, é uma coisa ruim. Mas é melhor do que juntar tudo e ela explodir novamente. Serei cautelosa com minhas palavras, é um fato.

- Como você se sente em relação a essa situação? - Mordi os lábios nervosamente.

- Hum... - Após alguns instantes de silêncio, ela se pronunciou. - Eu não gostei. Você gosta mais da sua chefe do que de mim. - A voz calma foi ficando embargada conforme falava. - E eu não entendo nada, porque você vivia xingando ela, dizendo que a odiava. Odiava, mamãe! Você sempre diz que ódio é algo muito feio. Como você pode gostar mais de alguém que você odeia do que de alguém que você diz amar?

As palavras pareciam ter se perdido, emboladas na garganta. Minhas cordas vocais falhadas, como um velho cd arranhado. Tzuyu olhou bem fundo nos meus olhos, os olhos cintilavam as lágrimas, mas não deixou cair. Ela odeia chorar e saber disso só fez me sentir pior. Que tipo de mãe eu sou?

- Só vive trabalhando, não lembra que eu existo. Você esqueceu de mim. - O peito chiando de dor faziam par com as lágrimas que escorriam brutalmente pelas minhas bochechas. Doía feito o inferno. - E eu sei que vai falar que não me esqueceu, mas é tudo uma mentira. Você é mentirosa, mamãe. E mentir é feio, muito feio! Só pessoas malvadas fazem isso, então você é má. Uma pessoa má que só se importa com sua chefe, outra pessoa má que quer te tirar de mim!

Um soluço escapou de meus lábios, meu corpo inteiro tremia. Levei as mãos ao rosto, totalmente desestabilizada. O choro que eu havia guardado, o choro que me perturbou durante tanto tempo, veio a tona e de forma avassaladora.

- E mesmo assim, eu não te odeio. Você é minha mamãe! Mesmo que não goste de mim, vou te amar pra sempre. - Conforme ela falava, só me fazia constatar que sou uma filha da puta mesmo, mereço todo o sofrimento do mundo. - Falei aquilo porque estava com raiva, mas é uma mentira. Eu sou uma pessoa má por isso?

Pieces Of Love Where stories live. Discover now