Olvidar

Capítulo 1

P.O.V. Ucker

Mirei meu alvo e serpenteei através da multidão, fazendo várias mulheres virarem a cabeça enquanto passava. Já fazia muito tempo. Embora raramente pedisse favores a antigos conhecidos, marchei em direção a um deles, sem olhar para trás. Se os rumores fossem verdadeiros, metade dos meus problemas estaria resolvida em poucos dias. Um sorriso se espalhou pelo rosto de Blake Harrison:

Blake: Uckermann.

Ucker: Sua Graça.

Blake: Meu Deus, cara. Há quanto tempo! Oito anos, nove?

Ucker: Texas. Acho que você ia se casar com a sua esposa pela terceira vez. A vida de casado combina com você — Talvez tenha dito isso por dizer, mas meu velho amigo Blake realmente tinha um brilho no olhar e alguns saudáveis quilos extras, desses que um homem adquire com uma vida tranquila.

Blake: Vou dizer para a Sam que você aprova.

Ucker: Você tem um minuto? — Blake estreitou as sobrancelhas escuras e levantou a mão, indicando que eu fosse na frente. Contornamos alguns colegas, velhos amigos e ainda mais velhos inimigos, até encontrar um canto tranquilo onde pudéssemos conversar em particular. Com sorte, não seríamos interrompidos.

Blake: Então, vá em frente. Você sabe que pode ser direto comigo. — Essa era uma das qualidades de que mais gostava em Blake.

Ucker: Fiquei sabendo que sua esposa tem uma empresa. — Blake manteve o sorriso, mas o jeito como seus olhos se estreitaram me fez entender que estava entrando em campo minado.

Blake: Sim, é verdade.

Ucker: Acho que ela pode me ajudar.

Blake: Está tentando mudar seu status de solteiro, Uckermann? — senti o peito mais leve. Parecia que minhas fontes estavam certas.

Ucker: A lista da Forbes tornou minha vida mais difícil do que você imagina. Ela pode me ajudar? — Blake levou a mão ao bolso interno do paletó e retirou um único cartão de trás dos próprios cartões de visita. Tamborilou com o cartãozinho na palma da mão e inclinou a cabeça.

Blake: Quero deixar bem claro que não tenho nada a ver com a Alliance. Não posso garantir que a Sam e as mulheres que trabalham com ela vão te aceitar como cliente.

Ucker: Me aceitar?

Blake: Minha esposa é muito cuidadosa na triagem dos clientes. Se alguém de lá encontrar um motivo para não te aceitar, você vai ter que se conformar com isso.

Ucker: As mulheres me amam.

Blake: Isso até que funciona quando se está a fim de um encontro, mas não é a mesma coisa quando se procura uma esposa. Só para te avisar, Uckermann: se elas não te aceitarem, não vou interceder a seu favor.

Ucker: Não estou preocupado. — Blake riu.

Blake: Eu te conheço, Uckermann. E conheço a minha mulher. É melhor pensar num plano B, caso isso não dê certo.

Ucker: Eu mudei. Não sou mais o mesmo cara.

Blake: Nenhum de nós é. Só espero que tenha aprendido a lidar melhor com a rejeição do que quando era jovem. Acho que me lembro de você usar os punhos para defender seu ponto de vista.

Ucker: A gente cresce e para de brigar.

P.O.V. Dulce

Dul: Eu estou tão envergonhada!

Gwen: É perfeitamente normal. — Olhei para minha amiga britânica, depois para a traseira de seu Lexus. Podia jurar que a pessoa que estava saindo da outra vaga havia sinalizado para que eu avançasse. O outro carro bateu no meu, ou talvez eu tivesse dado ré. O homem, de cinquenta e poucos anos e cara de quem tinha comido rosquinhas demais, saiu agitando os braços e gritando. Não demorou muito para os sensores do carro notificarem a equipe de segurança, que estava por perto, e a vergonha de ser testemunhada por Gwen e Neil — Acidentes acontecem.