LASCÍVIA ▪︎ one shot.

Tentação

Eu disse que ia escrever e cá estou escrevendo essas one shots. Esse capítulo tem como base a música Tentação, da Carol Biazin, então caso queiram entrar no clima, escutem essa perfeição de música.

Estou trabalhando na playlist dessa história, quando ela estiver mais completa eu deixo o link aqui 🫠

Boa leitura!

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Já era tarde em São Paulo, as ruas já não mais possuíam tanta movimentação e nas casas os residentes dormiam sem maiores preocupações. As mãos firmes comandavam a moto que assumia uma velocidade perigosa, cortando a cidade em questão de minutos. Assim como o velocímetro ia nas alturas, seus desejos falavam alto e gritavam em meio a calmaria da rua.

Os olhos estavam fixos no caminho, afinal, Verônica Torres possuía um único objetivo e não mais possuía medo de pedir por aquilo que desejava. Ainda que o objetivo traçado fosse claro, sua parte mais racional acabava por dar as caras em certos momentos, a fazendo reconsiderar sua própria decisão impensada.

Não havia exatamente como voltar atrás, pensar melhor ou mesmo planejar. E no final Verônica nem mesmo era uma pessoa que de fato planejava.

Ao adentrar a rua sem movimentação alguma, a mulher diminuira consideravelmente a velocidade até que parasse na porta da suntuosa casa que ela conhecia como a palma de sua mão. Sem mensagens, sem aviso prévio ou qualquer menção de que sua presença se faria ali naquela noite. A mulher apenas estacionara a moto, descendo da mesma com uma convicção que até mesmo ela desconhecia. Os pés a levavam para frente a medida que o capacete balançava com o balanço de seu próprio corpo.

Um segundo e ela repensara. A respiração estava pesada, temerosa quase. Um segundo e a decisão mudaria totalmente o rumo da noite tranquila que ela havia planejado ter após o trabalho. Decisões de um segundo eram sempre as melhores, ela bem sabia disso.

O dedo tocara contra a campainha por duas vezes. Sua marca registrada.

Era possível ouvir os passos pesados aumentando a medida que a outra mulher começava a se aproximar da porta, assim como o ritmo dos passos, o coração de Verônica disparava considerávelmente. Por segundos ela umedecera os lábios, a mão livre e nervosa organizava os fios longos de seu cabelo, tentando também organizar uma postura que deixara de existir assim que tomara a decisão de sair de casa. Assim que a porta fora destrancada, a figura da mulher aparecera logo a sua frente, a olhando com um olhar expressivamente confuso.

Anita Berlinger não estava esperando por uma visita. Ainda mais uma visita que aparecera particularmente as duas da manhã.

────Aconteceu alguma coisa na delegacia? O que está fazendo aqui, escrivã? ────Um silêncio desconfortável se instalara, e logo Torres assumira o olhar que Anita conhecia bem até demais. ────Verônica...

Os lábios estavam comprimidos e os olhos castanhos a fitavam quase sem piscar. Haviam combinado de parar de vez, de não mais se encontrarem fora da delecia, era o melhor a se fazer. Outrora os encontros haviam complicado tudo, sobretudo a relação de trabalho, e fora decisão de Berlinger finalizar os encontros secretos, visando seus próprios objetivos e sua reputação. Era complicado, Verônica estava casada, a delegada era sua chefe e relação de ambas nunca fora das melhores. Anita sabia melhor que ela o quanto estarem juntas tornava tudo bagunçado, com nuances que ela não gostaria de lidar em seu dia a dia.

Ainda que em um silêncio desconfortável, Torres dera passos perigosos para frente, fechando a pouca distância que possuíam. Seu rosto se mexia lentamente, deslizando seu nariz contra o nariz da outra mulher, lhe provocando com lábios meio abertos enquanto seus olhos se fechavam. A loira possuía suas mãos sobre seu total comando, as deixando longe do corpo da outra mulher, pois sabia que um descuido, por mínimo que fosse, significava sua derrocada. Verônica continuava ali, deixando que seu rosto se aproximasse mais, aspirando o cheiro bom de perfume e uísque mesclados que só a delegada possuía.