Vinte e oito dias para o fim das férias

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Eu posso sorrir e agir como se nada tivesse acontecido, fiz isso a minha vida toda. Eu agi como se não tivesse nada de diferente comigo a vida toda. Entro no apartamento, vou até o quarto da Laura, guardo o jogo onde eu peguei. Já não estou mais chorando, já me acalmei. Não chore mais, se recomponha. De novo eu estou repetindo aquilo como um mantra.

Vou até o banheiro e lavo o meu rosto, quando levanto a cabeça vejo o meu reflexo no espelho. Estou com cara de choro, meus olhos estão vermelhos e meu nariz também. Respiro fundo e observo meus próprios olhos. Por que eu sinto tanta vergonha de quem eu sou? Tenho vontade de quebrar o vidro, mas respiro fundo, estou na casa dos outros, sou uma hóspede, não posso fazer algo assim. Saio do banheiro e vou direto para a cozinha, pego um copo no armário e vou até o gelágua. Tomo um grande copo de água, respiro fundo algumas vezes e empurro todos aqueles sentimentos para o fundo do peito.

— Preciso me acalmar e colocar a cabeça no lugar. — falo comigo mesma e pego meu celular no bolso, observo minha imagem na câmera frontal, acho que não vão mais perceber que eu chorei. Não posso me descontrolar assim, vou conversar com a Malu e resolver essa bagunça, eu não estou pronta ainda para falar assim do nada, ela me pegou de surpresa. Se eu explicar, ela vai entender, não vai? Respiro fundo e me convenço daquilo, então eu volto para o andar debaixo apenas para descobrir que Maria Luiza foi embora.

Taeyang

Thiago e Duda estão na borda da piscina, Dal está deitada em uma das espreguiçadeiras e eu estou juntando toda a minha coragem para o que pretendo fazer a seguir. Respiro fundo e me aproximo de Laura, ela está juntando as coisas que sujamos.

— Você quer ajuda?

— Por favor — Laura sorri para mim e eu sorrio de volta. — Tu acha que tá tudo bem com a Dal? Acho que ela voltou meio estranha lá de cima.

— Ela voltou estranha mesmo, mas pela forma que ela agiu, não está pronta para falar do que está sentindo ainda — explico calmo, olhando para Laura — não se preocupa, assim que eu tiver uma oportunidade vou falar com a Dal, mas as vezes ela precisa de um pouco de espaço.

Olho para Laura, gosto que ela se importe tanto com a minha irmã, que se preocupe e fale comigo sobre. Apesar de ser muito extrovertida e animada, sinto que Dal nunca conseguiu ser totalmente ela mesma com os amigos e isso sempre me deixou meio triste. Ainda que eu seja mais quieto e fechado, acho que os poucos amigos que tenho me conhecem muito bem.

Me aproximo da pia e começo a lavar a louça, Laura me olha e corre para perto de mim.

— Não precisa fazer isso, eu posso fazer! — Se apressa em falar e ela quase escorrega no chão molhado quando está chegando perto de mim. Rapidamente eu seguro o braço dela para que ela não caia, consigo impedir a queda, mas a garrafa de água que ela estava segurando aberta cai toda em mim. Levo um verdadeiro banho. Faço uma careta, já que a água gelada voou até no meu rosto.

Nos olhamos por um momento e ela simplesmente tem uma crise de riso.

— Me desculpa! — Fala, mas Laura está simplesmente gargalhando, eu a observo, tiro o boné e o ajeito para trás, tirando o cabelo do meu olho.

— Você não parece muito arrependida, sabia? — digo e pego a minha garrafa de água, enchendo ela na pia. — Na verdade, eu acho que você não está nem um pouco arrependida... — Falo calmo e ela começa a andar para trás, eu estou dando um pouco de tempo para Laura sair da área que tem sabão no chão, enquanto eu encho a minha garrafa.

— O que tu tá fazendo, Tae? — Pergunta me olhando com uma expressão surpresa, tentando conter o riso. Eu estava planejando chamá-la para um encontro, mas quem disse que não posso fazer isso depois de dar um banho nela? Eu finalmente estou me sentindo mais à vontade com todos aqui, quero que eles realmente me conheçam.

Sob o mesmo solWhere stories live. Discover now