Flerte silencioso

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Um curtinho só para vocês não dizerem que eu não amo vocês!

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Com a ponta do dedo ela abaixava propositalmente seu óculos escuro, dando aos olhos castanhos a oportunidade de enxergar tudo em cores reais. Verônica Torres estava ali talvez pela terceira ou quarta vez deitada na cadeira de sol, fingindo ler um livro como desculpa para sua presença na piscina do prédio. Fato era que só tinha olhos para uma única coisa, uma única pessoa e seu motivo chegava sempre em horários diferentes, quase como um acordo silencioso. Trocavam olhares, sorrisos e apenas isso, nem mesmo uma conversa fora iniciada, os nomes eram desconhecidos. Um flerte furtivo e gostoso que perdurava.

A mulher de fios loiros chegara quando o sol estava agradável, dessa vez com um biquíni vermelho que fazia a cabeça de Verônica girar em uma velocidade quase insuportável. O óculos fora baixado, ela lhe oferecera um sorriso enigmático e então colocara suas coisas em uma outra cadeira de praia, há duas cadeiras vazias de distância. Como de costume, o chinelo fora deixado de lado, possibilitando a entrada majestosa na água. Dia perfeito, sol perfeito. Mulher perfeita.

Torres acabara negando minimamente com a cabeça, tentando em vão afastar os pensamentos que começavam a querer aglomerar. Era incrível como qualquer livro, ou absolutamente qualquer coisa de súbito passava a ser insignificante, até mesmo desinteressante quando aquela mulher ali chegava. Os olhos castanhos se voltavam para o livro, nem mesmo sabia em que página estava, qual o contexto da cena e o nome dos personagens. Isso pouco importava, sua mente só pensava em uma coisa.

Ainda que fingisse dar sua atenção para o que estava fazendo, a mulher acabara se surpreendendo quando a voz imponente ecoara, tomando toda sua atenção para si. A loira estava ali com as mãos espalmadas na borda, lhe olhando com um sorriso amistoso, quase como se a desafiasse. Verônica suspirara.

────Você nunca entra... ────Torres sorrira, voltando todo seu corpo em direção a ela, sinal claro de que a mesma havia roubado sua atenção mesmo que já fosse sua. ──── ...Vem, está uma delícia! ────Um suspiro. Sim, estava uma delícia.

────Venho só para pegar sol, não sou exatamente fã de piscina... Mas vou aceitar o convite porque é você quem está chamando. ────Seu corpo se levantara com calma, sentindo o piso quente embaixo dos pés enquanto parava bem em frente a outra mulher, que lhe olhava debaixo. ────Nunca perguntei... Qual é o seu nome? ────A outra sorrira, impulsionando o corpo para trás com facilidade.

────Anita. ────Verônica se sentara primeiro na borda, colocando as pernas dentro da água em temperatura agradável e em seguida entrara de vez, impulsionando seu corpo para mais perto da outra mulher. ────E o seu? ────Os fios estavam jogados para trás, alguns pingos de água se acumulavam em seu rosto. A visão perfeita, Torres pensara.

────Verônica. ────Dois passos e Anita fechara um tanto mais a distância, tornando a respiração da morena um tanto menos controlada e irregular. ────É um prazer finalmente saber o seu nome, achei que nunca passariamos dos olhares silenciosos. ────Berlinger acabara dando uma baixa risada, usando os braços para chegar mais e mais perto.

────Se tivesse a mesma coragem de falar comigo, como tem para me olhar... Já saberia muito mais que meu nome, Verônica. ────Os corpos quase se chocavam em meio a água, dando a sensação gostosa a ambas. ────Eu não mordo. ────Mais uma movimentação e a distância fora totalmente fechada.

Anita estava com as mãos espalmadas contra o azulejo, prendendo o corpo da outra mulher ali, deixando seu olhar recair descaramente sobre a boca da mesma. Um sorriso e Verônica se desmanchara. Já havia perdido as contas de quantas vezes se pegara pensando naquela mulher, em se aproximar. Nenhum pensamento havia sequer se igualado ao que estava ocorrendo ali.

────A gente não sai falando de qualquer jeito com uma mulher que te deixa desestabilizada só por te olhar. ────Os rostos se aproximavam perigosamente, olho no olho, lábios entreabertos. ────Uma mulher como você é problema. ────O sorriso de Berlinger acabara se tornando maior a medida que seus seios subiam e desciam com a respiração pesada, tocando os de Verônica.

────Porque eu sou um problema? Consegue enumerar para mim? ────Era irresistível não simplesmente ceder a ela, não depois de tanto tempo apenas trocando flertes que não levavam a nada.

────Eu nem sabia seu nome direito e você já estava brincando feio com a minha cabeça... Entende o problema? Eu não tinha nem como pensar em um nome, só um rosto e isso foi o suficiente para me deixar assim. ────A loira deslizara o nariz pelo nariz da outra mulher, os lábios estavam próximos, muito próximos, mas não se tocavam.

────Assim como, Verônica? ────A sensação de total perda de imponência ou mesmo de controle corria de maneira gostosa pelo corpo de Torres, a fazendo fechar os olhos em meio a um pequeno sorriso. Amava a voz. Amava a língua tocando minimamente nos dentes enquanto ela falava aquilo.

────Descobre o que eu quero dizer com isso. ────As respirações se mesclavam em um ritmo descompassado. ────Te dar assim... Na mão... Uma informação tão valiosa não vale. ────Os olhos se abriam, estabelecendo um olhar cúmplice que não se desfazia nem se quisessem muito.

Os lábios começavam a se tocar ainda que ambas se olhassem bem, buscando pelo gosto que haviam imaginado por dias. Tudo com Anita parecia ser gostoso, até mesmo só olhar para ela era incrível, mas Verônica sentia o corpo amolecer, ainda que estivesse tensa a segundos atrás. Seu lábio inferior era capturado lentamente, iniciando de fato um beijo que as fizera apenas fechar os olhos e se entregarem. As mãos que Torres tanto fitara de longe agora a tocavam, o corpo no biquíni vermelho se colava ao seu. Ainda que estivesse em meio a água, nunca sentira sua pele tão quente.

Com ambas as mãos, Anita segurara suas coxas com certa força, as colocando em seu quadril, imprensando a mulher contra a parede sem se afastar do beijo que já estava prestes a lhes tirar o ar. Como era gostosa, como podia ser tão gostosa daquela forma? Por alguns segundos o mundo parecia silencioso, agradável e quente, muito quente. Verônica nem mesmo sabia como e quando fora o exato momento onde se entregara para até então uma estranha, mas era deliciosamente bom. Suas mãos afundavam sobre a pele da nuca da outra mulher, a puxando para si como se fosse possível fazer a distância diminuir.

────Sobe comigo... Te faço um café. ────Berlinger dissera baixo, com os lábios colados aos seus, brincando com ela, puxando e mordiscando a boca gostosa que a mulher possuía.

────Está me chamando para conhecer sua sala... Com um café... É isso? ────Dissera sorrindo em pura provocação, sentindo as mãos de Anita subirem por costas, quase a fazendo deixar uma pequena reação que lhe entregaria. Estava morrendo de prazer.

────Eu te apresento minha sala... E o resto da casa se te interessar. ────Ambas sorriam, deslizando os lábios que voltavam a se chocar. ────Já fazia um tempo que queria te fazer esse convite, Verônica... Só não sabia se iria aceitar.

LASCÍVIA ▪︎ one shot. Where stories live. Discover now