Capítulo 05

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Nathalie Sancoeur

— Vocês souberam que a Margaret vai ser promovida? — comentou uma das enfermeiras ao meu lado, enquanto as outras ouviam e continuavam a falar da vida dos outros.

Eu continuava arrumando minha bolsa para ir embora. Estava cansada demais para ouvir certos boatos.

— Ela vai anunciar outro médico que ficará no lugar dela como chefe do setor no baile dos Meds. — outra enfermeira comenta. — Quem será que vai ficar no lugar dela?

— Aposto que vai ser o James. — a terceira enfermeira comenta com um sorriso malicioso. — Aquele gostoso, pedaço de mal caminho.

Bando de fofoqueiras. Só faltou um café para completar a roda.

Dei um sorrisinho disfarçadamente imaginando as três na velhice, sentadas em um banquinho da praça, tomando um cafezinho enquanto falava da vida dos outros.

— Olá, meninas. — cumprimentou Verônica entrando na sala. — Bom dia Nathy.

— Bom dia. — a cumprimentei.

Logo as enfermeiras saíram da sala deixando Verônica e eu sozinhas. Os plantões da minha amiga sempre eram pela parte do dia, já que a mesma só trabalhava na pediatria na parte da manhã. Outra médica ficava na parte da noite.

— O que elas estavam falando? — questionou pra mim curiosa.

— Sei lá, nem prestei atenção. — minto. Eu não sou fofoqueira, sou curiosa. São duas coisas diferentes. — Estou exausta, já estou indo para casa.

Peguei minha bolsa e logo fechei o meu armário.

— Ei Nathy. — Verônica chama e eu me viro. — Ainda está procurando uma pessoa para ficar com a Nya nesse sábado?

Confesso que eu sou uma mãe coruja em relação a Nya. Mesmo estando entrando na adolescência, não gosto de deixar a minha filha sozinha dentro de casa de noite. Se fosse de dia até que eu deixava, mas de noite? Nem pensar.

— Ainda estou, por quê?

— A minha prima, Penny, está procurando um segundo trabalho para ter um trocado extra e como ela já trabalhou muito em ser babá de adolescentes eu achei que podia juntar o útil e o agradável. — respondeu mexendo em sua bolsa, procurando algo. — Eu disse que iria falar dela pra você, então... se você estiver em interesse, aqui está o número dela. — ergueu um pedaço de papel.

Acendi pegando o papel e guardando-o na minha bolsa.

— Eu vou ver, mas é bem provável eu chamar ela. — afirmei. — Tchau Vê, bom trabalho.

— E pra você, tenha um bom descanso, Nathy.

Me virei indo em direção a porta, saindo da sala.

A saída do hospital após um turno exaustivo de 24 horas era sempre uma experiência surreal. Os corredores iluminados por luz artificial começavam a perder seu caráter familiar, dando lugar a uma sensação de desapego enquanto eu caminhava em direção à saída. Minhas pernas estavam pesadas, os músculos cansados protestando a cada passo, mas a sensação de dever cumprido trazia um certo alívio.

O eco dos meus passos no piso frio ecoava nos corredores vazios. O silêncio do hospital, que antes era cortado por alarmes e chamadas de enfermeiros, era agora quase ensurdecedor. A luz da manhã começava a filtrar-se pelas janelas, e eu podia sentir a frescura do ar exterior quando me aproximava da saída.

Ao cruzar as portas automáticas, a luz do sol banhou meu rosto. Fechei os olhos por um momento, absorvendo a sensação revitalizante dos raios solares. O ar fresco, antes negligenciado, agora preenchia meus pulmões, contrastando com a atmosfera estéril do hospital. Uma mistura de alívio e exaustão dançava no meu ser.

In the Name of Passion (Série: Jogos De Poder - Livro 01)Where stories live. Discover now