Lilás - Um Café Para Se Apaixonar

Capítulo 2

Três anos depois.

O tempo não havia sido generoso com os irmãos Kim.

Namjoon ficou no primeiro emprego, aquele no posto, por um ano, até ser mandado embora, por que aparentemente o dono do posto tinha alguém de mais "confiança" para manter em seu lugar. Depois disso, ele ficou oito meses sem conseguir um emprego formal, vivia fazendo bicos como ajudante, como garçom, trabalhava em serviços gerais, festas, trabalho braçal, tudo o que conseguisse e que garantisse um dinheiro no final do expediente.

Mas isso não era o suficiente para manter os dois irmãos e a casa da família, por isso, depois de pouco mais de dois anos cuidando das coisas, Nam precisou tomar uma decisão muito difícil: sair da casa da família.

Técnicamente, a casa não era dos pais dele, eles tinham um contrato com a proprietária do imóvel, mas o jovem não conseguiu manter o valor do aluguel. Foi uma decisão complicada e um dia muito difícil.

Jungkook tomou a frente no processo de mudança, e a iniciativa de separar tudo o que não caberia no novo apartamento que os irmãos encontraram para morar e venderiam tudo o que podiam.
Dos televisores que tinham na casa, ficaram apenas com o menor, assim como optaram por vender o sofá, o antigo era muito grande e não teria utilidade no pequeno apartamento. Da mesma forma que fizeram com a maiorias dos eletrodomésticos, tudo o que os irmãos consideraram supérfluo, eles colocaram a venda. Não demorou muito para que tivessem vendido tudo o que podiam e recebessem uma quantia considerável por tudo. Esse dinheiro deveria ser suficiente para garantir aos dois ao menos seis meses de teto sobre suas cabeças sem se preocuparem.

Jun era um bom menino, ele fazia mais do que devia e mais do que falava para o irmão. Namjoon não era do tipo que era fácil de se enganar, sabia que o irmão estava trabalhando, no seu ultimo ano na escola ele dava aulas de tutoria nos períodos de folga que tinha. O dinheiro que o caçula recebia não era muito, mas era o bastante para que ele tivesse deixado de pedir dinheiro para o almoço ou para pagar as contas do celular.

A razão pela qual o maior nunca questionou o irmão sobre seu "emprego"? Ele não se sentia no direito. Namjoon não estava conseguindo sustentar aos dois como deveria, sabia que essa era uma forma de o menino se sentir útil e não como um peso, sabia também que ele não podia reclamar, o dinheiro que o irmão recebia, aliviava a consciência dele sobre os dias em que  não tinha grana nem para almoçar. Além do mais, nas horas em que estava dando tutoria, Jun estava na escola, em um ambiente protegido, seguro e mais importante: não estava sozinho.

Namjoon estava trabalhando agora em um emprego noturno, trabalhava como atendente em uma loja de conveniência das 18h00m até as 06h00m, esse foi o seu trabalho no último ano inteiro, sabia que não era ideal, tinha uma carga horária muito extensa, mas pagava relativamente bem por ser um lugar mal frequentado, onde ninguém queria trabalhar.

O problema é que o seu emprego estava com os dias contados, devido a grande onda de violência que vinha acontecendo no bairro, o Senhor Yu, dono da loja, resolveu que pararia de funcionar em regime de 24horas e assim, Nam se via novamente na iminência de ficar desempregado.

É claro que o senhor Yu não iria coloca-lo na rua imediatamente, ele lhe deu um aviso de 30 dias, para que o mesmo conseguisse organizar as coisas na loja e para que o jovem tivesse tempo de procurar por outra coisa. Então não havia tempo a perder, Namjoon precisava encontrar outro emprego e rápido.

O senhor Yu era um cara legal, era um homem na casa dos 50 anos, com uma esposa gentil, cabelos começando a ralear e um sorriso fácil, ele até mesmo fez uma carta de recomendação muito exagerada sobre seu funcionário noturno. E foi com ela e mãos, ao lado das cópias que tirou do seu – vazio – currículo que Namjoon sairia em busca de um novo emprego.

Naquela manhã Namjoon chegou do trabalho, tomou um longo e bom banho, apesar do cansaço se arrumou e decidiu que iria para o centro da cidade procurar um lugar que tivesse aceitando pessoas para trabalhar. Encontrar um emprego com tão pouca experiência era algo que sempre o deixava sem muita esperança, mas o desespero falava mais alto, o jovem de agora 25 anos foi em direção à cozinha, preparou o café deixou o café da manhã do irmão pronto, vestiu uma de suas melhores roupas, um tênis branco, uma calça simples de sarja caqui e uma camisa de mangas curtas, verde com estampa xadrez preta e foi atrás de conseguir uma entrevista de emprego.
Caminhou até a parada de ônibus que ficava a alguns minutos de caminhada do seu apartamento e aguardou o primeiro ônibus que o levaria ao centro da cidade.