Capítulo 25 - último

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Em vez de responder, ele o entregou a mim. O peguei rapidamente, recusando-me a demorar no "e se". Tirei do envelope a grossa pilha de papéis e os desdobrei. Uma palavra foi tudo que eu precisei ver:

Dul: Você pediu o divórcio. — não precisava ver mais nada; larguei os papéis ao meu lado. Ele estendeu a mão, tocou meu pé, e me encolhi. Nossos olhos se encontraram enquanto ele voltava as mãos para o colo.

Ucker: Não é isso que eu quero — ele afirmou.

Dul: Pelo que sei, uma pessoa que pede o divórcio é porque quer se divorciar, Christopher.

Ucker: Não é o que eu quero fazer, é o que eu tenho que fazer. — mordi o lábio para impedi-lo de tremer.

Dul: Você se importaria de explicar? Tive uma semana louca, e esse jogo de palavras é demais para mim agora. — Ele fez uma pausa.

Ucker: Eu conheci uma mulher linda, inteligente, atenciosa, que me virou a cabeça. Meu ego foi mortalmente ferido, e o que eu fiz? Eu a chantageei. Encontrei cada detalhe sórdido que pude descobrir e usei isso para conseguir o que queria, ignorando completamente o que isso faria com ela. — A auto degradação de Christopher era uma virada na história, algo que eu não gostava de ver, embora o que ele dizia fosse verdade. — A parte canalha e egoísta que vive dentro de mim tirou vantagem total da situação, e eu te levei para a minha cama. Então quase te matei, não uma vez, nem duas, mas três vezes, Dul. E tudo isso para quê? Orgulho? Dinheiro? — ele ficou sem palavras e olhou para o chão. Balançou a cabeça.

Dul: Você tem razão sobre tudo isso.

Ucker: Eu não te mereço.

Dul: Exceto pela parte de me levar para a cama. Eu estava bem consciente naquele momento. Você me seduziu? Talvez. Mas quero pensar que tenho um pouco de crédito nisso.

Ucker: Eu devia ter ficado longe de você.

Dul: Gosto de pensar que tornei isso impossível — O esboço de um sorriso atravessou os lábios de Christopher.

Ucker: Desculpe, Dul. Desculpe por ter forçado este casamento, por colocar sua vida em risco. — Ele demorou os olhos no braço machucado. — Por te causar tanta dor... Te dar o que você queria desde que nos conhecemos é a única coisa que me resta fazer.

Peguei os papéis do divórcio mais uma vez:

Dul: Você disse que não é isso que você quer.

Ucker: E não é — ele reiterou. Então olhei para ele e perguntei:

Dul: E o que você quer?

Ucker: Quero o impossível. Quero voltar e recomeçar tudo. Quero conhecer aquela mulher linda, inteligente e atenciosa e trazê-la para o meu mundo, até que ela não possa ver o mundo dela sem mim. Quero cuidar dela todos os dias da semana, todos os meses do ano. Quero que ela saiba que, por causa dela, quero ser um homem melhor, o homem que ela merece para viver com ela pelo resto da vida. — As lágrimas se acumulavam nos olhos dele enquanto falava, ao passo que as minhas corriam pelo rosto. Dessa vez, quando ele colocou a mão em minha perna, não me afastei. — Eu quero ouvir essa mulher dizer que me ama de verdade, não porque foi forçada a isso. Quero pedir a ela que se case comigo diante de um juiz de paz, um padre, um rabino, seja lá quem for, e vê-la caminhar até mim e unir livremente sua vida à minha.

Dul: Christopher... — Ele pegou os papéis, mas os largou de novo.

Ucker: Sei que isso é um retrocesso, mas me divorciar de você e tentar de novo é a única maneira de fazer tudo isso acontecer. Eu vou sempre questionar a nossa vida se não fizermos isso primeiro. — Ele se aproximou e levou a mão ao meu rosto. — Eu te amo, Dulce. Sei que não te mereço agora, mas vou merecer um dia. Se Deus quiser, você vai aceitar a minha promessa de um futuro feliz.

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