Fidelidade estúpida

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Estou aqui para fazer o que a netflix jamais seria capaz kkkkkkkkkring

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O caminhar da delegada para fora da DHPP era calmo, ainda que estivesse uma pilha de nervos por dentro. Os fios loiros se balançavam a medida que ela chegava mais e mais perto do carro muito bem estacionado, ao passo que ela o abrira, adentrando o mesmo sem maiores preocupações. Antes que os olhos azuis conseguissem repousar sobre o espelho do veículo, tudo o que Berlinger sentira fora a sensação gelada da arma encostada na lateral de seu pescoço, a fazendo engolir seco. Era possível agora ver e também ouvir Verônica Torres logo atrás de si.

A feição da escrivã era enigmática, a respiração estava muito bem controlada para alguém que estava fazendo a delegada geral de refém. As mãos de Anita subiram minimamente, ao passo que ela controlava, ou ao menos tentava controlar o fluxo de ar que entrava e saia de seu pulmão.

────Entrega a arma, devagar! ────A delegada levara uma das mãos para baixo, tirando a arma do coldre de maneira lenta, subindo a mesma com calma até passa-la para trás, perdendo o porte. ────A outra também. ────Dessa vez, o braço se esticara, abrindo o compartimento do suntuoso veículo, retirando dali uma arma similar a que ela portava, também abrindo mão da mesma como fizera com a outra. ────Agora dirige... Eu vou dizer para onde vamos! ────Berlinger a fitava pelo espelho, arqueando sua sobrancelha ao finalmente dar partida no veículo, saindo dali.

O caminho feito em nada lhe era conhecido, cada vez mais só se afastavam das áreas mais movimentadas da cidade. Não havia como e nem a quem recorrer, o que poderia fazer além de só colaborar e seguir uma ordem que lhe deixava louca de ódio? Vez por outra os olhos se encontravam, mas nada que durasse muito tempo, visto que o ódio nutrido vinha na mesma intensidade para ambas. Verônica se mantinha o mais calma possível, sabia que o que estava fazendo era no mínimo, só para começar a descrever, uma grande loucura e que Volpp poderia comer seu fígado no jantar, mas sua intuição lhe dizia que era o correto, ainda que as margens.

────Vira aqui e pode ir reto, até o final. ────Pelas condições de construção do local aonde haviam chegado, Anita precisava movimentar o veículo como calma, seguindo friamente as instruções dadas até que chegassem ao final.

Mais do que só um local afastado, Torres a havia levado para um lugar solitário e sem nenhuma movimentação inclusive de outros veículos. O carro fora estacionado e a delegada suspirara, mordendo o lado interno de seu lábio inferior por puro ódio.

────Já conseguiu o que queria escrivã, vai me matar aqui mesmo? ────A mulher de fio curtos revirara os olhos, investindo um tanto mais a arma contra a pele quente de Berlinger.

────Sai do carro devagar, com as mãos na cabeça. ────Seu tom de voz era sério e mais baixo, a medida que os olhos acompanhavam a mão da delegada tocar a maçaneta, a abrir com calma e só então sair junto a ela. ────Agora anda, devagar. ────Com as mãos posicionadas em sua cabeça, Anita dava passos e mais passos para frente, até estar minimamente longe de seu veículo.

Ao se virar para a frente, tendo a arma da escrivã agora apontada na altura de seu peito, a mulher sorrira em puro escárnio. Não havia nada a ser feito e ela podia muito bem usar o resto das forças que possuía para brincar com Verônica, pois assim parecia melhor. Com as mãos empunhadas para cima, a mulher mirava seus olhos azuis sem pudor, meneando sua cabeça com um sorriso provocativo.

────Tô sabendo que tem um embarque hoje, então sem enrolação... De onde sai o helicóptero? ────A escrivã continuava firme em sua postura, segurando com firmeza a arma.

────Você mudou né?! Tá mais bonita... Forte... Nem parece mais uma escrivã idiota. ────A mulher engolia seco, respirando de maneira temerosa.

────Você vai se sacrificar pelo Matias? Vai perder a vida por ele, Anita? Como é que chama isso... Fidelidade estúpida? ────Anita sorrira, relembrando de maneira amarga quando aquela mesma expressão havia saído de seus lábios.

────Eu sinto muito pelo Nelson... De verdade... Tão bonzinho ele, né?! ────O sorriso completava a expressão totalmente cínica que a delegada possuía ao dizer tal coisa.

