• chapter seven of; BD

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Ele queria que todos queimassem no inferno.

Jimin pedalava com uma certa ira contra os pedais da pobre bicicleta que já havia consertado inúmeras vezes. De seus olhos saíam as lágrimas que lembravam do dia anterior, do peito uma mágoa e em sua garganta um bolo seco que doía como uma pedra entalada, e para aliviar seria necessário apenas um colo.

Dodô.

Ele deixou tudo para trás. Deixou Jungkook, deixou Maia, deixou Disney e sua vontade de continuar vivendo também. Jimin tinha a orelha machucada após uma briga no meio da noite contra um militar que queria o último azeite da gôndola. Como um bom curioso, para não julgar enxerido, ele irritou-se com a soberba da autoridade, ainda mais quando viu o outro homem o qual discutia ir ao chão depois de um empurrão em seu peito. Ficou fora do sério.

Félix e Jungkook, que haviam resolvido reabastecer a casa todos juntos, apareceram tarde demais e Jimin já estava se rebelando com o militar desconhecido, no chão do estabelecimento, sem ter noção alguma de golpes.

Por isso levou vários.

Aquilo resultou em um Jungkook falando sem parar após encarar a briga para si e vencer, e em um Félix chocado. Veja bem, não era como se o soldado amigo não tivesse visto seu General batendo em outros por aí, sua questão era ver Jimin, em sua bravura e insuficiência física, batendo em um militar que poderia sacar uma arma, atirar, e ficar por aquilo, fim.

Não sabia que poderia haver tanta ira dentro de alguém tão doce.

Agora, então, o resultado dela é novamente uma fuga. Novamente um ruivinho exalando lágrimas de ódio e prometendo pôr fogo no líder de Imperium.

Pois fugir é uma ótima opção quando é difícil sentir.

— Aconteceu alguma coisa, menino?

Dodô se aproxima calmamente quando recebe Jimin com uma bolsa nas costas, orelha com curativos que Jungkook fez e rostinho inchado pelas lágrimas.

— Eu odeio tudo isso! — resmunga, pronto para chorar de novo — Odeio, odeio, odeio!

Então se joga nos braços dele e volta a chorar.

Dodô suspira e o acolhe num abraço forte, ele sente o corpo do garoto tremular e se preocupa.

— Pi, por favor, uma água.

Pi já estava ali.

— Já sabia! — bem atrás de Jimin segurando um copo cheio de água, sabendo os próximos passos — Vou preparar a cama dele ao lado da minha, acho que vou dormir de conchinha hoje.

— Cuidado, não acorde os outros — Dodô pega o copo com cuidado — Obrigado.

— É só chamar, chefia — sorri e vai embora.

Restou apenas Jimin e Dodô novamente.

Temendo algum perigo, uma vez que poucas vezes o ruivo de prestava a chorar, o velhinho deu batidinhas nas costas do mais novo e sussurrou:

— Para surgir aqui às quatro da manhã, espero que não seja algo muito sério embora não pareça também nada muito bom — sorri nasalado e ergue a cabeça do menino, enxugando suas lágrimas — Sente-se, por favor.

Jimin funga três vezes e limpa o rosto todo úmido com as costas das mãos, sua expressão está péssima e quase não consegue enxergar o sofá velho ao lado para sentar enquanto assiste Dodô fazer o mesmo.

Havia somente uma vela acabando, iluminando os dois dentro daquele ferro velho dividido por quartos improvisados.

— Eu briguei ontem... — tenta limpar o rosto de novo, sendo inútil outra vez — Com um militar idiota, como todos os outros — começa a brincar com os dedos, sem encarar o velho — Mas também ouvi eles dizerem na rádio local que o "possível" tráfico de orgãos "não é tão sério quanto casais do mesmo gênero que se beijam" — bufou — Eles continuam cobrindo o sequetro de crianças, a nova doença que está matando e as mortes injustas nas ruas! Eles estão transformando isso em um lugar que Deus com certeza choraria ao pisar, e não amaria — levanta o olhar cansado de uma noite não dormida — Por que tudo está ficando assim...? Eu não entendo!

BellaDonna [jikook]Where stories live. Discover now