Capítulo 16

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Diego

O domingo começou cedo, e antes que o sol fosse visto no horizonte já estávamos dirigindo para a cidade vizinha onde ocorreria o rodeio, o evento não seria classificatório, então qualquer um com coragem ou vontade de se divertir poderia participar.

— Esse é um bom lugar para você? — inquiri ajudando minha avó a se sentar em uma das cadeiras da arquibancada.

— Sim — ela afirmou e meu pai colocou sobre suas pernas um cobertor, como sempre o final de inverno no Texas não trazia temperaturas muito baixas, mas com sua idade, todo cuidado era pouco. — Está perfeito.

Alice e sua mãe também se uniram ao grupo, e para meu espanto ela estava acompanhada e fez questão de apresentá-lo como namorado, bom para ela. Se ela esperava que eu fizesse um escândalo como amante rejeitado e ciumento, se enganou, já que eu não podia estar mais do que feliz com aquela revelação.

Com todos acomodados, nos preparamos para esperar a primeira disputa do dia, que era a de crianças laçando bezerros. O primeiro lugar foi para uma garotinha magrela filha de um casal de amigos.

Quando chegou a vez da minha categoria, deixei o grupo e me dirigi ao lugar para me preparar, eu já tinha montado para competir inúmeras vezes, então estava tranquilo, mas ao mesmo tempo determinado, não deixaria nada interferir em minha vitória para os anciões. Subi no garanhão que bufava visivelmente nervoso e irritado, segurei as rédeas e as prendi em meu punho, afundei o chapéu em minha cabeça e levantei meu braço indicando que estava pronto, o portão se abriu e eu me preparei para o primeiro tranco.

Oito segundos não eram nada, quase um suspiro, ainda assim, ao estar no lombo de um animal furioso que saltava como se tivesse sido possuído pelo demônio, o sentimento era o de uma eternidade. Aguentei firme sendo sacudido de um lado para outro, para cima e para baixo, naqueles momentos meu cérebro descia e subia trocando de lugar com meu estômago. Quando ouvi que o sinal dos oito segundos tinha sido alcançado, soltei a respiração feliz, eu tinha conseguido.

Segui controlando minha montaria, até que uma das amazonas auxiliares emparelhou seu cavalo ao meu, me auxiliando a me afastar do demônio que seguia com seus saltos, ao chegar ao chão caminhei em direção à saída observando o placar que logo se iluminaria com minha pontuação.

O resultado da noite não poderia ser melhor, segundo lugar, nada mal. Não esperei voltar para casa para entregar o cheque que já tinha prometido, caso o resultado fosse positivo. O diretor da instituição estava presente e torcendo por mim, assim o prêmio sequer chegou a tocar minhas mãos, foi direto para eles, eu me diverti e eles ganharam uma grana.

— Algum problema?

Inquiriu meu pai, sentado ao meu lado no banco do passageiro. Estávamos voltando do rodeio e atrás vinham minha avó e Agnes. E eu tinha que me controlar para não pisar com tudo no acelerador, pois segundo Agnes ela tinha prometido voltar no domingo. Se fosse assim, ao chegarmos ela deveria estar em casa.

— Ah? Não, nada, apenas cansaço.

Respondi colocando um sorriso falso em meus lábios, pois não queria que percebessem que quanto mais nos aproximávamos da casa, mais nervoso eu me sentia. Não imaginei que ficaria tão ansioso com o nosso reencontro, prova disso era meu coração batendo descompassado em meu peito.

Ao pensar que em poucos minutos estaríamos novamente frente a frente, percebi que minhas mãos começaram a suar. Desejava ardentemente tê-la mais uma vez em meus braços, em minha cama, enfim, eu estava enlouquecendo. Mas ao ver a casa, assim como a suíte que ela ocupava, imersa na escuridão, senti como se tivessem despejado um balde de gelo em minha euforia.

LAÇADA PELO COWBOYWhere stories live. Discover now