13 | flores de pitanga

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Descobri uma nova palavra pesquisando no computador. Enfado, que não é nada mais que sensação de tédio, de fadiga espiritual; mal-estar causado por algo que enfada ou entedia. E pesquisei isso por pura curiosidade de como expressar o que eu fazia no meu primeiro dia de trabalho em uma das maiores empresas de revistas e moda.

Meu dia foi cobertos de suspiros cansados, e recebi um único trabalho que terminei em menos de meia hora. Pelo o que entendi, os próximos dias não seriam sem parecidos, já que se eu não desse para Alister com certeza seria a mais  encarregada no local.

Acho que mal gastei o salto que separei para ir, naquela noite fria tive que ir de metrô para casa, recebendo algumas mensagens de Harley que pediria pizza.

Sabe aquela mesma fragrância que senti ao descer as escadas do apartamento? Eu sentia ela agora, subindo. E fiz o mesmo com os olhos, as posições foram invertidas desde nosso último encontro.

— Ah você de novo! — ela exclamou, já não havendo mais aquele sorriso largo e sarcástico.

— Oi Tamires. Saindo de casa agora?

Ela concordou com a cabeça, segurava em mãos uma pequena bolsa branca, que juntamente ao seu vestido laranja combinava perfeitamente.

— Na verdade eu ia descer as escadas para terminar com meu namorado escroto que tá bem ali na portaria.

Realmente não esperava coisa assim.

— Bem bonita para quem vai terminar o namoro.

Ela riu, graciosamente.

— Me espera aqui! Vou na sua casa.

Arregalei os olhos e ela nem esperou certa respostas, desceu as escadas apressadamente e me olhou uma última vez no último degrau. Tamires era curiosa. Bonita e muito simpática, mas não lembro de ter convidado ela para casa.

— Vai ter pizza para três? — perguntei baixo pra mim mesma.

Não demorou minutos, ela estava lá, de pé e ofegante, visivelmente feliz.

— Vamos?

Ela se achegou ao meu lado, andando sem querer mais na frente, e abrindo a porta de casa já vi Harley com seu pijama de sempre e um refrigerante em mãos.

Foi uma confusão, pra falar a verdade. Harley já havia pedido a pizza, porém só uma, já que comíamos isso e era suficiente. Então quando chegou escondemos e pedimos outra a tempo para Tamires não perceber que já tínhamos nos programado. Mas harley me puxou, brigando comigo por não ter aviso a ela, dei de ombros explicando que nem mesmo eu sabia que ela viria.

Ela comeu, e fez algumas piadas engraçadas que Harley se segurou para não rir, pois ainda se sentia brava. No final da noite ela chamou nos duas para sairmos ao parque, o único parque que tinha na cidade. O jeito que Harley e eu nos encaramos foi descarado, mas aceitamos.

— Foi incrível passar um tempo com vocês meninas. Até mais.

— Até! — eu e Harley respondemos juntas e a loira fechou a porta.

— Você que vai lavar a louca — encarei a mesa com mais pratos que usualmente utilizamks, e Harley com seu sorriso diabólico — Você que deixou ela entrar.

Relutante rastejei até a mesa recolhendo todas as coisas, inclusive achei a carteira decorada exageradamente com pedrinhas rosas, provavelmente de Tamires. Meu dedo coçou para não abrir, mas não teve jeito. Não é como se eu fosse pegar dinheiro da morena  mas me chamou atenção a foto dela com uma loira cortada ao meio.

Ouvi e falei muitas coisas essa noite, porém não deixei de perceber os detalhes que Tamires deixava para trás. A todo momento ela buscava algo para nós fazer rir, e as vezes parecia sem querer ela ficar quieta do nada. E isso podia ser explicado por seu término e a foto da sua suposta amiga na carteira, mas se era isso, Tamires era uma boa atriz.

— Não gostei dela.

Ouvi a voz de Harley atrás de mim, passando pelo corredor.

— Você riu de tudo que ela falava.

— Isso não importa.

A loira revirou os olhos rebolando de volta para o quarto e ligando música alta. Eu diria que harley parece uma adolescente, se não fosse música clássica para o Ballet.

Aquela garota, mulher para ser exata, tinha muito cheiro de Carolina. Flor e frutas tropicais. É claro que toda aquele charme começou a combinar com ela, e o branco destacava muito bem na sua pele morena.

Harley, decidiu não ir com seu novo discurso de que não gostava da mesma, mas Tamires fez questão de até levar um copo com o nome da loira, o que me deu uma pontada no coração. Estava mesmo tentando fazer outros amigos e acabou sendo eu.

— Você esqueceu a carteira ontem a noite.

Ela arregalou os olhos assim que a tirei da bolsa, pegou da minha mão bruscamente e até me assustei com tal reação. Talvez fosse pela foto, mas decidi não falar nada.

— Sabe, eu não te contei dos detalhes do meu término de ontem.

Ela iniciou, explicando tudo que o namorado fez, como se eu fosse sua amiga de mais longa data e confiança. Ela tremeu a voz quando quase disse o nome do ex namorado, e ainda me contou sobre sua nova vida aqui em Sheffield.

Formada, trabalha com cinema e era básicas sustentada pelos pais.

— Você devia me contar sobre seus amores, Lydia. Acho que falei muito sobre mim e minhas decepções.

Ela sorriu meiga, e fechou a garrafa de suco que trouxe. Já estava no fim o por do sol que programamos ver.

— Na verdade eu não tenho ninguém, Tamires. A última pessoa que me relacionei foi meu ex namorado, e já faz quase um ano.

— Ah entendo. Sabe eu tenho medo agora de tentar alguma coisa nova. Não saio de casa a muito tempo por isso te chamei pra sair.

— Você é alegre. Transmite coisas boas.

Eu não menti, e pude ver o enorme sorriso que ela deu. Parecia que precisava ouvir um elogio verdadeiro sobre si mesma.

Depois disso, Tamires sempre que ia a padaria voltava com algo especial para mim, batendo na porta que na maioria das vezes era atendida por Harley, e ela continuava me alertando o quanto esquisita a morena era, mas com um afeto estranho a garota me acolheu, dizendo que eu a acolhi. Foi uma amizade singela.

WET STAGE - 𝑨𝒍𝒆𝒙 𝑻𝒖𝒓𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora