O Contrato •°ABO°•

um passado, uma saudade...

°•Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.•°

–Confúcio.

Reescrito

💐

{Contagem regressiva para as descobertas}

Park Jimin

Quando eu era jovem gostava de sentar debaixo de uma laranjeira com um caderno de desenhos em mãos e me imaginar sendo um artista renomado.

Quando virei um adolescente eu fazia a mesma coisa, mas agora me imaginando sendo um grande estilista famoso, ganhando esse título por mérito de ser bom, e não por ser mimado por meu pai.

Eu amadureci, consegui o que desejava, e aos vinte e um anos visitei a mesma laranjeira, encantado com as memórias que eu havia criado ali.

Nesse tempo comecei a me preocupar com quem eu iria me casar, quem iria cuidar de mim, e se eu realmente queria a vida de um ômega estereotipado – mesmo que aparentemente eu fosse um ômega estereotipado –, se eu queria viver como um boneco, afinal como eu iria herdar a máfia de meu pai sendo um ômega? Ou pior, como poderia confiar em um alfa para tal cargo? Nesse tempo inteiro até hoje, com meus vinte e sete anos, eu acabei abandonando meu refúgio.

Quem me levou naquele lugar pela primeira vez foi Hoseok, que em algum momento entrou em minha casa desafiando meu pai com seus feromônios fortes e logo depois me tirando de lá.

Eu não me lembro o motivo da briga, não lembro o que aconteceu exatamente e nem em como hobi chegou a fazer parte de mim e de minha vida, a única coisa que me lembro é de sentar ao seu lado, ele me entregando um caderno e uma caneta e me pedindo para expressar meus sentimentos naquele pedaço de papel enquanto me observava atentamente.

Eu não imaginei que aquilo seria um grande impulsionamento em minha carreira como artista, mas foi bom quando hobi sorriu para mim dizendo que eu era alguém especial.

Eu tinha por volta de sete anos, hobi havia acabado de fazer quatorze, nossa amizade era algo completamente inocente e infantil, e era mantida em segredo, também nunca houve algum destratamento do alfa em relação a mim, éramos como irmãos que não cresceram juntos mas compartilham dos mesmo traumas.

Em nenhum momento que visitei aquele lugar, que era tão vivo em comparação com a minha casa mórbida e sem cor, fui sem a companhia de Hoseok, nunca tive a vontade de mostrar a ninguém, pois aquilo era algo especial nosso e eu queria continuar mantendo daquele jeito.

Quando eu tinha quatorze e ele vinte e dois, no dia do meu aniversário hobi me levou até a laranjeira e presenteou-me com vários materiais de artes, sentou debaixo da árvore como sempre fazia e me pediu para desenhá-lo, foi algo completamente confuso, mas ele insistiu para que eu fizesse, sorrindo como se aquele fosse o dia mais feliz da vida dele, ou como se ele estivesse ganhando o seu doce preferido ao fazer parte de uma pintura.

Eu não era profissional, tão pouco me achava capaz de fazer desenhos complexos como o qual Hobi estava me pedindo, no entanto, tentei e fiz acontecer da minha forma. Haviam folhas secas em tons amarelos e laranjas ao redor do corpo alto e pálido, seus cabelos castanhos tingidos pelo pôr do sol brilhavam intensamente junto de seu sorriso perfeitamente bonito e cativante.

Quando terminei, Hoseok veio até mim e me elogiou dizendo que eu seria um ótimo estilista no futuro. O alfa não sabia, mas ele havia sido a primeira pessoa a me incentivar a seguir meu sonho, e eu também não imaginava que aquela pintura seria a última coisa que me restaria do meu melhor amigo nos próximos longos e torturantes treze anos.