Capítulo 1

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Bora lá para mais um capítulo?
Mas agora falando sobre nossa mocinha!


Abigail!

Bronx, Nova Iorque.

Emocionada e com um sorriso de orelha a orelha, desci do táxi que tinha me levado até a igreja, mas antes mesmo de fechar a porta vi minha tia saindo e correndo para onde eu e minha irmã nos encontrávamos. Por alguns segundos imaginei que seria para ajudar com alguma coisa. Ainda que fosse um casamento simples, que era o que cabia em nossos orçamentos, já que eu estava me casando às pressas devido à minha recente gravidez.

Como uma estudante que se virava em mil para pagar o curso de moda, meu plano original era terminar os estudos, ter estabilidade financeira, sair da miséria em que vivíamos, e só depois pensar em relacionamentos sérios, no entanto, a minha, para não dizer nossa, irresponsabilidade gerou um bebê.

Como eu não era de fugir das minhas responsabilidades, assim como minha mãe, decidi que teria o bebê. Tonny, meu namorado, pelo contrário, estava apavorado e chegou a insinuar que eu deveria interromper a gestação, e o pior foi ver que minha tia era da mesma opinião que ele. Contudo, eu não estava a fim de desistir, então não só me neguei, mas briguei com ambos e segui em frente, eu seria mãe solo, mas não acabaria com a vida de um ser indefeso que já significava tanto para mim.

Com o passar dos dias, felizmente, os dois foram mudando de opinião e, pouco depois, já tinham aceitado e estavam felizes com a vinda do novo integrante, tanto que um Tonny, inflado de orgulho, tomou a decisão de contar a novidade para seus pais. Porém eles, assim como já haviam feito Tonny e minha tia, também quiseram colocar, como disseram na época, um pouco de juízo em minha cabeça, a fim de me fazer interromper a gravidez.

Ali uma nova batalha estava armada, e mais uma vez eu saí vitoriosa, só que, naquele momento agradeci por ter Tonny ao meu lado, pois ele não apenas lutou pelo nosso filho, mas decidiu que além de termos o nosso bebê, também nos casaríamos.

Então, depois de tanta luta e passar por todo o estresse, ali estava eu, com um vestido de noiva feito por mim, pois, que tipo de estilista seria eu se não conseguisse confeccionar meu próprio vestido? Claro que não passava de algo simples, sequer longo era, chegava no máximo em meus joelhos, mas era lindo e a economia valeu a pena.

— Nunca vi uma noiva tão apressada. — Joyce, minha tia, tentou sorrir enquanto olhava para os lados.

— Como apressada, tia? Estou meia hora atrasada — falei tentando ver o que ela procurava com o olhar.

— Sim, mas noivas se atrasam, é o protocolo.

— Não quero saber de protocolos. — Tentei avançar meus passos em direção à grande porta da igreja que naquele momento estava fechada. — Só quero entrar lá e me casar, pois além do jantar, eu ainda tenho a última prova do curso amanhã.

— Eu sei, querida, mas é que, huumm, como posso dizer, Tonny está um pouco atrasado — Explicou me dirigindo um olhar de pesar.

— Como? Alguma coisa deve ter acontecido. Com certeza ele avisou — Preocupei-me olhando para minha irmã que estava encarregada de cuidar do meu celular, era ela que estava recebendo as mensagens e chamadas.

— Ele não avisou — ela disse cabisbaixa. — Depois que a tia me informou, eu já tentei inúmeras vezes, mas sem retorno.

— Talvez ele tenha ficado sem sinal, bateria, um imprevisto qualquer. Vou tentar falar com ele. Dê-me aqui meu celular.

Pedi, pois não tinha como aquilo estar acontecendo.

— Tia, volte lá dentro e pergunte para os pais dele se sabem de alguma coisa — falei para ela assim que a ligação foi para a caixa postal. — Com certeza eles têm alguma informação. Se algo ruim tivesse acontecido, eles teriam me informado.

Pedi, mas ela não se moveu, e quando tentei mais uma vez falar com Tonny, percebi que tinha acabado de ser bloqueada. O que estava acontecendo? Tínhamos passado toda a semana juntos, planejando nosso dia, não tinha como ele não aparecer, não avisar e ainda me bloquear.

— Sinto muito, querida, mas não tem ninguém da família dele aqui. Eles a abandonaram.

Por fim minha tia decidiu falar, e tinha para mim um olhar de pesar.

— Eles não, tia — respondi envergonhada. — Meu compromisso era com ele, eu estava me casando com ele, não com "eles". Foi ele que nos abandonou, a mim e ao nosso filho.

Ao terminar de falar comecei a ouvir um zumbido, leve, mas que foi subindo cada vez mais, como se meu ouvido estivesse colado ao apito de uma chaleira. E quando ouvi o grito de horror da minha irmã eu desabei. O líquido morno e vermelho que começou a escorrer pelas minhas coxas e pernas, manchando o branco do meu vestido, indicava que não era só o noivo que eu tinha acabado de perder, mas meu bebê também.

Somente no ano seguinte, após eu já ter me recuperado do choque e da humilhação vivida, foi que eu soube que Tonny há muito estava me traindo. Além de ser um traidor, ele era também um maldito covarde, que em vez de conversar preferiu simplesmente me humilhar fugindo no último minuto. O que ele não sabia, era que eu faria da humilhação minha força para vencer. 


Tadinha dela, não?

Será que ela vai conseguir superar tudo e dar a volta por cima?


LAÇADA PELO COWBOYOnde histórias criam vida. Descubra agora