BellaDonna [jikook]

• prologue of; BD

Ele caminhou com cuidado. Jimin pisou nas folhas secas do chão estranhamente úmido. Ah, choveu por poucos segundos. Virou o corpo devagar apenas para se certificar de que sua bicicleta estava no mesmo lugar que a deixou. Respirou fundo vendo sua cor amarela bem vívida no meio daquele bosque tão sem cor.

Voltou a posição cautelosa e deu mais passos quase silenciosos... Um pássaro gritou. Não, não. Era um gavião. Grande e voando baixo. Jimin olhou para cima e pôde contemplar a beleza da ave... Sorriu. Era difícil ver animais frequentemente, incluindo pássaros, uma vez que haviam entrado em extinção ou estavam ameaçados.

Não havia perdão para nada nem ninguém mais.

Todos deveriam perder.

Apertou a alça da mochila na mão e encarou uma pequena toca feita no cantinho de uma árvore, em sua raiz. Havia folhas, galhos, papelões improvisados com umidez por conta da neblina recente. Jimin buscou pela lanterna na mochila e ligou. Sorriu de repente quando ouviu um som específico que o animava todas as vezes ali.

— Eu não esqueci de você... — entrou devagar na casinha improvisada — Está cada vez mais difícil sair... Sabe, as coisas estão ficando perigosas demais.

Jimin sentou numa toalha lisa do chão, suja. Jogou a bolsa colorida entre as pernas e abriu de novo, de lá tirou um saquinho com palha.

— Aqui está... Pode comer — abriu e espalhou pelo chão — Eu peguei de um vizinho... Não roubei, tá? — riu — Um pouco longe daqui, ele tem muito gado. Entrei em um estábulo... — falou um pouco mais baixo como se estivesse reconhecendo o próprio erro — Mas ele é um chato! — rolou os olhos — De verdade, eu não consigo ouvir a voz dele sem rolar os olhos — suspirou e negou com a cabeça — Tudo bem, tudo bem, você não tem que me ouvir reclamando, por favor, coma, acho que não tenho muito tempo...

Era um asno... Ou melhor, um jumentinho, jegue, burro... Tanto faz. Jimin o adotou quando o encontrou machucado naquele mesmo bosque.

Agora diz ser seu, mas precisa mantê-lo escondido porque... É um pouco complicado.

— Sua ferida cicatrizou rápido... — engatinhou até próximo a perna traseira e observou melhor — Amanhã vamos trocar o curativo, certo?

Mas ele continuava comendo famintamente, deitado mesmo.

— Eu ainda não te dei um nome... — pôs a mão no queixo e pensou — Você tinha alguém antes de eu te encontrar? Fugiu...? — mordiscou o lábio — Ah, não sei...

Uma ventania cantou ao lado de fora, Jimin olhou e viu a neblina surgindo novamente. Estava frio, anoitecendo e certamente ficaria perigoso mais tarde.

Permaneceu encarando a imensidade do bosque e pensou mais...

— Disney. Seu nome será Disney. Tipo Walt Disney, mas não por causa do Mickey, é porque eu realmente acho que soa fofo... Igual você — sorriu consigo mesmo — Ooookay, Disney! Eu preciso ir... Está anoitecendo — esticou a mão e acariciou o animal que ainda comia — Vou buscar uma maneira de te ter comigo... Prometo, hum?

Respirou profundamente uma última vez antes de se recolher e sair daquele lugar um pouco minúsculo. Fechou a porta também improvisada cheia de galhos secos.

Não queria demorar muito desta vez.

Jimin voltou pedalando o mais rápido que pôde quando percebeu que talvez estivesse anoitecendo rápido demais, ou decidido ver o Disney tarde demais.

Agora o céu estava escuro e nem mesmo a lua conseguia ir contra a neblina.

— Ai, droga... — resmungou quando viu a Picape preta estacionada — Droga, droga...