────Última chance... De onde sai a porra do helicóptero? ────Anita logo lhe cortara, percebendo que a mulher chegava mais e mais perto, sem medo algum.

────Eu não vou falar porra nenhuma... Então atira, escrivã! Atira! ────Sua fala era extremamente provocativa, fazendo com que Verônica exercesse a ordem irônica que havia recebido.

Fora um tiro de aviso, que nem mesmo passara perto da loira, porém, a arma fora descartada e Torres chegara mais perto, iniciando uma briga física. Entre golpes desferidos e tentativas de ferir uma a outra, Berlinger a tomar pela blusa, a colocando contra o carro com força. Os olhos se fitavam de maneira rápida, a adrenalina tomava conta de ambos os corpos sendo difícil pensar e até mesmo respirar. Um milhão de coisas passavam pela cabeça das duas mulher, porém, de súbito, o mundo se calara.

Verônica impulsionara minimamente seu rosto para frente, selando seus lábios com os lábios da mulher que ela tanto odiava. Por alguns segundos Anita se afastara, a olhando em completa confusão, mas logo se entregara, puxando o rosto da escrivã para perto, a beijando com mais intensidade. Os toques se intensificavam, percorrendo pelo corpo da mulher que ela tanto queria tocar, mas nunca houvera possibilidade. O calor da briga e das provocações havia se convertido em desejo.

────Abre a porta do carro... Só abre, Verônica. ────De forma desajeitada, a mulher de curtos fios loiros buscava pela maçaneta, a abrindo enquanto manejada seu corpo junto ao de Anita, se movendo até estar deitada no banco de trás com a delegada em cima dela. ────Me diz que queria isso tanto quanto eu, porque eu sei que sim! ────Os rostos dividiam marcas e machucados abertos, mas se encontravam em beijos que lhes tiravam o fôlego por completo, sendo necessário por vezes haver uma mínima pausa.

────Cala a boca, Anita... Só... ────A arma havia sido colocada de lado, o zíper de sua calça era aberto em uma velocidade inacreditável e os olhos apenas se fecharam quando os dedos de Berlinger lhe tocaram como ela tanto necessitava. ────...Isso... Me fode! ────Seus dedos se afundavam nos fios loiros enquanto a delegada deslizava seu toque por seu sexo, deixando que fosse fundo o suficiente para que ela gemesse em alto e bom tom.

────Você quase me faz querer te dar o que estava me pedindo mais cedo... Se dependesse do quanto você está gostosa para mim agora, escrivã... Eu te daria! ────A mão dominante de Torres subia para o pescoço da mulher, apertando com certa força enquanto seus lábios se abriam, gemendo de forma a deixar a delegada louca. ────Tão gostosa, Verônica, porra. ────O corpo acima do seu se movimentava em um ritmo delicioso, a fazendo deslizar sua cabeça pelo banco, sentindo seu corpo tensionar mais e mais.

────Anita! Isso, porra. ────A mão da escrivã a puxara para mais perto, selando os lábios em um beijo intenso. ────Olha para mim. ────A voz baixa dizia enquanto os lábios se encostavam vez por outra, fazendo o toque de Anita se tornar mais rápido. ────Faz o seu trabalho direitinho... E eu gozo gemendo na sua boca, delegada. ────Berlinger sorrira, dobrando seus dedos dentro dela, a chamando para si. ────Isso Anita, assim! Faz assim. ────Em meio aos beijos trocados, ela fazia questão de gemer baixo, ofegante na boca da outra mulher.

Os olhos se encontravam a medida que Verônica se entregava, deixando enfim seu corpo relaxar, se derramando por completo no toque que lhe causava tanto prazer. Os lábios quentes de Anita Berlinger deslizavam por seu pescoço, subindo lentamente até que estivessem próximos de sua orelha. Ela mordiscara, instigando a mulher embaixo de si que estava mais que sensível. Sussurrando, Berlinger lhe dera não só as coordenadas de onde o helicóptero sairia, mas também o horário exato.

────Porque você está fazendo isso? ────Os olhos castanhos a fitavam a medida que seu polegar brincava com os lábios da delegada.

────Eu confio em você mais do que confio neles... ────Ela sorrira, deslizando sua boca pelo toque gostoso que recebia. ────...Chame de "fidelidade estúpida".

LASCÍVIA ▪︎ one shot. Where stories live. Discover now