Venticinque

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𝐶𝐴𝐼𝑈𝑆 𝑉𝐼𝑆𝐼𝑂𝑁

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𝐶𝐴𝐼𝑈𝑆 𝑉𝐼𝑆𝐼𝑂𝑁

Durante toda á minha existência, sobrevivia pelo ódio e pela vingança. Quando meus olhos encaravam um humano, tudo que minha mente me forçava a ver, era aquela noite, e então, revivia tudo outra vez.

Eles tiraram tudo de mim, tudo. Meu lar, meus pais, não havia mais nada, e minha alma ainda foi arrancada.

Não houve uma escolha, não tinha motivos para tanta dor e sofrimento, e mesmo assim, aqueles humanos mataram todos, todos os outros humanos.

Então, decidi ser tão cruel quanto eles, não teria mais piedade, eles não mereciam.

Mas, Nora estragou meus objetivos. Assim que soube sobre nossa ligação de almas, não me importei, pois jamais iria deixar um humano fazer parte da minha outra vez.

Aos poucos, cada dia, ela me fazia mudar de pensamento. Suas dificuldades em se adaptar a uma nova vida, longe da sua família, me lembrava um pouco da época em que perdi tudo. Seus medos, seu olhar, tão puro, como se ela pudesse me ver além de quem eu sou, talvez de quem eu fui uma vez.

Quando a fiz sorrir pela primeira vez, aquele sentimento humano que tranquei por milênios. Suas opiniões, uma garota obstinada, que mesmo tendo medo, jamais mudou quem ela era.

Quando ao menos percebi, tudo que minha mente pensava no momento, era Nora. Deseja que ela estivesse ao meu lado, todo segundo, desejava mostrar para ela tantas coisas e tantos países que provavelmente ela nunca visitou. Queria dividir os instantes do resto dos meus dias com ela.

E quero.

Não posso acreditar que estou amando uma mulher, e estou atrás dela agora.

...

Soube onde estava assim que me deparei com o tempo fechado, as ruas úmidas pela chuva recente e tudo tão mórbido.

Ela estava por perto, mas, era como se fosse tão distante ao mesmo tempo.

Então, andei um passo para frente, um passo na direção dela. Naquele instante, o sentimento que me percorreu, era de como se tudo ao meu redor estivesse desmoronando, como se virasse cinza e nada mais restasse. Um vazio sem fim, minha alma se desfaz e todo meu ser parecia virar nada além de um suspiro, um último suspiro.

Algo havia acontecido com Nora.

...

Estive tão ocupado pensando em tantas coisas, ou talvez, sempre somente em mim. Me forçando a esquecer o fato de termos tantos inimigos, que esperam por um erro nosso, por apenas um erro, e então, nos destruir. Destruir tudo que mais importa para nós, nosso maior ponto fraco e nos deixar vulnerável.

E me sinto destruído agora. Me sinto dilacerado por dentro e por fora.

Quando me deparei com aquela camionete familiar dos Swan's, com uma terrível batida, no meio da estrada, meus olhos vagaram imediatamente por todo lugar. E assim, encontrei o corpo dela, caído sobre o campo mais afastado da estrada, aquelas névoas chuvosas me dificultava a visão do seu verdadeiro estado, e em menos de um milésimo, eu estava ajoelhado ao lado dela, segurando seu frágil corpo contra o meu.

— Nora! Abra seus olhos, me diga alguma coisa. — Minha voz soa evidentemente minha preocupação, minha mão tão gélida quanto o rosto dela naquele momento, onde toquei suavemente como se ela fosse quebrar a qualquer toque firme, se não estivesse quebrada.

Não houve respostas, apenas silêncio.

E amaldiçoei tudo que existia por isso estar acontecendo, não comigo, mas com Nora.

Ela era a cura, ela era a salvação.

Minha salvação.

E sem ela, sinto a escuridão me devorar por inteiro. Me levar e jamais me trazer de volta, não outra vez.

— C-Caius? — Minha mente retorna em um milésimo quando ouço sua voz, uma voz fraca e tão baixa que uma audição humana não seria capaz de escutar.

— Estou bem aqui, amor. — Respondo, inclinando sua cabeça para cima, tentando desesperada ajudá-la de alguma forma. Precisava desesperadamente dela.

Podia ver que sua respiração estava dolorosamente difícil, seus lábios escuros como se sua vida estivesse se esvaindo a cada segundo que passava. Toquei seu pescoço, sentindo sua pulsação fraca demais. Nunca havia me sentindo tão incapaz antes.

— N..Não...me... — Nora se esforça, tentando me dizer alguma coisa, suas mãos alcançam minha blusa, uma tentativa falha de agarrar o tecido, ela estava fraca demais para executar qualquer movimento brusco.

A segurei com mais firmeza, não deixando seu corpo quebradiço escapar de jeito nenhum.

— Não...me deixe... — Ela consegue proferir com dificuldade, e só posso entender o significado das suas palavras, quando, lentamente ela afasta seus cabelos do pescoço.

Ela não poderia estar desejando isso.

— É verdadeiramente oque você quer? — Questiono, nossos rosto tão próximos. Eu precisava ter certeza da sua escolha, uma vez sim, nunca mais haveria retorno. E ela concordou fracamente. — Escute, Nora, estou lhe dando a escolha que nunca tive. Sabe as consequências que essa decisão te trará?

Questiono mais uma vez. Tudo que mais desejava era salvá-la, era tê-la por toda eternidade ao meu lado. Mas queria que fosse pela vontade dela, queria que seu desejo fosse tão forte quanto o meu. Queria a certeza que não haveria arrependimentos em seus olhos quanto ela acordasse de novo, e dessa vez, para nunca mais fechá-los.

Ela demora mais, suas forças se tornando a cada segundo inexistentes, mas concordou novamente, seus olhos não sendo mais capazes de se manterem abertos.

Minha mão segura sua cabeça com mais força, meus dedos mergulhando sobre os fios do cabelo dela enquanto enquanto a levava para mais perto do meu rosto, o suficiente para sentir seu aroma doce e viciante. Minhas íris se tornando um vermelho mais intenso, seu sangue me chamando e me atraindo.

Meu nariz raspa suavemente como uma pluma a curvatura do seu pescoço, apenas sentindo sua respiração, escutando as batidas do seu coração.

— Eu a amo desde aqui, até a lua. — Sussuro contra sua pele gélida, deixando um último beijo sobre sua ainda pulsação, e por fim, gravo minhas presas sobre seu pescoço com vontade.

A tornando, eternamente minha.

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𝐂𝐚𝐢𝐮𝐬 𝐕𝐨𝐥𝐭𝐮𝐫𝐢 • Eclipse SolarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora