• chapter three of; BD

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Eu gosto de consertar coisas.

Gosto mesmo, tipo, o General tem duas bicicletas que consertei e ele nunca usou, por isso uso uma e outra quando sempre quero. Quer dizer... A outra é um pouco maior, então... É isso, acho que já é compreensível.

Decidi que talvez pudesse vender para ter alguma grana, mas sei que, embora ele não use, poderia me dar um sermão daqueles. Também não me importo, mas às vezes se torna cansativo discutir tanto com alguém que nitidamente não me escuta, como se todas minhas palavras fossem em algum outro idioma.

Ele não se importa com o que digo ou penso. E já entendi isso.

General idiota.

Quando tento pensar que meu pai poderia ter feito uma boa escolha e me deixado nas mãos de alguém que sabe o que faz, demora apenas cinco segundos, e então, rolo os olhos e bufo. É claro que não. Papai provavelmente estava no nível mais debilitado de um doente, então, não estava raciocinando corretamente. Mas, infelizmente, todos consideraram a palavra dele como uma lei e, agora estou aqui, sentado no chão forrado por um colchão velho, dentro do pequeno galpão de ferramentas que, me atrapalha um pouco por haver, obviamente, tantas ferramentas de Jungkook.

Eu não sou de ficar o tempo todo aqui dentro, mas está chovendo, não tenho aula nos próximos dias e também não posso sair. Fugir não é mais meu pensamento quando as coisas lá fora me deixam com um pouquinho de medo. Um pouquinho só, não tanto. É sério. Então tentar consertar meu relógio que parou de funcionar de repente era meu passatempo.

Talvez eu esteja frustrado porque não beijei na boca.

Me sinto idiota. Quem, o qual está prestes a completar vinte anos, ainda não beijou ou... sei lá! Transou? Isso não me preocupava, mas agora eu quero me sentir alguém normal, não estou morto e nem sou feio... Eu acho.

Então vou continuar tentando.

Vou continuar tentando ter a vida que quero. E se isso significa ter a maior das iras do General, ótimo. Também estou tentando fazê-lo viver seu pior pesadelo comigo até que desista de mim e me mande embora para sempre.

Acho que estou quase lá...

Park.

Me assusto quando ouço ele bater na porta após me chamar.

Deixo de mexer num dos ponteiros e tento fingir que não estou aqui. Mas continua:

Sei que está aí.

Eu suspirei.

— Ótimo. Bye Bye.

Ele insiste:

Está o dia todo aí dentro.

Rolei os olhos.

— Sério? Nem me dei conta.

Preciso irritá-lo. Preciso irritá-lo. Preciso irritá-lo.

Preciso irritá-lo até que desista de mim.

Quero te mostrar uma coisa.

Penso, estreito os olhos e encaro a porta fechada.

— Isso soou meio psicopata. Sabe, quando assassino quer levar a vítima até uma emboscada faz assim.

Foi a vez dele ficar um tempo calado.

Dei um sorriso de canto e voltei a olhar o relógio.

E isso soou meio patético. Se eu quisesse matar você, não iria precisar fingir.

Mordi o lábio e respirei fundo. Levantei do colchão sem cama e afiei os olhos para a porta como se pudesse vê-lo ou estivesse sendo visto.

— O que você quer?

BellaDonna [jikook]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن