In the Name of Passion (Série: Jogos De Poder - Livro 01)

Capítulo 01

Nathalie Sancoeur

12 anos depois...

A água submergiu minhas pernas logo abaixo dos joelhos e elas continuaram a me puxar para baixo. O vento despenteou meu cabelo enquanto eu caminhava em direção ao centro da estranha e escura lagoa. Finalmente chegou à chuva anunciada e gotas caíram na minha pele. Meus membros não parecem seguir a direção da minha mente.

Estou apenas caminhando em direção à morte. Levantei o olhar para o céu negro emoldurado pela vegetação ciliar, sentindo os pingos estalarem violentamente contra o meu rosto e, nesse momento, meu corpo estava quase todo submerso.

De repente, o solo embaixo dos meus pés falhou e caí em uma espécie de buraco, que me puxava para o fundo. Meus braços se debatiam contra a água fria, tentando voltar para a superfície, mas o ar em meus pulmões logo se esvaiu e eu me entreguei às profundezas daquele lugar.

O som do despertador agrediu meus ouvidos quando soou irritantemente alto. Levantei-me, indo direto para o banheiro fazer minha higiene matinal, apesar do meu dia de folga já ter chegado ao fim, contínuo cansada. Olhei para o espelho e ele refletiu minhas olheiras de forma cruel. Essas, talvez, fossem resultado das noites mal dormidas, graças aos pesadelos que tenho frequentemente.

Coisas sobre o meu passado que querem voltar em forma de pesadelos.

Balancei a cabeça para dissipar esses pensamentos e me despir para tomar um banho. A água gelada da manhã me ajudava a acordar para mais um dia de plantão.

Quando terminei, sai indo direto para o closet e vesti uma calça vermelho vinho e uma blusa manga curta azul e calcei o meu tênis que eu uso no dia a dia. Peguei minha bolsa, já arrumada e o meu sobretudo preto e sai do meu quarto.

Desci as escadas indo direto para a cozinha, de onde já exalava o cheiro bom de panquecas e um bom café da manhã. Olhei para o relógio de parede e constatei que eu tinha demorado de me arrumar um pouco a mais e infelizmente ou felizmente, Nya já tinha adiantado o nosso café da manhã.

— Bom dia meu amor. — a saudei enquanto abria a porta da geladeira e procurava o xarope de bordo.

Nya estava sentada, de costas para mim concentrada em seu notebook. Franzi as sobrancelhas e conclui que ela estava de fone e conhecendo bem a minha filha, eu diria que ela estava ouvindo Taylor Swift e que consequentemente não me viu e não me ouviu.

Cheguei mais perto e cutuquei o seu ombro vendo-a dar um pulinho de susto.

— Caramba, mãe. — ela disse colocando a mão no peito de forma dramática enquanto a outra, tirava o fone de ouvido. — Como a senhora quer que eu cuide da minha pressão desse jeito? Me dando um susto desses?

— Se você não estivesse com esses fones ouvindo música alta, teria me ouvido chegar. — afirmei.

Nya era quase sempre assim. Quando se concentrava em algo importante, ela colocava os fones para se concentrar ainda mais. E quando se concentrava o bastante, não tinha a noção das coisas que estava acontecendo ao seu redor.

— O xarope de bordo acabou, e eu estou usando a calda de chocolate. — comentou erguendo a garrafa de calda para mim.

Nya desligou o notebook, guardando-o na mochila e voltou a comer suas panquecas. Sentei-me na mesa para tomar o café.

Apesar de que eu iria daqui apouco encarar um plantão, havia um ritual sagrado que eu nunca deixava de lado: o café da manhã com minha filha.

Com os seus doze anos, Nya já estava entrando na adolescência e isso me preocupava bastante. Seus olhos azuis brilhavam a cada pedaço da panqueca com bananas e calda de chocolate que comia. Sua franja loira persistia em cair sobre o seu rosto.