Dilema

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Assistindo tv, Fernando chegou para conversar.

- E aí, garota? – Ele bateu no meu ombro. – Ei! Você está um pouco tensa hoje. O que aconteceu?

- Não muito. Eu só estou estressada, eu acho – eu disse. Ele começou a me fazer massagem, e foi realmente relaxante.

- Tem certeza de que não quer conversar?

- Sim, eu tenho.

- Foi alguma coisa que o Net falou?

- Não é nada – respondi.

- Ok – ele disse, sentando no outro sofá e assistindo tv junto comigo. Tempo depois, o telefone tocou. Mônica atendeu (ela sempre corria, pois pensava que era o Richie) e nos disse que era Anthony. Pouco tempo depois, ela desligou, dizendo que ele estava convidando todo mundo para ir até o bar amanhã, pois estava com saudades de todos.

Nessa noite, eu tive um pesadelo. Sonhei que estava sozinha na cidade. Todos tinham saído de lá e eu não sabia para onde. Todo sonho se baseou nisso, mas eu entendi o sentido. Se eu voltasse para o Brasil, estaria realmente sozinha.

Acordei meio mal-humorada. Fui tomar café (que o Fernando tinha feito) e mesmo depois de arrumar a minha cama, fiquei no meu quarto. Fiquei na varanda pensando em como tudo iria mudar. Fiquei pensando no Joe.

Joe tinha a profissão dele, e era tudo o que ele mais gostava de fazer na vida. Não teria como ele largar tudo e ir para o Brasil comigo, assim como eu não podia ficar. Se eu pedisse demissão, seria muito difícil arranjar outro emprego, sem contar que o meu visto de permanência se acabaria no fim do ano. E eu não poderia mais ficar. A solução seria me casar com Joe. Mas além de não ter coragem para pedi-lo em casamento, eu não achava que essa seria a melhor coisa a se fazer.

Mas eu o amava, como nunca havia amado alguém nessa vida. Queria passar o resto da minha vida com ele, mas... E então, comecei a chorar.

- Lilian, nós estamos indo no Anthony. Você vem conosco ou vai mais tarde?

- Eu vou mais tarde – eu respondi para Fernando, sem me virar, pois não queria que ele me visse chorando.

- Está bem, então. Vamos com o meu carro e deixarei você com o nosso, então.

- Obrigada!

E saiu. Deve ter ido se arrumar.

Meu Deus, como eu sentirei falta dessas reuniões no Anthony.

Eles foram, e eu fiquei. De noite, Joe me ligou.

- Ei! Você não vai passar no Anthony hoje?

- Oie!

- Estou com saudades... Quer que eu vá te buscar?

Eu sorri, pois sabia exatamente do que ele estava falando. Mas hoje eu queria ficar sozinha.

- Obrigada, mas não precisa.

- Você sabe do que eu estou falando... – ele disse bem baixinho.

- Eu sei, mas hoje não.

- Está bem, então. Me ligue mais tarde, ok?

- Ok, eu ligo. Te amo.

- Eu também te amo, Ballerina. Um beijo.

- Outro.

E então, desligou o telefone. Eu não sabia o que fazer. Realmente... Quem me chamaria de Ballerina? E mesmo se mantivéssemos o relacionamento, não seria a mesma coisa se nos encontrássemos de meses em meses... O que faria?

Real.Doc - O que veio antes - Parte 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora