Final de ano

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Olá gays, só avisando que a playlist ainda tá ficando pronta. Esse capítulo provavelmente vai ganhar uma parte dois, porque ele foi escrito baseado em duas músicas, Delicate e Don't Blame Me (sim, eu sou trevosa e escuto Taylor Swift).

Aproveitem

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Um clima agradável se instalava em São Paulo, coroando bem a energia de final de ano. Em meio a cidade corrida, as pessoas se preparavam para as respectivas festas que acabavam por surgir com o mês de dezembro. A delegacia de homicídios comemorava mais um caso resolvido, algo que acabara coincidindo com a data marcada para a confraternização, lhes dando ainda mais motivos para consumir todo o álcool garantido. Não que houvesse um clima exatamente incrível para comemorar e confraternizar em grupo, afinal, como em qualquer sociedade vista no macro, a DHPP também era extremamente nichada.

Verônica acabava se diferenciando do restante dos rostos inegavelmente cansados pelo dia corrido, amava as festas e mais que isso, amava as companhias das quais havia se tornado mais próxima com um ano trabalhando ali. Nelson era um amigo inseparável, com seu humor questionável e suas soluções rápidas ────que sempre envolviam nicotina ────para absolutamente qualquer problema. Mas do que uma animação pela comida e álcool de graça, Torres estava ansiosa por outra coisa.

O trabalho na DHPP era relativamente chato e monótono, visto sua ocupação como escrivã, porém, como para todo céu há um inferno particular feito a mão, Verônica tinha suas complicações no ambiente. Tal complicação possuía nome, sobrenome e um par de olhos azuis totalmente viciantes. Talvez fosse algum tipo de ajuda, ou mesmo mecanismo de dúvida o fato de Anita Berlinger ser incrivelmente bonita, nada que afagasse por completo seus ataques de ira e necessidade de controle. Assim como Torres, todos na delegacia sofriam com o humor instável da delegada interina, o que não fazia sua presença ser tão querida.

Em meio as conversas sobre a festa que ocorreria mais tarde, os integrantes do departamento de homicídios foram liberados, lhes dando tempo para correr em casa, se arrumar como podiam e então partir novamente para o local indicado. Visto o fato de serem inseparáveis, Verônica levara uma mochila para a casa de Nelson, iria se arrumar lá pois a opinião do homem era de extrema importância. Após horas e mais horas regadas a cerveja barata e uma arrumação que parecia não mais ter fim, ambos estavam prontos.

Era a primeira vez que Nelson a via de saltos, porém, a mulher não estava saindo tanto assim de seu estilo habitual. Não era uma festa de gala e nem mesmo era cobrado um traje muito social, obviamente a deixa necessária para que Verônica descartasse qualquer tipo de vestido como opção. Ao se olharem no espelho, ambos começaram a rir, pois mesmo em ternos muito similares, ainda sim havia marcas registradas de cada um, como irmãos gêmeos que querem se diferenciar em detalhes. Uma última cerveja fora aberta, brindada e então tomada enquanto recorriam a um carro de aplicativo para lhes levar ao local da festa.

────Você está ansiosa... Por isso está bebendo, acha que cerveja é coragem líquida? ────Torres o olhara com um sorriso largo, fingindo dançar com a música que tocava dentro do veículo.

────Não faço ideia do que você está falando... E se eu quisesse coragem líquida, tequila seria minha escolha. ────A risada acabara por vir de ambos os lados.

────Não vai fazer besteira ein, Verô! ────O homem terminava de mandar mensagem para quem o encontraria na festa, passando a fitar a mulher ao seu lado em seguida.

────Eu não vou falar com ela, tá louco? Com Anita é só o necessário, Nelson e outra... Festa de firma! Não é exatamente um bom clima. ────Nelson a fitava, totalmente desacreditado.

────Tenho péssimo gosto para homem, mesmo... Mas você... É tesão por quem te humilha? Isso é fetiche! ────Fora a vez do motorista não conseguir segurar a risada, fazendo com que o riso de todos preenchesse o veículo.

────Já olhou para a cara da sua chefe? Ela é sim a reencarnação de algum tipo de demônio mitológico, mas... Tão linda! ────Verônica colocara parte de seu cabelo para trás, fitando o celular enquanto respondia algumas mensagens. ────Eu sei Nelson, você é tão gay... Mas admite que eu não tô errada!

