05 | um favor

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Confesso que estava ansiosa pra ver um certo alguém se pronunciar

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Confesso que estava ansiosa pra ver um certo alguém se pronunciar. Talvez tivesse que dar explicações para seu namorado bonitão.

E não, não mandei foto nenhuma para ele. As vezes me esqueço que sou jornalista e alvo de cancelamentos caso faça algo de errado, mas querendo ou não é meu trabalho. Alex podia muito bem divulgar aquela imagem antes que eu, era exclusiva minha e não parecia nada confiável.

Harley estava sentada com as pernas cruzadas estilo borboleta, típico de uma bailarina eu diria. Concentradíssima em fazer uma trança diferente no cabelo. Todos os dias ela buscava ir com penteados divertidos, provavelmente por trabalhas com meninas jovens em um ambiente muito calmo.

Já visitei lá diversas vezes, quando tenho que buscar a mesma com o carro que nos duas rachados. Mas a verdade que quem mais pagou foi Harley, era dela. E nós duas dirigíamos.

— Hoje vou ensaiar todas para um concerto na próxima semana. Então vai ser corrido. Pode passar no mercado pra mim?

— Tipo compra da semana? Pensei que tivéssemos feito isso a duas semanas atrás.

— Compras do mês — Ela me olhou com um sorriso diabólico.

Sempre fazíamos isso juntas, e Harley odiava. Mas nunca foi um problema ir sozinha. Só era entediante.

— Tá bem, eu vou sozinha.

Mercado era algo caótico, e o que mais se percebia por mim era seu cheio, algo único. Cheiro de mercado.

Era terapêutico na verdade, inclinar o corpo contra o carrinho e enrolar com passos lentos. A lista era enorme e sabia que a satisfação de fazer compras logo se acabaria quando tivesse que passar meu cartão.

Estava concentrada demais olhando o preço do creme de leite que tomei um susto ao ver um carrinho descontrolado que estava sendo empurrado por um menino de aproximadamente 7 anos, e dentro uma menina um pouco mais nova.

Bateu com força naquela prateleira branca e alta, com isso alguns produtos balançaram e foi involuntário meu corpo ir até lá segurar o molho de tomate prestes a cair.

Franzi minhas sobrancelhas e olhei para baixo. A menina estava em completo choque, com o cabelo todo bagunçado e seu rosto começou a se contrair para um choro breve. Deduzi que eram irmãos, pelos cabelos loiros iguais e pela astúcia do menino que começou a rir vendo a cena.

Ela começou a fazer um escândalo então rápidas a peguei no colo, e a pequena estendeu os braços aceitando o conforto. O menino quase dava gargalhadas e se não fosse eu nessa situação também estaria rindo.

— Calma flor, onde está sua mãe? — minha voz saiu baixa, mas suficiente pra ela ouvir e começar a chorar com ainda mais força — Calma vai ficar tudo bem!

Comecei a ficar desesperada e quase gritei um aleluia quando apareceu um homem alto com passos rápidos. Pelo jeito que olhava parecia ser suas crianças.

— Titio Jamie! — o menino gritou indo até o mais velho.

Era moreno e tinha os olhos extremamente azuis.

— Me desculpe por isso, eles fugiram de mim e reconheci pelo choro... São meus sobrinhos — ele sorriu, e tinha um extraordinário sorriso.

— Sem problemas, ela só se assustou, são adoráveis — falei com um sorriso fraco, ainda tentando acalmar a mesma em meus braços.

Quando ela subiu o rosto e viu o homem de olhos azuis logo parou, se jogou em seus braços e me olhou envergonhada.

— Jamie. Jamie Cook, e a senhorita?

Confesso que me espantei com sua apresentação, as pessoas em Sheffield não eram muito educadas. E me senti ainda mais intimidada quando me dei conta de quanto era bonito esse homem. Seu bíceps marcava na blusa preta que usava.

— Lydia Paz... — seus olhos se fizeram de meigo e ele foi até o carrinho roubado, deixando a loira ali.

— É um prazer, Lydia. Espero te ver por aí.

Arqueei minhas sobrancelhas e Retribui seu sorriso largamente.

Minha única opção foi ver os três virarem o corredor e ter certeza que nunca mais veria aquele homem na minha vida. Suspirei, e relutante voltei a olhar os preços e conferir as listas.

No caixa, tudo que enxergava e prestava atenção era na tela do computador que mostrava a soma dos produtos. Quase meu salário todo com comida.

Mas estava tudo bem sabendo que quem prepararia deliciosas receitas era Harley.

Os caixas estavam cheios e por sorte consegui este que a maioria desistia por parecer ser muitos produtos, mas isso facilitava ir mais rápido.

Uma conversação de dois homens, além de gritinhos frenéticos de criança vieram ao meu lado. Olhei para lá e me deparei com os mesmo de mais cedo. Mas não estava apenas os três. Agora eram quatro. E meu pior pesadelo estava lá.

Dessa vez não usava uma jaqueta de couro. Mas uma blusa mal abotoada e um óculos escuro mesmo dentro do mercado. Queria tanto saber o que passa na cabeça dele pra colocar os óculos.

Ele me viu, me encarou e até mesmo deixou um sorriso escapar. Arregalei os olhos, da mesma maneira que fiz quando o vi de perto pela primeira vez. Então me virei, fitando as mãos habilidosas  do caixa.

— é a mulher do carrinho?

conhecia aquela voz. Na verdade, não fazia nem meia hora que conhecia essa voz. Abri um sorriso, fingindo que alex nao estava bem ali.

— Oi Jamie, oi pequenos — encarei os dois no carrinho, juntos com alguns legumes e verduras.

— Não vai falar comigo Lydia? — Sua voz saiu como veneno, convencido demais.

— Vocês se conhecem? — Jamie perguntou curioso, levantando uma das sobrancelhas.

— Não.

— Sim. 

O olhei em desaprovação, por mim eu não o conheceria.

— Ela é minha amante — mais uma coisa atrevida.

— Cala boca, Turner.

Sabia que não falava sério, mas para mim era no mínimo desconfortável.

— Ela é aquela escritora da página de fofoca.

— A que você xinga e elogia?

— Xinga e elogia?

— Senhora, credito ou débito? — Olhei para o lado, vendo o caixa com uma cara séria.

—  Crédito por favor.

— Todo ensaio ele fala de você.

— O que? isso é mentira. Se falo é mal.

— Fica pra mim, então.

— Obrigado, volte sempre.

Sorri uma última vez, para o caixa, pegando as minhas sacolas e saindo dali irritada. As compras do mês sempre pesavam, mas podia-se dizer que esse foi o recorde de tantas coisas que Harley colocou na lista.

Avistei a saída, quase perto, quando senti um peso sair de mim, e ao meu lado um sorriso acompanhado de olhos azuis.

WET STAGE - 𝑨𝒍𝒆𝒙 𝑻𝒖𝒓𝒏𝒆𝒓Where stories live. Discover now