Joe

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Do lado de fora, Cesar começou a falar:

- Então, como foi? Você foi forçada a fazer isso?

- Cesar, eu não fiz nada! Você poderia para, por favor?

- Foi um de nós?

- Eu não tenho que ouvir isso.

Nesse momento, Rony saiu do bar calmamente.

- Apenas admita, e então deixaremos você em paz.

- Deixá-la em paz!? - disse Cesar.

- Não vou admitir nada que não tenha feito!

- Lilian, você está escolhendo o caminho mais longo aqui. Apenas admita o que fez na frente de Cesar e então, nós a deixaremos ir.

- MAS EU NÃO FIZ NADA! - eu disse, em voz alta.

- Meu Deus! Uma morte e você já tem a mente de um psicopata - disse Rony, em um tom de desgosto.

- Agora você é tão desprezível quanto qualquer um de nós - falou Cesar, visivelmente enojado com aquela situação.

- Pare de dizer isso! Por que você insiste em algo que eu não fiz?! - Eu dei a minha última tentativa.

- Talvez seja porque você fez e por algum motivo, não está nos contando sobre isso! O que foi que você fez, Lilian? – perguntou Cesar, já muito nervoso.

Como sempre, tentei fugir do assunto e sair andando. Dessa vez, Cesar segurou o meu braço fortemente e me puxou com tudo.

- Ei! Calma aí, Cesar... - disse Rony, vendo como o clima já estava ficando tenso. - Lilian, por favor?

- O que aconteceu com você? Duas semanas com Les e você já está como ele? - disse Cesar.

- Você não tem ideia de como é viver com Les...

- OK! - falou Rony. - Pronto! Você venceu! Não era nada. Puxa, pessoal, relaxem um pouco! Vamos esquecer tudo...

- Ah, eu sei que não vou esquecer - disse Cesar.

- Do que você está falando? Você matou milhares... eu matei centenas, milhares... Esse é o primeiro imortal dela, vamos respeitar isso.

- Me escute... Você não está virando um monstro, está me ouvindo, mocinha? VOCÊ NÃO VAI SE TRANSFORMAR NUM MONSTRO! - falou Cesar, já se exaltando. Isso trouxe um silêncio horrível para a conversa.

- Vamos voltar para dentro... - disse Rony. E assim fomos.

~ ~ ~

E ficamos por lá, conversando, dançando. Cesar parecia estar um pouco mais irritado, mas tentou se controlar. Eu continuava quieta. A verdade é que não queria admitir nem para mim mesma o que havia feito.

Em uma determinada hora, só estávamos nós no bar. O bar fechava mais cedo e todos os outros clientes já haviam ido embora. Estávamos reunidos no meio do bar, conversando, quando chegou um estranho.

- Vocês já estão fechando?

- Estamos quase, mas entre e junte-se a nós! - falou Anthony, animadamente. - Deixe-me pegar uma cerveja para você... por conta da casa.

O cara tinha os olhos verde-água. Os cabelos castanhos e lisos, dando a impressão de serem pretos, sua pele era morena e bem lisa. Era da mesma altura que o Cesar. Ainda não deu para fazer uma avaliação do corpo, mas magro com certeza não era. Era simplesmente... lindo.

Aquele ali saiu da mesma forma que o Elvis.

Achei que o clima fosse ficar meio chato com esse estranho ali, mas que nada! O cara se revelou um verdadeiro comediante. Seu nome era Joe e ele conseguiu arrancar boas risadas de nós. Até aliviou um pouco a tensão que havia entre o Cesar e eu.

Quando vimos, já eram 3:30h da manhã! E quando resolvemos ir, Marianne veio me avisar:

- Lilian, nós vamos com o Jason, tudo bem?

Isso sem dúvida nenhuma foi uma surpresa. Mas o que eu poderia falar... Ela parecia interessada no Jason, e ele... bem... eu acho que eu não o conhecia mais. Estou me referindo ao fato dele estar namorando aquela loira e ficar dando em cima da Marianne. Mas como se trata de meu ex-namorado, sou suspeita para falar qualquer coisa.

- Tudo bem, Marianne. Vocês que sabem... - E ela começou a se explicar:

- Não... sabe o que que é... É que ele se propôs faz um tempinho... Eu achei chato recusar, não é?

- Não precisa explicar, eu sei como é...

- Então, você não fica chateada?

- Imagina! Pode ir.

Joe se aproximava, prestando bastante atenção no que conversávamos. Marianne começou a rir. Eu também dei uma risadinha.

- Por favor, não parem por minha causa... continue...

- Já terminamos - falei para ele.

- Vocês são estrangeiras?

- Sim... Nós somos do Brasil.

- É mesmo? Que idioma estavam falando?

- Português.

- Engraçado, sempre pensei que vocês falassem brasileiro ou algo assim. Então... vocês falam português e... quando foi que vocês vieram pra cá?

- Este ano... - Aí me toquei que ele não falava só comigo... - Bom, eu e a Mônica chegamos aqui em janeiro, mas a Marianne, a Jud e o Carlos acabaram de chegar... o que... algumas semanas atrás? - Tentei confirmar com Marianne, mas ela não falava nada, só balançava a cabeça e sorria, vermelha.

- Eu adoro o seu sotaque! Ela fala inglês também?

- Fala!

- Uh-uh... - finalmente, Marianne se manifestou. - É que eu sou... - E ficou procurando a palavra... Olhou para mim, buscando por auxílio, e quando eu ia tentar, Joe se adiantou:

- Tímida - ele falou. - Você é tímida... é isso?

- Sim, é isso. E também não falo inglês muito bem... - O que era uma mentira, porque ela falava inglês perfeitamente. Só estava sem graça mesmo.

Assim, Fernando se aproximou.

- Então, vamos, meninas?

- Vamos. - Lá fora, enquanto Anthony ia fechando tudo, fui me despedindo do pessoal.

- Tchau, Marianne... - E dei um beijo no rosto dela.

- Tchau, Lilian, e muito obrigada pela carona... E desculpa mais uma vez, mas o Jason ofereceu e...

- Para com isso, garota! A gente se vê na segunda. Eu passo no andar de vocês antes do almoço pra gente almoçar junto.

- Legal, então. Até segunda.

- Até.

Aí veio Carlos e Jud. Também me despedi dos dois com beijinhos no rosto. Mônica fez o mesmo, apesar de Richie não gostar muito da ideia. E milagrosamente, hoje, Mônica ia no mesmo carro que eu e Fernando para casa. Acho que tanto ela quanto Richie estavam extremamente cansados.

Real.Doc - O que veio antes - Parte 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora