Pista 10: Cortina de fumaça

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— Bom... Como eu te contei, o tio Chan foi para o céu dos lobos, e hoje nós vamos nos despedir. Vamos colorir o lugar dele com muitas rosas para que ele fique feliz onde está agora. Não precisa ter medo de ir até lá e nem de perguntar o que quiser, está bem? — Disse atencioso, vendo a garotinha balançar a cabeça devagar em concordância.

O alfa não queria levá-la em uma cerimônia como aquela. A morte é uma incógnita até para os adultos, quem dirá para as crianças. Mas devido às circunstâncias, ela ficaria mais segura com eles do que com a babá, e assim Jimin se sentiria menos tenso e ansioso. No mais, aos poucos ela aprenderia sobre a morte, e quanto mais aberto o alfa fosse com relação as coisas da vida, menos doloroso seria entender que uma hora ela acaba.

Jungkook saiu do carro e rapidamente foi até a porta do passageiro, onde Jimin estava. Um dos seguranças se aproximou e tirou do porta malas do carro uma cadeira de rodas, pronta para acomodar Jimin. O ômega odiava a ideia de ser tratado como um enfermo, mas, não conseguiria andar até o local de cerimônia sem sentir dor ou correr o risco de abrir os pontos.

Em seguida, o alfa tirou Haru da cadeirinha, segurando-a no colo. A pequenina agarrou seu pescoço com força e escondeu o rosto ali, deixando ainda mais claro o quanto estava com medo de toda aquela experiência. O coração de Jungkook poderia quebrar em mil pedacinhos a qualquer momento.

O sol, embora tímido, protagonizava um céu azul com poucas nuvens, deixando o clima agradável. Diferente dos filmes onde os enterros acontecem sob uma grotesca chuva fazendo monólogo com a melancolia, aquela parecia uma despedida feliz, como um quadro de Van Gogh.

Com a ajuda do segurança, eles entraram no cemitério, seguindo para onde o caixão vazio seria velado. As lápides dentro de quadrados no chão eram mesquinhas e espalhadas por todo canto, sendo possível se perder de vista no terreno plano destinado aos mortos. A pequena sala da capela já estava equipada com coroa de flores, cadeiras, lenços e velas, e alguns rostos conhecidos já estavam por lá. Yoongi, Hoseok, Namjoon, Seokjin e algumas tias mais próximas de Bang Chan compartilhavam de um silêncio doloroso, após a sessão de ex-companheiros de batalha.

Don. — Jimin estava prestes a se levantar para reverenciar Seokjin, mas logo foi interrompido.

— Não se levante, Jimin, não há necessidade de formalidades nesse momento. Somos todos um único lobo agora. — O chefe comentou, vendo o ômega relaxar a postura. — Como se sente?

— Bem, senhor. Hoseok tem cuidado bem de mim e logo estarei de volta. — respondeu baixinho, recebendo um sorriso cordial em resposta.

— Com licença, senhoras e senhores. Desculpem o atraso. — Uma movimentação na entrada chamou a atenção de todos.

Taehyung Beaumont retirou a máscara facial assim que se sentiu seguro em não ser identificado. O alfa andou até Seokjin e apertou-lhe firme a mão, enquanto Yoongi e Hoseok simplesmente pareciam ter parado no tempo, encarando o associado da máfia como se ele fosse uma celebridade desejada por todos.

E ele era.

— Ah, Taehyung, obrigado por vir. Vamos começar agora. — Namjoon o cumprimentou receptivo, e logo deu aval para que a cerimônia começasse.

Um dos ajudantes iniciou uma música, que seria as orações de Pai Nosso e Ave Maria em forma de ópera. As tias se puseram a chorar enquanto acendiam as velas, como se sentissem uma dor dilacerante. O clima foi ficando cada vez mais pesado, e à medida em que os acordes e notas se espalhavam pelo local, mais claro ficava que eles haviam perdido uma pessoa querida, e o vazio da perda tomava aquele lugar.

Taehyung abraçou as senhoras desejando condolências, e também cumprimentou Jimin, desejando-lhe melhoras e falando o quão bonito ele estava, mesmo que não dormisse a dias. Seu cavalheirismo tornou o momento menos doloroso, e seu feromônio tranquilizante deixou todos menos ansiosos e angustiados.

SENTENÇA DE MORTE • jikook 🐺 ABOWhere stories live. Discover now