quatro.

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💚 - NEGOTIATING A BABY
14/03/2023
@LITTLELLARA

Tem coisas que a gente se submete e depois pergunta o porquê de tanta desgraça sendo que a gente mesmo faz por merecer

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Tem coisas que a gente se submete e depois pergunta o porquê de tanta desgraça sendo que a gente mesmo faz por merecer.

Pra' que eu tô na casa da Bruna? Pra' que? Nem adianta perguntar o porque, o porquê todo mundo sabe, mas, pra' que?

Respirei fundo quando ela se sentou no sofá na minha frente, hoje ela tava impossível, daquele tipo de pessoa que você não suporta só ficar do lado? Igual.

Ela estava reclamando de uma amiga que tava fazendo um drama pelo celular e que já chegaria aqui.

Eu só não imaginaria que essa amiga seria a loira que passou pela portas alguns segundos atrás.

Louise chorando. Eu deveria me assustar? Conheci ela quando ela estava em prantos.

Eu não sabia nada sobre a garota mas se tem uma única coisa que eu tinha certeza sobre ela, era que ela era uma mulher muito emotiva.

Eu juro, juro que vi Bruna revirar os olhos antes de começar a ajudar a mulher a se recompor, me pedindo pra pegar um copo de água com açúcar.

Tive um dejavu.

Corri para a cozinha e enchi um copo de água, coloquei uma colher de açúcar e voltei correndo pra' sala.

Dessa vez, não sai da sala. Fiquei sentado ao lado da mulher chorona e esperando ela se recompor para que começasse a explicar o que tinha.

     — Desculpa atrapalhar vocês, me desculpa mesmo. — A loira disse e eu encarei Bruna, depois voltei meu olhar para a garota quando vi que a minha ex namorada não falaria nada.

     — Não tem problema, não atrapalhou nada. — Respondi a encarando.

     — Eu entrei em um processo de adoção, queria adotar um bebê num abrigo que eu sempre vou mas fiquei sabendo que tem um casal que quer adotar ele, vocês sabem né? Duas pessoas casadas e estruturadas tem muito mais chances do que eu que apesar de ser independente, sou solteira. A justiça pretende que a criança tenha uma figura paterna também. Mas a maior vontade da minha vida é ser mãe daquele bebê. — Ela explicou e eu vi que era algo que tocava muito na ferida, ela expôs algo íntimo e que era nítido que era seu ponto fraco.

     — Relaxa, Lou! Daqui a pouco você acha outra criança sozinha pra você adotar. — Escutei Bruna resmungar, olhei para ela que estava pegando seu celular.

     — Não Bru, eu quero o Davi! — A loira resmungou ao meu lado.

     — Qual a obsessão de vocês por uma criança? — Bruna perguntou olhando para mim e depois para Louise. — Vocês combinariam, sabia? Os dois são fissurados por ter uma criança pra chamar de sua. Ainda bem que você é meu ex e a Lou é minha amiga, não tem nem possibilidade de ficarem juntos. — Bruna disse como se fosse algo normal e eu senti meu corpo tensionar, assim como a garota ao meu lado. As palavras da mulher nos deixaram desconfortáveis. — Além do mais, você não pode engravidar, né? E o Raphael é doido pra ter um filho pra' chamar de dele.

Engoli em seco.

Acabei de ver a loira dizer que o sonho da vida é ser mãe de um bebê adotivo, isso porque, não pode ser mãe.

Escutar da talvez "melhor amiga" que um homem não escolheria ficar com ela só por conta da sua incapacidade de gerar um filho foi como acionar um botão vermelho.

Todos sabemos que botões vermelhos são muito perigosos.

Louise levantou do sofá com rapidez, como se estivesse entrando em combustão e estivesse prestes a explodir.

O botão vermelho acionou um gatilho forte na mulher, que me encarou com os olhos cheios mas logo puxou o celular da mão da Santana, que olhou indiferente para a loira e fez uma careta.

     — O que foi? — Bruna perguntou como se não entendesse a gravidade do seu ato.

     — Te pedi uma única coisa, não contar pra ninguém sobre esse assunto e você acabou de falar aqui como se fosse uma fofoca ou uma notícia inútil. — Louise falou entredentes, tentando controlar seus próprios instintos.

     — Ah, qual é? É só o Raphael. Ele entende bem desses negócios de filho e gravidez e bla bla bla. — Bruna resmungou quase como um deboche e dessa vez quem ficou bravo foi eu. Levantei do sofá com pressa e pesquei minha chave do carro com a carteira da mesinha de centro.

     — Você é uma pessoa má, Bruna! Você é muito má. — Louise falou, eu sabia que estava certa, já tinha dito isso para a Santana.

     — Vai ficar com raiva de mim por falar uma verdade? Você mesma sabe que não pode ter filhos, o que eu falei demais? Deixa de ser dramática, Louise! — Bruna falou também se levantando e eu vi o corpo da loira dar um solavanco.

     — Louise, vamos embora! — Tomei coragem pra' falar e a loira me olhou. — Eu te deixo em casa, só vamos, por favor. — Pedi olhando em seus olhos que estava quase transbordando todos os seus sentimentos.

     — Que porra é essa? Você veio aqui para conversar comigo, Raphael! Deixe que ela vá embora sozinha, veio aqui na minha casa e não conseguiu ouvir umas verdades e agora tá fazendo draminha pra' cima da gente. — Bruna continuou resmungando e eu respirei fundo. — Eu não posso fazer nada se querem adotar o filho que ela acha que é dela e você não sai daqui até conversar comigo.

     — Cala a boca, Bruna! — Falei alto, isso fez ela arregalar os olhos na minha direção. — Você é egoista, só para de pensar um pouco no próprio umbigo e pensa no que fala, você magoa os outros e nem sente. — Falei e ela ficou calada, olhei outra vez para a loira e estendi a mão pra' ela que ficou estática mas segundos depois, aceitou.

     — Isso, vão embora mesmo, fujam da realidade. — Bruna gritou quando eu puxei Louise para fora da casa. Assim que chegamos no meu carro, eu fiz questão de abrir a porta para a loira e passar o cinto pelo seu corpo.

Ela continuava estática, os olhos transbordando e o corpo dando espasmos com os soluços que ela soltava.

Dei a volta no carro e entrei no banco do motorista, tudo isso sentindo o olhar da Santana queimando minha pele.

Mas, assim como prentendia, sai do condomínio determinado a nunca mais voltar para aquela casa.

Mas, assim como prentendia, sai do condomínio determinado a nunca mais voltar para aquela casa

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Desculpem algum erro, não revisei. O que acharam hein? O próximo vai ser muito legal.
NEGOTIATING A BABY
Raphael Veiga
Posted in February 28, 2024.
@littlellara

NEGOTIATING A BABY • RAPHAEL VEIGAWhere stories live. Discover now