Nathalie Sancoeur
Com passos determinados, deixei meu escritório e me dirigi ao setor de terapia intensiva, onde eu tinha transferido o Adrien depois que ele conseguia respirar sem ajuda do aparelho respiratório, há uma semana. O corredor era um labirinto de emoções contidas enquanto eu avançava em direção ao elevador para o andar onde estava o leito do paciente. A cada passo, eu me preparava para enfrentar a realidade que se desdobrava diante de mim. Lembrei do jantar que eu tive com Gabriel na minha casa e o quão ele estava preocupado se Adrien iria acordar algum dia ou não. Bom, ele acordou e esse dia chegou.
As portas do elevador iam se fechando quando corri e cheguei a tempo de alcançá-las. Ao chegar ao quarto, a atmosfera era carregada de uma tensão palpável. Os monitores emitiam uma sinfonia de sons clínicos, e a luz suave iluminava o rosto pálido de Adrien deitado na cama enquanto os seus olhas estavam direcionados para janela. Meus sentimentos se misturavam entre o profissionalismo necessário para avaliar seu estado e a onda de compaixão que inundava meu coração.
— Bem-vindo de volta, Adrien. — o saldei recebendo sua total atenção.
— Olá, doutora... — ele olhou para o me crachá. — Nathalie Sancoeur. A quanto tempo estou aqui?
— Irá fazer duas semanas. — respondi me aproximando de seu leito. Adrien tinha olheiras presentes em seus olhos, sua barba estava mais aparente de quando veio para cá e seus cabelos estavam bagunçados. Tirando seus olhos verdes, sua aparência me lembrava muito a de Gabriel no dia em que eu acordei ao seu lado. Seus curativos estavam evidentes pela falta da camisa. — Você praticamente nasceu de novo meu jovem rapaz. Está sentindo alguma dor ou um incomodo?
— Sinto algumas pontadas em meu peito quando eu respiro. — afirmou apontando para o local.
Peguei o meu estetoscópio e examinei suas batidas. O projétil tinha o acertado no lado esquerdo do peito, a centímetros de ter acertado o pulmão. Depois de verificar seus batimentos e respiração, pedi licença e minhas mãos, normalmente ágeis, descia o lençol para ver o segundo ferimento.
Havia um pouco de inchaço no local da cirurgia, o que era comum. Nada de um anti-inflamatório e um bom repouso não resolvessem.
— Irei solicitar uns exames com um pneumologista para verificar essas pontadas em seu peito. — comentei enquanto recebia sua atenção. — Dependendo dos resultados, poderá ter alta logo, logo.
— Espero que sim, já fiquei muito tempo nessa cama. — respondeu soltando logo um suspiro.
— Seu pai ficou bastante preocupado com você, Adrien. Por um momento, ele achou que você nunca iria acordar.
Vejo um sorriso brotar em seus lábios.
— Apesar de ele não demostrar muito no quesito de sentimentalismo, ele é um bom pai para mim.
— Sério? Não pareceu para mim na noite de sábado. — as palavram escaparam da minha boca sem que eu percebesse. Tinha me esquecido que Adrien não estava ciente da complexidade da minha relação com o seu pai, e eu acho mais viável que Gabriel possa conversar com ele primeiro a respeito disso. Vejo o olhar confuso de Adrien e logo tratei de intervir. — Irei chamar o doutor Augusto para fazer os exames.
Disse logo tratando de sair do quarto. Caminhei até a porta logo abrindo-a.
— Doutora. — girei os calcanhares ao chamado de Adrien e me virei o fitando-o. — Obrigado senhora Sancoeur. Tenho uma grande dívida com a senhora.
Sorri e acendi recebendo o seu agradecimento e sai do quarto logo fechando a porta.
— Francamente em Nathalie, é assim que você quer começar uma conversa com o seu suposto enteado? — indaguei a mim mesmo.
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In the Name of Passion (Série: Jogos De Poder - Livro 01)
Fanfiction"Ela salvava vidas enquanto ele as tirava" Nathalie Sancoeur já passou por muitas coisas nesta vida, e agora tenta levar uma vida calma, pensando em um meio de escapar de seus fantasmas do passado. Formada em medicina, Nathalie é uma das médicas que...