────Nem se eu fosse hétero, bissexual ou qualquer coisa do tipo, Verô, nem mesmo assim... Ela é uma daquelas vilãs de filme que a gente se inspira, mas que nunca seria porque é moralmente errado. ────A mulher de fios castanhos o observara, dando de ombros.

────Eu não quero beijar Anita pelo caráter dela. ────Ela se encostara no repouso do banco. ────Não é exatamente a primeira coisa que vem na minha cabeça quando olho para ela. ────O carro passava a diminuir a velocidade, virando na rua onde a festa já estava a acontecer.

O espaço havia sido reservado meses antes, com milhões de recomendações por parte de Carvana, pois o mesmo levava eventos de final de ano muito a sério. Após saírem do veículo dizendo tchau ao motorista que lhes escutara em meio a risadas a viagem inteira, ambos rumaram para dentro, percebendo que talvez não tivesse sido a melhor das ideias terem bebido três cervejas cada antes de chegar ali. Wilson Carvana havia alugado uma casa suntuosa, com piscina e um espaço extremamente bem decorado na parte de fora. Como era de se esperar, por mais que houvesse algo similar a um jantar agendado para mais tarde, todos ali estavam em volta de uma churrasqueira, rindo e conversando sobre coisas de trabalho.

Verônica acabara acenando de longe para seu padrinho, sendo tirada de sua ação quando Nelson preenchera sua mão com uma cerveja aberta.

────A doutora está ai, já viu? ────Torres o olhara pelo canto de olho, como podiam parecer adolescentes com tanta facilidade?

────Não... Nem reparei. ────Ela dera de ombros, levando seus olhos exatamente para a figura da mulher que usava um vestido preto colado, que acabava ao meio de suas coxas muito bem delineadas. ────Porra! ────A garrafa fora levada aos lábios, deixando que o líquido gelado lhe preenchesse o paladar sem que ela tirasse seus olhos da figura de Berlinger, que vez por outra a fitava de longe com um copo de uísque em mãos e em sorriso provocativo.────Ela não pode beber cerveja como todo mundo? ────Seu ombro topara minimamente com o de Nelson, chamando sua atenção.

────Para quem não estava reparando, sabe até o que a doutora tem no copo dela... ────O homem dera uma risada irônica. ────...Nem todo mundo tem nosso paladar refinado, Verô. ────Ambos acabaram achando um cantinho próximo a piscina, se sentando ali junto a outras pessoas com quem possuíam amizade.

Enquanto alguns drinks e petiscos eram servidos, a festa tomava vida a medida que o álcool fazia efeito, tirando qualquer inibição que geralmente não fazia com que aquela confraternização não fosse possível dentro da delegacia. Em meio a conversas relativamente altas, Carvana e Anita se aproximaram do grupo dos integrantes mais novos da DHPP, erguendo seus respectivos drinks.

────Ei... Antes que todos estejam bêbados demais para lembrar, eu e a delegada Anita queremos parabeniza-los pelo trabalho esse ano, vocês estão superando expectativas... Me faz pensar que nosso futuro está em boas mãos. ────A frase fizera a loira apenas erguer suas sobrancelhas como quem concordava, mas Anita só estava pensando em como Carvana conseguia ser piegas em absolutamente qualquer discurso. ────Sem amigo secreto esse ano, como vocês pediram e eu aceitei porque... Porra, eu cansei de ganhar meias do Lima. ────Os olhos azuis por vezes se encontravam com os olhos castanhos, dando goles lentos na bebida escura.

Ao fim da conversa, Carvana fora se afastando junto a delegada interina, que vez por outra ainda mantinha a sustentação de um olhar com Verônica. Nelson segurava sua cerveja com apenas uma das mãos, fitando a amiga que estava ao seu lado, negando com a cabeça em vista da interação.

────Você vai babar... Literalmente a qualquer momento. ────Torres continuava a fitar a mulher que se afastava, por vezes deixando o olhar viajar até ela quando virava o rosto por cima do ombro, sorrindo minimamente.

────Ela sorriu para mim, Nelson... Porra, você viu! ────A escrivã o olhara como quem buscava qualquer tipo de aprovação, o fazendo dar risada. ────Eu odeio você! ────Fora a vez dela dar risada, acabando por olhar para trás mais algumas vezes, procurando por Berlinger sem muito sucesso.

LASCÍVIA ▪︎ one shot. Onde histórias criam vida. Descubra agora