Conversa com o Joe

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Coincidentemente, no dia em que a autora repassou este trecho, passou uma chamada na TV com a música Someone You Loved, do Lewis Capaldi.

Na sexta à noite, eu fui no Anthony's. Queria conversar com alguém, mas não sabia exatamente com quem. Cesar estava lá quando cheguei.

Conversa vai, conversa vem, e ele – do nada - ficou sério e me disse:

- A Mônica me contou umas coisas e... Não acho justo o que você está fazendo com Joe.

- Ah, vai se catar, Cesar. – Essa foi a minha resposta imediata. Ele arregalou os olhos, espantado. – Desculpa.

- O que está acontecendo?

- Nada. Eu preciso ir agora. – E saí do bar. Eu realmente não estava nada bem psicologicamente.

No domingo, eu fiquei em casa, sem fazer nada mais uma vez, enquanto todos iam ao bar do Anthony's. De noite, Joe apareceu por lá.

Eu estava sentada numa cadeira de frente para a janela da sala, observando o anoitecer. Ele bateu duas vezes na porta e entrou.

- Oi – ele disse.

- Oi.

Ele veio, me deu um beijinho e sentou num banquinho do meu lado esquerdo, segurando na minha mão direita.

- E aí? – ele perguntou.

- E aí... – respondi, sem muita animação.

- Por que você não fala mais comigo?

- Eu andei ocupada. – Foi a única coisa que me veio à mente.

- Ocupada o suficiente pra me esquecer? - Eu fiquei quieta. Após uma breve pausa, ele continuou: – Olha... Eu não vou fingir que não vejo nos seus olhos que alguma coisa está diferente – ele disse, sério. – Mas se vamos terminar, eu gostaria de saber o porquê.

Eu não consegui segurar uma lágrima escorrendo no meu rosto. Já chega! Eu não aguentava mais sofrer! Se eu ia embora em menos de um mês, eu tinha que aproveitar tudo aqui!

Levantei a mão do Joe, que segurava a minha, e a beijei.

- Eu te amo taaaaanto – falei para ele, deitando o meu rosto na sua mão. Ele, então, me deu um beijo na boca carinhosamente. Depois do beijo, comecei a provocá-lo, e ele retribuía com mais provocações. Quando percebi, estávamos nos amando em meu quarto. Durante o nosso amor, trocamos palavras de afeto, carinhos, foi realmente muito bom. Uma das nossas melhores noites juntos, se não foi a melhor.

Depois, abraçados em minha cama, ainda conversávamos.

- Eu não quero perder você, Ballerina – ele disse.

Eu pensei um pouquinho e decidi que essa era a hora de contar para ele.

- Eu vou voltar pro Brasil.

- O quê? – Isso o pegou de surpresa.

- Meus chefes vão me mandar de volta. Aparentemente, meu trabalho está feito aqui.

- Quando?

- Meu chefe no Brasil espera me ver ao final deste mês.

- O quê? Ballerina, me diga que você está brincando.

- Por isso tenho andado distante esses dias. Eu não sabia como te contar.

Ele ficou em silêncio por um tempo, e depois, perguntou:

- O que você vai fazer?

- Vou voltar.

- Mas e nós?

Eu não respondi. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Então, dei-lhe um beijinho, dizendo:

- Vamos aproveitar o agora.

E assim fizemos, a noite toda. Apenas paramos quando estávamos realmente exaustos, e então, dormimos. Acordamos no outro dia e percebemos que os dois não tinham voltado do bar. A casa era toda nossa. Fomos tomar banho juntos, tomamos café juntos e namoramos por um bom tempo.

Real.Doc - O que veio antes - Parte 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora